segunda-feira, março 30

radiohead

Foi 22 de março, O domingo de 2009. Pensei que, com alguns dias, conseguiria absorver o que foi aquilo lá. Ainda não consigo. Recorri ao Popload, do Lúcio Ribeiro, e de lá trago estas notinhas.

Primeiro, do set list paulistano alterado na unha:
e uma observação: Weird Fishes/Arpeggi, juntas, por favor.

Depois, a foto do cara. O cara.
Fecho este post tão embasbacada quanto estava desde às 22h d'O domingo anterior. Parece que vou ficar assim por toda a vida. Aceitem.

quinta-feira, março 19

a proibidona

Obrigada, meu São José, pela graça alcançada.
Obrigada, meu São José, por entender meus surtos psicóticos devido a privação total e absoluta de chocolate nestes 366 dias passados.
Obrigada, meu São José, por ter pegado mais leve neste ano.
Eu só não entendi que raios de recado o Senhor quis me dar quando o papelzinho que eu sorteei saiu pulando sozinho da minha mão. Seria por que a maçã é a fruta que simboliza o pecado?
Eu tô vivendo em pecado, São José? É isso?

Hemisférios

Num segundo antes tentou avisar. Agitar os braços. Gritar. Sem tempo nem domínio, jogou-se. Todo o corpo, em desordem, esparramado pelo cinza. O mesmo cinza gelado que toda vez cisma em meter pedregulhos na sua pele. Melhor assim. Ruim são os dias em que o cinza ferve e a pele esfola e derrete. Não tem reza que cure.

Agora esmurra a cabeça. Treme. Contrai tudo. As mãos viradas para dentro tentam agarrar os pulsos. Quase não se nota as pernas dando saltinhos curtos. Vem crescendo um cuspe branco, denso. Parece a espuma do córrego ali debaixo. Enquanto a língua se enrosca, ele mastiga a própria carne com um resto de dentes podres. É uma boca que ainda teima em sorrir.

Luzes sobre a cena e uma certa piedade blasé. Um ou dois fizeram o esforço de ter alguma paciência. Não mexam. Não façam nada. É assim mesmo. Já vai passar. Mas não passava. Demorou demais, já foram quatro ou cinco sinais. Vermelhos de pressa, tinha gente dizendo que foi de caso pensando, achando que aquilo era só o que faltava pra foder de vez com o resto do dia. Sai daí, porra! Tem buzina vaiando o espetáculo.

O corpo, que tinha sido virado de lado por algum pé piedoso, esbravejou gemendo lamúrias que ninguém pôde ou quis saber. Foi assim que chamou mais atenção para si. Vai ver era isso mesmo: queria mostrar a calça cor de negrume se tingindo de borrões. Mijo escorrendo para o meio-fio. E junto, o fedor. O fedor de quem está cagando pra aquela gente apressada.

[tema: cena secreta. adivinha o que é.]

segunda-feira, março 16

twittando, eu?

Tô sim.
Fiz minha inscrição no site coqueluche da estação faz tempo, mas só agorinha incluí minha primeira frase com menos de cento e tantos caracteres. Coloquei até meu último microconto, prejudicado pela formatação mas tá lá. Reparei que tem gente viciadinha num "What are you doing?" e que escreve quase com compulsão. Aí achei abuso demais. Mas se é livre, vai fazendo aí que eu já vou. Não é assim que funciona na vida?

mais quinze dias

Foi assim: eu disse "E aí, hoje completamos a primeira quinzena: vamos renovar o projeto?" e ele disse que "sim, eu tô gostando, e você?". Eu disse que sim, também. Falei que esses primeiros dias foram difíceis, por que eu ainda não me sinto em casa, mas que aos poucos estou me adaptando. Concordamos que é uma mudança danada, de local e de rotina. Imagina em qual outra situação eu acordaria cinco e meia da manhã para acompanhar um jogo de basquete do pré-mirim do Palmeiras lá em Santos. Ele riu. Beijou minha boca. Continuamos subindo a serra.

quinta-feira, março 12

quarta-feira, março 11

sexta-feira, março 6

Colheita

Enquanto levava sabugadas,
a moça do cabelo de milho
foi ceifada.

Perdeu a cabeça na sexta de carnaval.

quem foi que botou praga?

