quinta-feira, novembro 12

a motivação

Finalmente, achei você.
E confesso: nunca imaginei estar tão feliz por uma dívida de 29 anos.

terça-feira, novembro 10

o embrutamento

Além do desafio de compreender o complexo sistema financeiro que agride diariamente minha frágil formação em humanas, sinto que não é muito o que estou aprendendo na nova função. O ciceronear de lá para cá faz de mim marionete: eu sorrio, às vezes sei responder. Essa coisa de ser interface, de ser o elo, a ponte, essa coisa de agradar para atender e ser atendida. Essa coisa bonitinha que eu sei fazer. Quando me acham fofa, logo emendo um "fofa e burra". E fica engraçado. Pela fofurice e pela burrice.
Agora salto alto virou uniforme, decotes discretos sufocam as tetas loucas pelo verão. E colares. Dei pra usar colares agora. À maquiagem um brinde: cada vez mais corretivo para disfarçar a veia roxa impressa na cansada bolsa abaixo do olho esquerdo. Rímel, rímel, rímel de segunda a domingo. Tenho medo que meus cílios caiam.
Não fui mais ao cinema. Menos ainda ao teatro. Mal consigo ler algumas páginas do Lobo Antunes. A Veja virou leitura de banheiro, nas horas em que é preciso parar (combina a Veja estar lá). Dirijo-me às ruas com moleza. Dirijo com moleza. A noite, mais pedrinhas estalando o para-brisa. Quanto sono na exposição do Matisse. Não há cochilo. Durmo pouco, o ambiente desfavorável desde Buenos Aires (que estranho digitar Buenos Aires e a mente formar a imagem da Pça. Buenos Aires, em Higienópolis).
Mais tempo conectada. Mais tempo de estrada. Mais tempo com orelha vermelha, grudada. Hoje ganhei um celular corporativo. Vou continuar fazendo careta. Não há de que. Foi assim que eu quis. Criação. Planejamento. Atendimento. A motivação é outra. Um dia, a gente vai rir.