quinta-feira, julho 30
quinta-feira, julho 23
burra de pai e mãe
Ela, sentada, quieta ao lado
dele, sentado, inquieto socador de um
teclado
marrom
oxidado
(foi um suco de laranja que ninguém confessou quem).
É sábado. É frio.
Ela, sentada, distraída
nele, revoltado, ávido conhecedor de
dilmas
michéis
maranhão
(foi um vaso de picão que ninguém confessou quem).
É chato. É frio.
Ela, sentada ou de pé
ou de lado ou de quatro
prefere
aquela série de TV
onde até a ilha
tem vida.
dele, sentado, inquieto socador de um
teclado
marrom
oxidado
(foi um suco de laranja que ninguém confessou quem).
É sábado. É frio.
Ela, sentada, distraída
nele, revoltado, ávido conhecedor de
dilmas
michéis
maranhão
(foi um vaso de picão que ninguém confessou quem).
É chato. É frio.
Ela, sentada ou de pé
ou de lado ou de quatro
prefere
aquela série de TV
onde até a ilha
tem vida.
quarta-feira, julho 22
princípio do fim?
Last Updated: July 22nd, 2009 (1:55pm PST)
Due to the logistics of the recently rescheduled European dates, Depeche Mode regret that the shows scheduled for Rio de Janeiro, Brazil and Sao Paulo, Brazil will not be taking place.
Depeche Mode wishes to sincerely apologize to their Brazilian fans for this news.
não me dei por vencida.
Due to the logistics of the recently rescheduled European dates, Depeche Mode regret that the shows scheduled for Rio de Janeiro, Brazil and Sao Paulo, Brazil will not be taking place.
Depeche Mode wishes to sincerely apologize to their Brazilian fans for this news.
não me dei por vencida.
terça-feira, julho 7
Elias
Do hebraico: "Meu Deus é Jeová".
De Caxambu: o rei.
Do almoço: pimenta.
Do humor: tangerina.
Do zêlo: doce de leite.
Da paixão: seu carrão.
Do profissional: ímpar.
Do amigo: simpatia.
Da saudade: Alexsandra, Ana Paula, Andréa, Antoniela, Bruno Cepolina, Bruno Cica, Carlão, Carol Bacelar, Carol Campos, Eric, Fabrícia, Flávio, Guto, Ingrid, Juliana, Raul, Saula, Simone, Vanessa, "Zebrinha".
Do adeus:_____________.
De Caxambu: o rei.
Do almoço: pimenta.
Do humor: tangerina.
Do zêlo: doce de leite.
Da paixão: seu carrão.
Do profissional: ímpar.
Do amigo: simpatia.
Da saudade: Alexsandra, Ana Paula, Andréa, Antoniela, Bruno Cepolina, Bruno Cica, Carlão, Carol Bacelar, Carol Campos, Eric, Fabrícia, Flávio, Guto, Ingrid, Juliana, Raul, Saula, Simone, Vanessa, "Zebrinha".
Do adeus:_____________.
segunda-feira, julho 6
das pedras que se voltam
Fui com pedras na mão e coração trancado ouvir você, António. Disseram que eras tão bom quanto Eça, mas que tinha treta com Saramago. Paguei pra ver. Foram os dez reais mais valiosos da minha vida.
Um António brasileiro de Portugal
António Lobo Antunes. Ok, nunca ouvi falar. Mas foi a briga de galo grande com meu segundo autor predileto que me levou para lá, sábado, FLIP, 19agá. Um senhor de camisa, colar com pingente de guitarra, nem aí pra gente toda. Ganhou-me quando pediram para ler um trecho de sua obra. "Esqueci", disse. E não leu nada, não precisou.
Brilhantemente conduzida pelo jornalista Humberto Werneck, a mesa 15 "Escrever é preciso" ferveu uma plateia que batia palmas das coisas mais simples ditas por António. Ele fazia cara de não tô entendendo. Eu lhe digo, António: desacostumamos do simples.
Falou muito do avô de Belém do Pará. Este homem que, ao descobrir o neto de 12 anos escrevendo poesia, o fuzilou com a pergunta "és viado?". Sem saber o que era viado, António disse não. E ao tentarem lhe explicar, aí que ele não entendeu mais nada. Foi por esse avô amado que descobriu Machado de Assis, José de Alencar, Raul Pompeia, Aluízio Azevedo. “Foi onde mamei”, disse.
Do Brasil, que não visitava desde 1983, diz que não é um país. "São cheiros, é a comida, maneiras de viver e falar. O Brasil é uma coisa íntima". Werneck alfinetou: "você não pode ficar tanto tempo longe, o outro (Saramago) vem mais". António riu de ombros.
