quinta-feira, novembro 27

minha santa

de santa catarina: só hoje consegui falar com os meus de lá. estão bem. longe da tragédia. mas com a impotência que todos sentem. eu sinto. eu chorei quando vi a estrada que desapareceu. lembrei o quanto adoro ir de carro pra lá, pra me perder na visão dos morros. tudo verde com o cheiro de lá. tudo céu azul de lá. que agora não tem. que agora é marrom de lodo. lama.

terça-feira, novembro 25

tati cristina barcelona

... e durante o filme todinho, uma saudade de Barcelona, gostosa de sentir. E ,também, lembranças da minha Tati, que foi com a cara, a coragem e a máquina fotográfica atrás do sonho [essas são fotos delas nos tempos de lá].
Acreditem quando lhes garanto que Tati já foi loira como a Scarlet Johansson, mas se ela já teve uma doida-gostosa como a Penélope ou um delicioso Javier em sua vida... ah... aí eu não sei.
Eu sei que fiquei com vontade de ser Cristina. O artista talentoso eu já tenho.

domingo, novembro 16

a conta

E depois da festa do estica-e-puxa, chega a hora da conta.
ACEITA-SE FREELAS. De criação. Eu tô falando sério. Muitíssimo.
Gostas do meu trabalho? Interessou? Tem algo aí pra mim?
Entre em contato que eu tô pegando.

a outra

Ela me olha como se me conhecesse há tempos. Encara com um sorriso ainda forçado. Estica a língua para o alto até tocar a ponta do nariz - não consegue mais. Ri com a boca bem aberta, quase se vê a goela. Já não liga para pontos verdes e roxos na face, nem para o inchaço. Eu assusto: meio batatinha, ainda torto? Ela me ouve, me diz "tempo ao tempo, dois meses é o mínimo para o final". E eu aceito o que ela diz, desde ontem, quando se revelou.

Ela sou meu reflexo, estranhamente novo com um algo familiar.

terça-feira, novembro 11

agraciada

Os últimos dias estão cheios de atenções. São carinhos que eu sempre tive e não notava | Precisou estar estática para perceber, para permitir | Um recado na caixa postal, um msn, um post. Uma foto. Um alô, um olhar. Um amigo de 11 anos. E um apaixonado "você tá tão engraçada rindo assim" | Coleciono fofurices | Mesmo de gesso na cara, pálpebras cor de oliva com riscos de delineador beterraba, mesmo inchada e sem conseguir tomar banho sozinha, mesmo obrigada a ficar quieta e a ser lerda... | Assim e talvez por isso, estou plena: da vida compartilhada e dos amigos que me dão a honra de compartilhar as suas vidas. Namastê.

3.0 remasterizada

Tudo começou numa oficina de caricatura. Eu exagerei os grandes olhos de Alexsandra enquanto ela exagerou meu nariz torto. Meu nariz? Torto? E assim, aos 19 anos, eu enfim soube da verdade absoluta: eu tinha nariz turco e torto.

Você, mulher, deve ver algo em seu reflexo que lhe deixa maluca de raiva. Celulite, gordura localizada, flacidez, dentes, sudorese exasperada, cabelo que não ajeita, estrias, vasinhos, olhos, bochecha, peito, barriga, bunda, tudo caído! Ai que horror! Então você entende meu drama ao descobrir que, além de tudo, eu ainda tinha um nariz torto!

Graças ao bom Deus que com os anos as pessoas vão se aceitando - e se acertando. Você conhece novas técnicas, novos profissionais, novas atitudes que lhe dão confiança para largar os traumas juvenis e ir adiante. A vida segue bela... Até o dia em que uma radiografia confirma: sua napa torta foi causada por uma porrada que você levou. Sabe aquela vez que você ficou de pé no gira-gira, imitando a Mulher Maravilha, e voou pela tangente e arrebentou a testa? Então, provavelmente foi ali que seu nariz nunca mais foi o mesmo.

Descoberta a fratura, descobriu-se o problema de septo. O corpo, mui sábio, produziu bastante cartilagem para manter a respiração intacta. Isso é igual a nariz cada vez mais torto... torto... torto... E as pessoas dizendo "tem seu charme", "achei que você era grega", "se você não falasse eu nem notaria"... mas não adiantava. Eu já tinha decidido. E já que era pra entrar na faca, vamos fazer tudo de uma vez! [pausa: lembra da gordura localizada? como esquece-la! depois de eliminar 10 kg, era só destruir os pneus de boeing e voilá!]. Faltava apenas encontrar o momento certo e levantar a grana.

