sexta-feira, fevereiro 29

mente sã, corpo se

Mais uma escolha: entre dançar e escrever, o que você prefere?

Tive de fazer a escolha mais sensata para o hoje: deixei a Escola do Movimento para me dedicar a Academia Internacional de Cinema. Largo o prazer dos movimentos para aprimorar minha ficção, não-ficção e poesia. Um ano de aprender.

Tenho pra mim que continuarei meus ensaios no espelho de corpo inteiro. Gosto dos batimentos acelerados transferidos da música ao coração. Gosto dos lentos toques, nos ouvidos e no meu corpo. Sem vergonhas. Depois eu volto ao estudo do movimento. Depois.

Como consigo estar triste e feliz ao mesmo tempo?

terça-feira, fevereiro 26

faHQtóides

segunda-feira, fevereiro 25

rituais e crenças

Adoro um ritualzinho.
Dias 31 de dezembro entro no mar com um pedaço de papel que carrega todos os planos e desejos do ano que está acabando. Dissolvo o papel na água e rezo em agradecimento.
Dias primeiros de janeiro me recolho num canto quieto das casas normalmente tumultuadas onde estou e projeto o próximo ano. Marco tudo num papel que será entregue ao mar no último dia do ano.
Faço isso desde que me lembro gente.

Acredito em cada coisa!
Três pulinhos pra São Longuinho, mão na orelha pra achar vaga no estacionamento, banho de sal grosso do pescoço pra baixo, mordida no sutiã se a orelha está pelando de tanto falarem mal de mim. Quando bato o cotovelo, não grito de dor porque sei que quem amo está pensando em mim e, se eu gritar, ele pára de pensar. Mas se tropeço, já sei que alguém está de olho nele, e mando o recado coreografado: não dou, não dou, não dou, é meu, é meu, é meu.
Faço desde criana e levo adiante sem pudor.

Mas o que eu mais adoro é me entregar ao ritual levanta-moral-e-todo-resto.
É assim: acorde num sábado de manhã descontente com sua loirice e com suas unhas carcomidas e vá ao centro de recuperação feminina a curto prazo para fazer de um tudo: manicure, pedicure, tintura, depilação, limpeza de pele e massagem. A longo prazo, apele ao endocrinologista a fim de eliminar aqueles malditos quatro quilos que toda mulher acha que deve extinguir.
E, para tudo isso, dá-lhe Visa: porque a vida é agora.



Não se assuste se, durante o processo, você se transformar em um bagaço. O fim justifica e o resultado há de ser bom a beça.
Mas vale mais acreditar que o melhor de tudo é rir das paspalhadas em que você se mete. Isso sim é certeiro para a auto-estima.


p.s.: a múmia ao lado, acreditem, ficou com pele de pêssego. Mas, pra dar uma força ao tempo, decidiu comprar seu primeiro creme anti-rugas noturno.

palavras rasgadas

Sensato é calar.
Infelizmente, quando não há o que dizer, algumas pessoas insistem.
Seria para dar mais conteúdo?
Certa vez me disseram que você sabe mesmo quando é amiga de alguém quando o silêncio não constrange.
Insisto: sensato é calar.

Palavras que rasgam os tímpanos:

*Escolhe você pra mim. (Eu escolho). Mas desse aí eu não gosto.

*Blablabla, blablabla. O que você acha? (Eu opino). Ah mas aí eu discordo.

*Uma Nova Skin gelada sempre sobre a mesa, ou seja, cerveja (toque de celular).

*O amor é a última coisa que entrego.

*Baixinhaaa, traz uma água pra miiiiim? (grito no meio da agência)

*Daí, tá ligado, vem us cara e pow, tá ligado, tipo, véio, da hora.

*Insaaaane!

*Então você chega às oito e meia, combinado? (é 10h e a quinzenalista ainda não chegou)

*Ai que sapato mais linduuuu! (da guria que quer virar amiga)

*Passo aí às nove. (e chega meia-noite)

*Essa palavra eu não digo. (a palavra em questão é buceta)

*Isso pra mim é coisa de puta interesseira.


