Querido Mestre Marcelino,
há quanto tempo. Desde 22 de abril não tenho a felicidade de sentar contigo, junto com umas vinte pessoas mais, para comer literatura in natura.
Eu faltei por que fui tomar cerveja. É. Cabulei pra ver as amigas. Mas... sabe arrependimento? Eu tenho. Vê se pode: uma delas partiu mais cedo, a galope, pra encontrar um cara que estalou os dedos. Naquela mesa, comendo filé com "se liga minha filha", eu fumei minha última ponta de esperança na independência sentimental feminina.
Parece castigo. Ou praga. De lá pra cá toda quarta-feira foi de drama. Meu vô morreu. Meu computador corrompeu. Minha chefe pirou. Meu corpo variou. Para cheirar confiança no meu taco, mergulhei num pó sem fim.
Quando fugi, tivemos Glauco Mattoso entre nós (parecia o fim da minha cegueira). Nós conversamos pouco, o suficiente para eu timidamente me gabar de suas palavras: "você não pode sumir assim não! justo agora que seu texto tá tão..." - não lembro a palavra que você usou, mas foi elogio que valeu cada cólica literária.
Depois disso, as quartas-feiras firmaram-se ácidas. Pingaram no ouvido como não-inspiração. Mas eu poderia insistir, não poderia? Lutar, não me conformar, mandar tudo a merda, caralho.
Nesta última quarta, me rendi. Ao sistema. Ao trabalho. Ao comum. Porra, Marcelino!: eu desisti da oficina.
Quer maior ironia? Eu reclamo que me falta conflito.
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3 comentários:
madame is sad...
puta que pariu, fazia tempo, muito tempo, que não te lia!
e o mestre tem razão: seu texto tá tão.......Sei lá, eu diria que tá um tesão!
fico triste com a desordem da sua vida, mas confesso que hé um lado sádico na minha pessoa.
Gosto muito da tua bagunça!
beijos
Pausa para qualquer coisa. Mas volte, por favor, por um mundo mais louco, mais belo.
beijo
f
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