Fui rendida pela coqueluche fashion da temporada e me entreguei à calça saruel. De malha fininha, amassadinha, stretch, certinha no corpo, marrom. Uma gostosura de conforto, parece que a gente tá pelada. Peguei amor.
Minha Saruel e eu vivíamos felizes até que a desgraça aconteceu: a calça foi passada com ferro quente. Passada! Me amassa que eu tô passada!
(pausa para contar até dez. dez mil)
O que era a nova queridinha do guarda-roupa virou uma coisa mulambenta tamanho XGGGGG comparável aos moletons cagados dos velhinhos dos asilos esquecidos pelo Poder Público.
Quando a encontrei desfalecida, saí correndo até a área de serviço para molhá-la e, com pregadores de roupa, fiz "bigudinhos" em cada pedacinho do tecido na esperança de recuperar o amassadinho. Na manhã seguinte, tive que viajar e deixei a recomendação: só tirem do varal quando ela voltar ao normal.
De volta a Sampa. No mesmo cabide, a mesma calça desmilinguida. Flávio, com três dias de saudade, recebeu em troca esta romântica frase: "Eu mato a Edna na segunda-feira!". A madrugada virou um campo de lamentações: eu inconformada, o gato num contínuo "coitada, ela não sabia..."
Aqui, uma rara imagem que restou do meu sonho fashion destruído: a Saruel em um momento feliz, entre pessoas que ela amou intensamente e com brevidade.
Amada Saruel.
Saudade daquela que tardiamente te amou.
Lembrança eterna.
Edna continua viva. E meu coração, arregaçado.
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