O silêncio é melhor.
Daí que eu percebi que um sorriso fingindo pode salvar o dia.

terça-feira, fevereiro 19

viva Fidel!

Qual o fato de importância global que ocorreu em 19 de fevereiro de 2008? Cite, no mínimo, três conseqüências para a história sóciopolítica mundial.

Essa será uma das questões da prova de história que as próximas gerações vão colar do CDF da turma (haverá ainda os bons CDFs ou, logo, todos virarão os soldados da Idiocracia?).

Fidel disse:

"Não me despeço de vocês. Desejo apenas combater como um soldado das idéias. Continuarei escrevendo sob o título "Reflexões do companheiro Fidel". Será uma arma a mais no arsenal com a qual se poderá contar. Talvez minha voz seja ouvida. Serei cuidadoso".

O que será da ilha?



Preciso viver Cuba antes que vire jardim dos estado-unidenses.

Tenho um plano: mesmo que digam que mulheres desacompanhadas são "presas-fáceis" aos ladinos habitantes, vou de mochilão, com muitos sabonetes e pastas de dente para escambo. Somente estando lá, saberei que muito do que falam é BUSHIT.

segunda-feira, fevereiro 18

entre aspas

penso: me falta.
saber o que virá. me falta.
falta o sossego de saber.
fico circulando ao redor da dúvida até queimar as asas e cair.

sei: é bom.
viver o momento. é bom.
bom como a entrega segura.
fico circulando ao redor da ausência presente que me derruba.

"O infinitesimal do amor indizivelmente permanente ausente presente..."

fêmeas de hábil compreensão julgam que:
as mariposas nascem destinadas a cortejar lâmpadas.
borboletas, por sua vez, cortejam o sol.

sexta-feira, fevereiro 15

all i need | radiohead

quinta-feira, fevereiro 14

manhãs

De manhã é sempre ruim pra produzir. Sou mais contemplativa, por assim dizer. Lá em casa fico esticada no sofá, olhando a janela, a tv de fundo, o relógio voando. No carro, um perigo: gosto de olhar para os lados, achar algo diferente daquele retão cinza da Santo Amaro. Às vezes, acho.

Aqui na agência estamos Kerges e eu de dupla de criação. A outra dupla voou para outros rumos e esta semana contamos com ajuda da novata arte finalista. Os começos são difíceis. As despedidas, necessárias.

Então eu mudei de lugar. Agora sem paredes atrás de mim. Em certas manhãs, dou-me o luxo de abandonar o computador e me virar para a janela, revista apoiada no colo, de frente para o dia. No i-tunes: Spiritualized. O bom de ser redatora é que posso ler e as pessoas (fingem que) entendem que estou me alimentando de referências. 4 mg de alcatrão me cairiam bem.

As manhãs são mornas. Independente do ritmo que o dia impõe, gosto de acompanhá-las.

A vida ferve depois das três da tarde.

sábado, fevereiro 9

volta às aulas

MATEMÁTICA
Entre 6 bilhões de pessoas, sozinha.
Entre 6 bilhões, crítica.
Entre 6, sai zero.
Entre nós, xis.
E nada.
Eis a ilógica. Que não diz que raio é esse. Que não explica dimensão de nada. Que não avalia a profundidade das relações. Que de parábola, só conhece aquela do bom samaritano.
Eis a ilógica. Das sextas-feiras. Dos 6. Dos três vezes o 6. Dos múltipos e dos dividendos e das somas e das subtrações. Da raiz das questões, quadradas ou elevadas a n potência.
log de ilógica é o que?


LÍNGUA PORTUGUESA
Chega devagarzinho, nem tímido nem afobado, me abre em espiral e escreve com seus dedos em minhas linhas: dita que se lambe todo por mim que eu te conjuguarei em todos os tempos. Está tudo na pontinha da língua.


GEOGRAFIA & HISTÓRIA
Fica longe de mim, fica, que eu fiz a carta marítima pra te evocar.
Contorno latitudes, longitudes e atitudes só pra desenhar você de azul-mar.
Prezo as terras desconhecidas entre nós (mordo-me pelo teu passado).
Quero ser tuas próximas páginas, enquanto viajo nos teus cachos até bater o sinal.

quarta-feira, fevereiro 6

segunda-feira, fevereiro 4

Acho-te uma graça

Enfim (porto-alegremente) uma marchinha vinda da gaúcha Thais.