Safo, vendia poemas católicos à avó alemã viúva deste avô brasileiro. Não entendia a dureza daquela mulher diante da morte do avô, preferia até a morte dela. Mas um dia ela disse: "hoje são 14 anos, tantos meses e tantos dias da morte de seu avô". Entendeu as superfícies de cada alma.
Daí falou do livro, um organismo vivo. "Todo grande livro, quando entra em você, se faz sozinho, deixa as mãos felizes."; "É preciso ir até as camadas mais profundas de todas as superfícies superpostas da consciência.", "Por isso gosto de escrever por cansaço.". Exaustão tive eu, só de imaginar.
António relembrou Jorge Amado, que lhe paparicava: ‘Gosto de lamber meus filhotes´, e João Ubaldo Ribeiro, que respondeu certa vez a quem lhe perguntou por que não escrevia mais: ´pois continuo escrevendo, meu heteronômio é António Lobo Antunes´.
Drummond, Cabral, Bandeira, Murilo Mendes, Jorge de Lima... doeu-me ouvir que leitura de poesia ensina mais que a de prosa. "Para escrever bem é preciso cortar até osso, advérbios e adjetivos, destes que Cortazar chamava de “essas putas”". Corto tudo então, António, que Marcelino já me avisou.
Receita pronta? Tem. "Para quem quer ser escritor, recomendo observar Garrincha jogando”. E aí percebi que era o apito final. E quando ele agradeceu a nós e a Deus, eu enfiei o rosto nas mãos e chorei um tanto, um tanto que não passou até a tenda e eu esvaziarmos. Já era saudade.
Um António brasileiro de Portugal
António Lobo Antunes. Ok, nunca ouvi falar. Mas foi a briga de galo grande com meu segundo autor predileto que me levou para lá, sábado, FLIP, 19agá. Um senhor de camisa, colar com pingente de guitarra, nem aí pra gente toda. Ganhou-me quando pediram para ler um trecho de sua obra. "Esqueci", disse. E não leu nada, não precisou.
Brilhantemente conduzida pelo jornalista Humberto Werneck, a mesa 15 "Escrever é preciso" ferveu uma plateia que batia palmas das coisas mais simples ditas por António. Ele fazia cara de não tô entendendo. Eu lhe digo, António: desacostumamos do simples.
Falou muito do avô de Belém do Pará. Este homem que, ao descobrir o neto de 12 anos escrevendo poesia, o fuzilou com a pergunta "és viado?". Sem saber o que era viado, António disse não. E ao tentarem lhe explicar, aí que ele não entendeu mais nada. Foi por esse avô amado que descobriu Machado de Assis, José de Alencar, Raul Pompeia, Aluízio Azevedo. “Foi onde mamei”, disse.
Do Brasil, que não visitava desde 1983, diz que não é um país. "São cheiros, é a comida, maneiras de viver e falar. O Brasil é uma coisa íntima". Werneck alfinetou: "você não pode ficar tanto tempo longe, o outro (Saramago) vem mais". António riu de ombros.
Safo, vendia poemas católicos à avó alemã viúva deste avô brasileiro. Não entendia a dureza daquela mulher diante da morte do avô, preferia até a morte dela. Mas um dia ela disse: "hoje são 14 anos, tantos meses e tantos dias da morte de seu avô". Entendeu as superfícies de cada alma.
Daí falou do livro, um organismo vivo. "Todo grande livro, quando entra em você, se faz sozinho, deixa as mãos felizes."; "É preciso ir até as camadas mais profundas de todas as superfícies superpostas da consciência.", "Por isso gosto de escrever por cansaço.". Exaustão tive eu, só de imaginar.
António relembrou Jorge Amado, que lhe paparicava: ‘Gosto de lamber meus filhotes´, e João Ubaldo Ribeiro, que respondeu certa vez a quem lhe perguntou por que não escrevia mais: ´pois continuo escrevendo, meu heteronômio é António Lobo Antunes´.
Drummond, Cabral, Bandeira, Murilo Mendes, Jorge de Lima... doeu-me ouvir que leitura de poesia ensina mais que a de prosa. "Para escrever bem é preciso cortar até osso, advérbios e adjetivos, destes que Cortazar chamava de “essas putas”". Corto tudo então, António, que Marcelino já me avisou.
Receita pronta? Tem. "Para quem quer ser escritor, recomendo observar Garrincha jogando”. E aí percebi que era o apito final. E quando ele agradeceu a nós e a Deus, eu enfiei o rosto nas mãos e chorei um tanto, um tanto que não passou até a tenda e eu esvaziarmos. Já era saudade.
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