terça-feira, março 16

mulheres que conheci recentemente e o por quê de eu não admirá-las

M.P., aparenta 38 anos, separada, dois filhos adolescente
Situação em que a conheci: ex-proprietária da minha casa
Por que não é admirada: ao solicitar mais dias para deixar a casa, pediu por Deus, pela Virgem, por todos os santos, falou que não tinha pai, não tinha mãe, não tinha irmãos. Estava quase conseguindo o prazo extra, mas perdeu o benefício ao soltar a frase "eu nunca fiz nada disso, sempre foi meu marido que resolveu todos os problemas para mim". Pela bunda-molice, não dei trégua: teve que se virar na marra e sair no dia previsto em contrato.


F., aparenta 40 anos, casada, duas filhas crianças
Situação em que a conheci: quando ela bateu no meu carro
Por que não é admirada: a desorientada, ao dar ré para fugir da fila de estacionamento do Delboni, oito da manhã de um sábado, simplesmente não viu que meu carro estava atrás. Vá lá, acidentes acontecem. Trocamos celulares, ela se dispôs a pagar. Duas horas e um rasgo no para-choque depois, ela liga informando "sabe o que é, meu marido me avisou que eu tenho seguro do meu carro e aí eu descobri que o seguro paga". Pela alienação, não teve como me conter: meu, em que caralho de mundo você vive?

R., aparenta 27 anos, recém-casada, sem filhos
Situação em que a conheci: nova moradora do antigo apê
Por que não é admirada: essa menina é um doce. Continuo sua fã, mas ela perdeu muitos pontos depois do diálogo abaixo:
- Vocês vão deixar essa caixa?
- Não é uma caixa. É um filtro.
- Ah, um filtro. E como é que limpa?
- Tem que chamar a empresa para limpar.
- E como eu descubro qual é a empresa?
- Olha, tá escrito aqui: Filtros Europa.
- Filtros Europa? Nunca ouvi falar.

Meninas, não façam isso com a vida de vocês.

cala-te boca

Muita gente me pergunta por que eu parei de escrever.
Eu cheguei a colocar no blog um texto altamente confessional, auto-biográfico desses de fazer passar vergonha. Aí perguntei a um dos envolvidos na história se tudo bem publicar. Pediram para eu tirar. Eu tirei. "A noite dos mortos vivos" não durou quinze minutos aqui e foi embora, morreu de vez no mundo virtual.
Isso faz uns dois meses.
Agora volto para o curso de criação literária, volto ao Mestre Marcelino Freire.
E, no primeiro encontro, quando questionada sobre qual projeto eu desenvolvi no ano passado, numa burrice sem tamanho, eu começo a falar - adivinhem - dessa nova vida, desse monte de gente, dessas duas sogras, desse enteado, desse marido, dessa falecida, dessa casa nova, desse cachorro que nem veio mas já tem nome, dessa terapia familiar inteira que ninguém tem que saber mas que eu, bocuda, saio falando por aí.
Tá vendo só, falei de novo.

de um amigo