"Chora palhaço,Chora que passa,
Pimenta nos olhos dos outros, é refresco,
Acho-te uma graça.
(bis)

Querias fazer eu sofrer,
E até ver a minha desgraça,
Mas é que eu não durmo com os olhos dos outros,
Acho-te uma graça!"

Pessoa querida, não delete com shift seus escritos. Eles são valiosos.
Sou toda confete e serpentina contigo.

pegue-faça

ATO I
Estou raspando o tacho da paciência ultimamente.
Vou falar pra vocês: tomar a atitude sempre é um cansaço sem fim!
É que neguinho fica miando e não opina. E quando opina solta um : "ah, mas eu queria fazer assim, eu queria daquele jeito..." Falou bem: QUERIA, no pretérito imperfeito do indicativo.
Aí, pra ter o gostinho, pra saber se é bom fazer miau-miau, comecei a não intervir. Deixei neguinho decidir sem eu opinar. E vi o quanto é difícil. Parece que quem está ao meu lado, conhecendo o gênio-ruim da moça, já espera a decisão. Ou se conformou ou se confortou com a rotina do deixa-do-jeito-dela.
Que coisa mais chata. Tá faltando embate na minha vida. Tô de briga. Essa calmaria tá me enlouquecendo. Tudo estável pela primeira vez. Deve ser a maturidade batendo na porta e eu fingindo que não tô ouvindo. Fala aí, senhora-trinta-anos, assume a calmaria e aproveita. Ai que difícil.

ATO 2
Carnaval em São Paulo. Apesar dos meus esforços militares para viajar, quando surgiu uma possibilidade real para chegar ao mar eu já estava esgotada. Resolvi ficar. Nos dois dias de sol, curti a city: fui na exposição do Lachapelle no MuBE, fui ao cinema assistir a Desejo e Reparação (cine-promessa: mto bom), comi feito uma porca, curti o gato, fui na Benjamin reviver as padocas da zona oeste. Estava tudo bem até que no terceiro dia, que é hoje, acordei de malas prontas para um bate-volta no litoral norte. Sei lá pra qual praia, mas já tinha separado bikini e tudo. Mas a manhã estava nublada, choveu horrores domingo no fim da tarde. Agora, a tarde, veio o sol. E o carnaval que eu queria acabou que miou. Até ele...

ATO 3
Ociosidade é uma merda. Sem ter o que fazer, fui ter contato com outro ser humano me olhando no espelho. Vi os defeitinhos de sempre: sulco nasogenianos, nariz turco, bochechas buldoguianas, olho direito caído, veia mórbida abaixo do olho esquerdo, e esta franja que não acerto mais. O foco agora é a franja. O lance é que a ditacuja queria invadir meu cérebro entrando pelos meus olhos. Aí pensei que já deu, é hora de acabar com a franja.
Mas ao contrário do seu nascimento, para assassinar uma franja de vez, sem que ela se torne o Jason do Sexta-feira 13 que sempre volta, é preciso deixar o cabelo crescer. Meu desespero é que o cabelo cresce no máximo dois centímetros por mês. Afe! A cabeleireira seguiu o que eu disse e fez um corte em diagonal, pra ficar um lado mais curto que o outro, para no futuro eu ter um franjão e depois exterminá-lo. Mas eu achei o corte tão simétrico... E isso me incomodou, tanto que hoje, depois de ver todas essas imperfeições que no final chegam a um todo até que harmonioso, eu decidi fazer por mim mesma: pela primeira vez depois de 18 anos, eu mesma cortei minha franja. E ficou ruim, claro. Até procurei elogio através de outros mas levei um "que pena", do tipo "agora você cagou de vez". Veio o seguinte pensamento: tá vendo, franja, é pra você aprender que o primeiro elogio tem de vir de você mesma.
É por isso que agora vou assumir o estilo rock-glam-courtney love-desleixada-fudi-com-o-cabelo-e-nem-te-ligo!




