terça-feira, junho 30

anarquia é felicidade

[enviado por f., um incansável soldado contra o Sistema]

"...o segredo de uma vida prazerosa é viver perigosamente. Uma vida prazerosa é uma vida ativa - e não o monótono estado estático que se costuma chamar de felicidade. Cheia de fogo ardente do entusiasmo, anárquica, revolucionária, vigorosa, demoníaca, dionisíaca, transbordando com o enorme anseio de criar - assim é a vida do homem que arrisca segurança e felicidade por crescimento e felicidade."

Friederich Nieztche

quarta-feira, junho 24

domingo, junho 21

procura-se

Tô te buscando. Espera. Espera que depois que enfiei na cabeça que você vai ser minha, meus olhos se abriram para tantas placas: vende-se o sonho da casa própria. Eu vou te achar. E quando tiver coragem, paro de tossir.

sexta-feira, junho 19

delicadezas

Uma e meia da manhã. O abajur ligado pra ela não trombar pela casa. Fofo. Vai para o banho, a toalha já está no box. Mimo. Ao lado do travesseiro, uma mantinha para cobrir a garganta inflamada. Zêlo. De manhã, quando ela se achou apaixonada demais, viu a Revista da Folha falando da Flip, com texto do autor predileto, deixada estrategicamente sobre a mesa. Aí ela gamou de vez.

sem fotos

Cansei dessa foto mascarada que estampo nas redes sociais. Procurei outra. Não tem. Não tenho foto sozinha. Recente. Uma foto bacaninha assim, dessas que se divulgam. O Gabz tirou uma que eu adoro, tá lá no orkut dele. Orkut também não tenho, obrigada. Mas e a foto? Vai ficando a mascarada mesmo. Um dia alguém me pega de surpresa e tira uma dessas fotos bem naturais, que a gente (finge que) não viu que estavam tirando. Fica aqui o pedido.

quinta-feira, junho 18

O monóxido como testemunha

Nunca foi de fumar no quarto, achava o território impróprio para o alcatrão. Mas daquela vez, a última, permitiu que o clarão do Zippo encontrasse a ponta do bastonete branco. Essa sim parecia ser a união perfeita, onde um cria o fogo e outro é consumido até seu fim. O filete de fumaça preenchia os vazios, o cinzeiro enchia-se de restos como cama de puteiro.

Seus amigos de hoje são as bituca que jaziam babadas, esmagadas, aguardando o funeral no lixo do banheiro. Ele também era uma bituca. Uma bituca que foi acesa de novo pelo desejo de dar um basta. Enquanto faltava ação, se agarrava ao bastão: mais um, mais dois, agora o terceiro maço desta vida maçante.

Era noite funda, silêncio opaco. O apito do vigilante vinha como um pássaro desgraçado para contar os minutos de espera. E os minutos viraram horas. E as horas tiraram o negrume da janela, que ganhava tons azuis, rosas, até o céu virar brasa. O corpo já não acompanhava a mente inquieta e clamava por descanso. Seu último ato foi deixar o bilhete: “quando chegar, me acorde”.

Com o orgulho chamuscado, ela tinha partido com olhos irritados, depois de gritar seus arrependimentos e culpas e submissões. Mulheres. Agora, respirando a manhã poluída, ela saltava uns passos apressados como compulsão: parecia ser sua última chance. Mas não era: ela se salvou da sina de fumante passiva e nunca chegou, enquanto ele, enfartado, nem acordou.

quarta-feira, junho 10

bunda em revista

Nossa heroína, atenta aos avisos que lhe deram, tinha um plano: não sairia mais do carro quando o guardinha pedisse para revistar o veículo. Esperta, ela deixaria o notebook no banco, com fácil acesso, e nunca mais precisaria passar pela desagradável situação de sentir sua pequenina bunda sendo avistada pela tropa de segurança.
Saindo da reunião, a heroína caminhou até seu carro, estacionado no pátio da grande fábrica, e apenas quando avistou a cancela, lembrou-se "xiiiii, o notebook ficou no banco de trás!". Mas não haveria problema: ela se contorceria inteira dentro do carro mas não deixaria aquele banco de motorista por nada.
Foi então que aconteceu o inesperado. Quando o guardinha pediu para ver o notebook, ela virou-se toda para trás em busca da bolsinha e, de repente, ouve:
- Bota.
Mais assustada do que ágil, ela indaga ao guardinha:
- Bota?
E o guardinha, sorriso frouxo e simpatia além da cota, responde:
- Bota. É só dar um friozinho que a mulherada já coloca bota.
- Ah, tem que aproveitar pra usar né? - responde estupidamente a heroína, que depois de mostrar o número de série do notebook e ser liberada sem acusação de roubo de informações confidenciais, concluiu que "se o cara viu a minha bota debaixo do volante, imagina o raio-x que ele fez da minha nuca até o calcanhar".
Mais uma vez, humilhada, a heroína pegou o trânsito da Anchieta.

Cirandinha

Rita se chamava Rita mas queria se chamar Anita. Malfatti.
Amanda se chamava Amanda mas queria se chamar Fernanda. Montenegro.
Elisa se chamava Elisa mas queria se chamar Luisa. Mell.
Carolina se chamava Carolina mas queria se chamar Carolina. Mesmo.

Rita continuou Rita.
Amanda continuou Amanda.
Elisa continuou chata.
E a prima Carolina trocou de nome na Justiça. Agora é Carlos Paiva Neto.