quarta-feira, julho 25

ninho

Busco a chave já no elevador. O chão do corredor faz barulho engraçado. A chave do meio abre meu ninho. Agora a tatilrana fica acesa vinte e quatro horas só para eu ter o prazer de ver suas luzes avermelhadas e alaranjada. Entro com o pé direito, sempre. Jogo a bolsa em cima da mesa mas depois tiro, porque acho que fica feio.
Bons pássaros voam para meu ninho. Toda as segundas têm sessão Lost. Algumas noites têm sessão papo com a vizinha. Outras têm sessão cigarro com a maninha. Poucas madrugadas e manhãs têm sessão alegria com o gato. Recebo-os sempre com alegria e cerveja. Ou saquê ou vinho ou Absolut. E cigarros que esfumaçam janela afora.
Fui ter janela aos vinte e três anos. Desde então, exijo janelas para a vida lá fora. Já sobrevivi à ônibus ladeira acima, à baladeiro bêbado serenateando, à mendigo tirando samba na caixa de pizza. Tudo debaixo da minha janela. Voei pra longe e fiz amizade com uns periquitinhos muito dos alegres que vivem no topo da árvore que acaba na minha nova janela. Verdes, verdinhos, barulhentos e felizes.
Gosto deles mas, na essência, sou pássaro-só.

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