Ok, não somos nada iguais. Mas eu precisava de uma referência pra mostrar...

sexta-feira, fevereiro 1

Doutrina K.

Tenho a benção de ter ao meu lado, de segunda a sexta e em alguns casos extraordinários, "o" dupla de criação. Eduardo Kerges, "meu" diretor de arte, é um cara que conheço faz uns dois anos. Trabalhávamos na Ponto e lá nosso contato era mínimo. Ele que me arrastou pra Miksom e, digo sem modéstia, nós que ajudamos a levantar a Miksom Ativação. Mas não é de nada disso que quero falar.

Edu é um cara muito da paz, conto nos dedos as vezes que o vi puto da vida. Sabe quando uma dupla de tiras americanos faz o interrogatório? Edu é o good cop. E de tão good que é, virou meu doutrinador. Invade meu dia com referências de arte, de música, de gente bacana que faz coisa bacana na vida. Vira e mexe estala os dedos para me mostrar uma novidade - eu me debruçar sobre minha mesa pra ir até a mesa dele ver qual a referência duka que ele garimpou. Como toda relação profissa, perfeição não tem: às vezes eu fico bem brava com tanta calmaria dele. Mas é que o cara é de boa vibe, certo ele. E eu admiro e absorvo.

Hoje o Kerges me deu um presente que eu amei: o cabeçalho do Prosa Preta. Ficou demais, né? Obra do meu doutrinador.

acorda, menina

Parou. Já deu. Chega. Acorda menina! Reage agora antes que o mundo te engula. Tenho medo que, se você continuar assim tão amargurada, vai ser cuspida pelo mundo. Vai voar até o céu e vai cair no universo, vai vagar com cara de bunda sem entender o que aconteceu. Tô te pedindo: reaja. Fica difícil se continuar assim. Eu te entendo, eu tento ajudar. Mas tá foda. Tá vitimizado demais. Tanto peso tá doendo no mundo. E eu sou fraca demais pra levar. É por isso que eu não me aguento e falo: reaja. Eu não me agüento e grito: reage agora, porra. Se já não adianta falar da sua competência, da sua beleza, do seu caráter, o que adianta fazer? Te rogo: sai desse pesadelo. Aí é muito escuro. Faz algum movimento pra reagir. Parou. Já deu. Chega.

sobre o ontem e o hoje

Falam por aí que o tempo cura. Cura mas não leva as cicatrizes. Boas ou más, elas estão lá. Estão aqui comigo agora. E os acasos não por acaso surgem para nos fazer lembrar. Hoje nem meio-dia é, mas eu já me emocionei duas vezes:

Por ontem | #41 | Dave Matthews Band
Come see
I swear by now I'm playing time against my troubles, oh
Oh, I'm coming slow but speeding
Do you wish a dance and while I'm in the front
My play on time is won
Oh, But the difficulty is coming here

I will go in this way
And find my own way out
I won't tell you to stay
But I'm coming to much more
Me
All at once the ghosts come back
Reeling in your mind
Oh, What if they came down crushing
I used to play for all of the loneliness
that nobody notices now
Oh, I'm begging slow
I'm coming here
(...)

[[[A memória ficou. Que bom que é memória. Passou.]]]

Por hoje | Free love | Depeche Mode
If you've been hiding from love
If you've been hiding from love
I can understand where you're coming from
I can understand where you're coming from

If you've suffered enough
If you've suffered enough
I can understand what you're thinking of
I can see the pain that you're frightened of

And I'm only here
To bring you free love
Let's make it clear
That this is free love
No hidden catch
No strings attached
Just free love
No hidden catch
No strings attached
Just free love

I've been running like you
I've been running like you
Now you understand why I'm running scared
Now you understand why I'm running scared

I've been searching for truth
I've been searching for truth
And I haven't been getting anywhere
No I haven't been getting anywhere

And I'm only here (...)

Hey girl
You've got to take this moment
Then let it slip away
Let go of complicated feelings
Then there's no price to pay
(...)

[[[E eu só estou aqui para viver assim. Redundante. Presente.]]]