segunda-feira, fevereiro 4

pegue-faça

ATO I
Estou raspando o tacho da paciência ultimamente.
Vou falar pra vocês: tomar a atitude sempre é um cansaço sem fim!
É que neguinho fica miando e não opina. E quando opina solta um : "ah, mas eu queria fazer assim, eu queria daquele jeito..." Falou bem: QUERIA, no pretérito imperfeito do indicativo.
Aí, pra ter o gostinho, pra saber se é bom fazer miau-miau, comecei a não intervir. Deixei neguinho decidir sem eu opinar. E vi o quanto é difícil. Parece que quem está ao meu lado, conhecendo o gênio-ruim da moça, já espera a decisão. Ou se conformou ou se confortou com a rotina do deixa-do-jeito-dela.
Que coisa mais chata. Tá faltando embate na minha vida. Tô de briga. Essa calmaria tá me enlouquecendo. Tudo estável pela primeira vez. Deve ser a maturidade batendo na porta e eu fingindo que não tô ouvindo. Fala aí, senhora-trinta-anos, assume a calmaria e aproveita. Ai que difícil.

ATO 2
Carnaval em São Paulo. Apesar dos meus esforços militares para viajar, quando surgiu uma possibilidade real para chegar ao mar eu já estava esgotada. Resolvi ficar. Nos dois dias de sol, curti a city: fui na exposição do Lachapelle no MuBE, fui ao cinema assistir a Desejo e Reparação (cine-promessa: mto bom), comi feito uma porca, curti o gato, fui na Benjamin reviver as padocas da zona oeste. Estava tudo bem até que no terceiro dia, que é hoje, acordei de malas prontas para um bate-volta no litoral norte. Sei lá pra qual praia, mas já tinha separado bikini e tudo. Mas a manhã estava nublada, choveu horrores domingo no fim da tarde. Agora, a tarde, veio o sol. E o carnaval que eu queria acabou que miou. Até ele...

ATO 3
Ociosidade é uma merda. Sem ter o que fazer, fui ter contato com outro ser humano me olhando no espelho. Vi os defeitinhos de sempre: sulco nasogenianos, nariz turco, bochechas buldoguianas, olho direito caído, veia mórbida abaixo do olho esquerdo, e esta franja que não acerto mais. O foco agora é a franja. O lance é que a ditacuja queria invadir meu cérebro entrando pelos meus olhos. Aí pensei que já deu, é hora de acabar com a franja.
Mas ao contrário do seu nascimento, para assassinar uma franja de vez, sem que ela se torne o Jason do Sexta-feira 13 que sempre volta, é preciso deixar o cabelo crescer. Meu desespero é que o cabelo cresce no máximo dois centímetros por mês. Afe! A cabeleireira seguiu o que eu disse e fez um corte em diagonal, pra ficar um lado mais curto que o outro, para no futuro eu ter um franjão e depois exterminá-lo. Mas eu achei o corte tão simétrico... E isso me incomodou, tanto que hoje, depois de ver todas essas imperfeições que no final chegam a um todo até que harmonioso, eu decidi fazer por mim mesma: pela primeira vez depois de 18 anos, eu mesma cortei minha franja. E ficou ruim, claro. Até procurei elogio através de outros mas levei um "que pena", do tipo "agora você cagou de vez". Veio o seguinte pensamento: tá vendo, franja, é pra você aprender que o primeiro elogio tem de vir de você mesma.
É por isso que agora vou assumir o estilo rock-glam-courtney love-desleixada-fudi-com-o-cabelo-e-nem-te-ligo!




Ok, não somos nada iguais. Mas eu precisava de uma referência pra mostrar...

2 comentários:

Anônimo disse...

por partes no post:

sobre ato 1.
é óbvio que pessoas mangolonas ao teu lado ficam mais mangolonas usando pretéritos imperfeitos. se elas não decidirem, tu vai decidir. nunca vi uma coisa ficar pendente depois de ti. tu peita os problemas, como boas e brabas pessoas fazem. e com um charmoso toque de ironia.

sobre ato 2.
ok, tu é quem sabe.

sobre ato 3.
vai te fuder com essas autocríticas... ó, guria, se tu fosse homem, eu casava contigo! mil guedes valem meia love. tu pode estar careca, moicana, pivete, que vai continuar linda! mas eu gostei da franja...

PrimaGêmea disse...

Eu, amiga suspeita, adorei sua franja nova, seu auto-retrato ainda mais.
Também cortei meu cabelo, duas vezes em uma semana, e como sempre só vou gostar daqui um mês. Minha meta é aprender a cortá-lo eu mesma, ao menos não gastarei, pq bom, nunca fica.
Bejos saudosos, Tati