Tantas vezes já confessei minha compulsão por atrasos que decidi instituir que hoje, primeiro de maio, é o dia oficial da mentira. Um fato assim merece feriado nacional e hoje, vejam só, é feriado em diversos - se não em todos - países. Digamos que o mundo celebra a data e isso é muito justo, pois mentira é de todo mundo. Um brinde!
Por que isso?
Acontece que esta semana tive a certeza que sou uma Fraude. Sim, leitor, sou uma Fraude com um F bem maiúsculo: de falsária, de fingida, de fodida. Tenho um "efezão" de Fraude cravado no crânio mas o cabelo esconde. Juro pra você.
Muito bem, você deve pensar que este é um abuso da licença poética ou do exagero. Provo que não: eu conto o que o outro quer ler ou ouvir, brinco de mentirinhas nos lay outs, uso a artimanha das palavras para meu ganha-pão e, mesmo assim, ainda não decorei a regra da crase, nem sei quando se usa por que, porque, porquê e por quê. Quer mais? Eu seduzo: oras, quem não o faz? Mas eu faço muito bem, poxa se faço. Também sou uma baita duma interesseira: só me cerco das pessoas que têm o que oferecer - mas também dou amizade, paixão, sorriso e até amor em troca. Mentiras sinceras me interessam pra caralho.
Das mentiras: não há coragem de escrevê-las no meu diário das emoções, um livretinho que carrego onde pincelo fatos auto-biográficos que serão usados, um dia quem sabe, em alguma obra literária a ser realizada. Tive coragem de escrever "Das humilhações" e "Das vinganças açúcaradas", atos e situações que encheriam qualquer um de vergonha ou do mais profundo orgulho. Mas as mentiras continuam aqui dentro, comigo. A verdade está lá fora - e que lá fique.
Estou muito confusa em determinar quem sou. Porque não sei se sou uma redatora boa, uma planejadora das idéias alheias e minhas, uma escrivinhadora, uma pré-escritora encasulada ou uma charlatã. Por ser tudo e ser nada, por enquanto, decidi que a mentira me cai bem.
A mentira não tem rosto, mas garanto que uma de suas faces tem um louro mel tingido displicente, sobrancelhas cuidadas com quase minúcia, ceguice ajeitada com lente de contatos, nariz charmosamente torto e dentes de porcelana. Agora, dizer que ela tem perna curta é mentira.
----------------------------
O blog de criação literária da AIC estreou hoje. Seu nome: MENTIRAS DE VERDADE. Acabo de ler e transbordei de orgulho. É que o Fellipe (Fernandes) fez um texto de abertura que me convenceu que ser uma mentira é ser a maior verdade que há. E nós, literatos, encorporamos a mentira com maestria. Se a curiosidade transbordou em seus poros, a dica é dar uma passadinha por lá (o link está lá em cima).
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Vou à e volta da, crase há! Vou a e volto de, crase pra quê?
Taí a dica, sua mentirosa! rsrsrs
Bjos!
Postar um comentário