E não é que arranjaram um evento pra eu dirigir bem na noite da segunda-feira que vem! Tô perdida: como vou fazer pra assistir ao primeiro episódio DUPLO de estreia da 5a temporada de Lost?

Alguém aí pode gravar pra mim?

quinta-feira, março 5

quando eu crescer, quero ser Marcelino

Amor cristão
Amor é a mordida de um cachorro pitbull que levou a coxa da Laurinha e a bochecha do Felipe. Amor que não larga. Na raça. Amor que pesa uma tonelada. Amor que deixa. Como todo grande amor. A sua marca.

Amor é o tiro que deram no peito do filho da dona Madalena. E o peito do menino ficou parecendo uma flor. Até a polícia chegar e levar tudo embora. Demorou. Amor que mata. Amor que não tem pena.

Amor é você esconder a arma em um buquê de rosas. E oferecer ao primeiro que aparecer. De carro importado. De vidro fumê. Nada de beijo. Amor é dar um tiro no ente querido se ele tentar correr.

Amor é o bife acebolado que a minha mulher fez para aquele pentelho comer. Filhinho de papai. Lá no cativeiro. Por mim ele morria seco. Mas sabe como é. Coração de mãe não gosta de ver ninguém sofrer.

Amor é o que passa na televisão. Bomba no Iraque. Discussão de reconstrução. Pois é. Só o amor constrói. Edifícios. Condomínios fechados. E bancos. O amor invade. O amor é também o nosso plano de ocupação.

Amor que liberta. Meu irmão. Amor que sobe. Desce o morro. Amor que toma a praça. Amor que de repente nos assalta. Sem explicação. Amor salvador. Cristo mesmo quem nos ensinou. Se não houver sangue. Meu filho. Não é amor.


[Mercelino Freire, trecho de seu último livro: RASIF - Mar que arrebenta]

E ontem iniciei a oficina Viagem Literária, com meu muso.
Quer saber mais? Vá lá: http://www.obarco.com.br/index.asp
E mais não digO.

quarta-feira, março 4

quase maria

Menos de 24 horas depois, Maria Flor chegou.

segunda-feira, março 2

quando tem que ser

Saí de casa aos 23 anos. Junho de 2002. A Marina Konig, ex-chefe e boa amiga, estava de malas prontas para os EUA e queria alguém pra cuidar e custear o apê. Fui eu com o Akira, bom amigo que havia se separado e estava afins de juntar uma grana.

O Akira aparecia com uma mulher diferente por final de semana. Eu acordava no sábado e tinha uma doida usando meu desodorante. No domingo, era uma maluca quebrando as folhas das plantas da varanda. Acabei que me acostumei. Mas aí ele trouxe a namorada folgada e carioca e quis enfiá-la no apê. Eu me recusei: "aqui essa menina não mora". Aí o Akira saiu de casa para casar.

Morei um tempo sozinha até que a Marina voltou. Voltou grávida do namorado que ficou lá. Ficou até os cinco meses por aqui e aí saiu de casa para casar.

De novo, eu sozinha. Festa, festa, festa todo dia. Ganhava menos de R$ 1,5 mil e não conseguia bancar as festas e o apê. Entreguei o apê.

Fui morar com meus pais no Tatuapé. Eram malas e caixas vagando, em cima do guarda-roupa, debaixo da cama. Horas para ir, horas para voltar. Absorva estes sábios ensinamentos: 1) saiu de casa, não volte mais e 2) faça de tudo para morar perto do seu trabalho.

Saí. Destino: Vila Madalena. Tati de companheira, the best. Mais de 80m2 no burburinho. Japa na varanda, macarrão, brigadeiro. Faxinas no sábado. Festinhas na sexta. Um dia Tati apertou o Wal pra morarem juntos. Ele amarelou. Ela terminou. Eu fui pra Europa. Quando voltei, Tati me deu a notícia. Um mês depois, saiu de casa para casar.

Sozinha, até suportar a bagunça que era aquela esquina purpurinada da Vila. Então mudei para o sossego do Brooklin, periquitinhos na janela. Dessa vez, determinada: nada de dividir apê, nada de alguém sair de casa para casar.

Ontem, eu que saí de casa.