O problema é que o momento certo e a grana estavam demorando muito pra acontecer. E quem sabe faz a hora! Então, dia 07 de novembro, eu fiz: arrumei o septo, desentortei a napa e eliminei a graxa extra. Alexsandra, ela mesma, foi enfermeira nas fatídicas primeiras 48 horas. Passou pelo inferno, a coitada! Teve que trocar muitos curativos, ver sangue e fingir naturalidade, dar banho e esfregar a cola do esparadrapo, fazer comida, limpar o chão, carregar minha bolsa, ser meu shuttle, colocar a cinta pós-cirúrgica, me ver pelada e toda roxa, me vestir, me dar remédio, aguentar meus lamentos e ainda dormir comigo. Mas quer saber? Foi divertido assim.

Obrigada, Grega. Mas pare de ser tão observadora, que eu já tô devendo horrores pra minha mãe!

quarta-feira, novembro 5

Cordeiro

Fechamos a porta e os vitrôs. Colocamos a revista de sacanagem na bancada. Ficamos admirando a capa. Bonita a moça, lembrava nossa mãe. Eu virei as primeiras páginas. Chato, muita propaganda. Betinho se irritou e foi logo para as páginas do meio. Agora sim, a moça arreganhada. Ele baixou a tampa da privada, sentou relaxado, abriu o zíper, puxou a revista para ele e o pau pra fora. Eu fiz igual. Abri meu zíper, deixei a calça ir até os joelhos e comecei.

Betinho folheava com uma mão e acelerava com a outra. Não olhava para mim. Eu só olhava para ele. Ele mordia a boca, fechava os olhos, esticava as pernas. Eu só olhava. Ele soltava uns grunhidos. Eu sorria. Ele notou. E me tragou com olhos de sacana e largou a revista para pegar em minha mão. Fiquei de frente pra ele. Ele encarou minha barriga, abraçou minha cintura. Enfiou-se com os dez dedos no meio das minhas coxas, com força. Arranhando. A língua circulava entre meu umbigo e os pêlos finos. A respiração dele tão pesada, úmida. Eu acarinhando seus cachos, minha cabeça zonza inclina para o teto. A luz do fim de tarde deixando a vida avermelhada. Os cacetes, vermelhos.

Meus braços apoiados no box. Encostei meu queixo no peito para viajar naquele vai-e-vem de Roberto: me engolia. Lambia meu saco, mordiscava-me a pele, agarrava minha bunda. Eu amava. Ele me pôs de costas, me inclinou, me abriu. Eu escorregava. Ele enfiou os dedos, dois, três. Eu cedia. Ele soprou-me as costas. Eu tremi, quero agora. Ele me sentou em cima dele. As duas mãos nos ossos da minha bacia, dedilhando a virilha. A cabeça brincando, indo de lá pra cá, tentando me entrar. O primeiro encontro. Meu respirar preso. A cabeça entra rápida. Dor. Dor boa. Vou escorregando, pouco a pouco. Vou deslizando no pau. Desço. Forço um pouquinho. Desço. Afundo. Atolo minhas unhas nele. Ele geme no meu cérebro, gostoso. Roberto me aperta no seu dorso, me eleva e me derruba, quantas vezes quer. Eu deixo. Eu gozo. Ele esparrama em nós. Levanta meu corpo, rápido. Sua porra ainda espirra em mim. Pega uma toalha qualquer e limpa meu carinho.

Estou em pé. Ele beija-me o cu, esfrega boca e narinas até a nuca. Viro. Estamos sem dizeres. Faço Roberto me encarar. Larápio, digo: a coleção de latinhas é minha.

sucumbi

...era preciso. Após a oficina de tema erótico, com o Marcelino Freire. Foi foda daqui, foda de lá, e eu me dei ao Marlborão vermelho. Fiquei tontinha e tudo. Veja aí no texto acima se não merecia um trago no final.

terça-feira, novembro 4

minha vida, sem vícios

O velho blablabla do chocolate, proibido por São José, blablabla de novo, coisa que quem acompanha o blog - ou minha vida - já sabe, já cansou de ler.
Então, a Lei Seca. Mulher 1.0 flex, excelente relação custo x benefício, desenvolve bem com pouco e qualquer combustível. Bebo pouco, o suficiente.
Drogas pesadas, sou puro cagaço: angústia só de pensar num pó no meu nariz. Pico na veia, tremo toda de medo. Pilulinhas = falência dos rins. Não rola.
Se você sabe que vejo o namorado só uma vez por semana, imagina também que trepo uma vez por semana. Sexo não é meu vício, adoraria se fosse.
Nicotina, essa sim: meu vício. E hoje tive de parar (por conta da cirurgia que farei na sexta dia 7). Justo agora, que tô um tanto tensa com a transformação via bisturi, o cigarro estava como uma bela muleta. Que me tiraram. Mas como milagre, eu não caí.