- Imagina um marido que, além de broxa, rouba o seu dinheiro. Érre-ó-ú-bê-á. Rouba! Abre minha bolsa, mexe em cada buraquinho, me deixa sem um puto furado pra recarregar o Bilhete. Ainda bem que a Martinha, sabe a Martinha, nossa vizinha nova? Então, ainda bem que a Martinha tava comigo pra me emprestar, se não eu não chegava na zona sul nunca. E olha que não é de agora: ele pega faz tempo e gasta tudo com aquele bando de besta do bar do Anísio. Agora fico eu tendo que enfiar dinheiro dentro do pacote de modess pra ele não achar. Por que nessas coisas de mulher, ele não tasca a mão. Tem nojo. Tem nojo de mim, já te contei? Contei sim, que o Ceará não me procura faz mais de mês. Que homem que consegue ficar tanto tempo sem arrepiar, conhece algum? Ele não presta mais nem pra isso, Creunice! Desde que teve o corte na firma não quis mais saber, só fica bebendo o dinheiro da Caixa Econômica. E eu me danando numa faxina de domingo a domingo por que, chega fim de semana, a casa tá que parece chiqueiro. O chão todo pisado, os rejuntes cheinhos de bolor... Contei que o broxa golfou no sofá todinho? O sofá que nem terminei de pagar, Creunice! Também, só chega virado na cachaça. Com os meninos, é um pega pra capar que sai da frente. Aí vêm os quatro no chororô maldizendo o Ceará. Nem o meu menor, o Julianderson, gosta mais do pai. E olha que esse é filho dele de verdade. Mas o que eu posso fazer, me diz? Vou botar ele pra fora de casa pra levar bolacha na cara de novo? Eu não. Vou é falar com Mãe Zizó pra dar jeito. Ou volta a ser meu Ceará ou vira capado de vez, você não acha?
Atenta, Creunice abanava as moscas do rabo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Este texto tá tão Marcelino...
Demais de bom de ler.
Adorei. Parabéns !
Postar um comentário