terça-feira, outubro 27

Quer saber? Eu conto. Mas você pode não gostar. Preferia que não. Mas já que você quer. Ela perguntou como é que a gente sabe que já pode casar. Eu respondi que você pode casar quando você faz cocô no banheiro dele e não fica com vergonha. Ela não acreditou e me bateu na cara. Foi só isso. Não doeu por que eu vi e desviei. Eu desviei um monte de coisas. Os papelotes amarelos do seu MasterCard. Para ver por onde você se enfia. Não achei nada demais. Achei sua vida bem monótona. Aí ela leu numa rede social que eu estava solteira e perguntou se eu estava separada. Lembrei do cocô na privada ou na boca dela. Puta merda. Aquele guri do vizinho continua chorando toda noite. Deve ser cólica. É manha. Uma chatice. Lembra que te disse que um amigo perguntava como eu me sentia? Na janela da cozinha, casinhas. O financiamento saiu. Fui em festa de criança, pensei em família. Eu já posso comer chocolate. Maça ainda não. Tô uma bola de gorda. Já te disse do amigo que perguntou como eu me sentia? Sua blusa eu não peguei, você perdeu. Seus óculos também. Não fui eu. Se acha isso, problema seu. Então problema dela. Ela ama os animais. Só podia estar com um. Gosto mais da outra. Quanto custa. Preguiça de tanta negociação. De tanta visita. Sabe o que eu respondi para o meu amigo?

quarta-feira, outubro 21

a ida

Estava tenso. Não. Eu que estava tensa. Não me agradava a ideia de uma amiga deixar de ir (pedi tanto para ela ser egoísta pela primeira vez na vida). Não me agradava as malas ainda por fazer, os briefings ainda por fazer, a lição de casa ainda por fazer. E o almoço foi tão pouco - eu mandei não comprar nada até o dia da viagem e, no dia da viagem, não tinha nada para comer.

Nessas horas, a hora é impiedosa. O motorista chegou antes, o Flávio chegou depois, a Alê ainda no Rio. Nessas horas, umas cervejas na varanda com quem veio se despedir: as abas do nariz tremelicando de nervoso, um algo de esperança de que ela fosse conosco. Nessas horas, a Marginal Tietê faz pirraça. Eu tenho certeza que chegaremos atrasados. Fomos os primeiros da fila.

O Gabriel: pura curiosidade. Perguntava tudo, se metia entre nós, tropeçava, derrubava Guaraná na moça do bar. A vida pulsante naqueles olhos, o corpo sem saber expressar a emoção. Felicidade deve ser isso. Dançamos um tango no check in. Flávio segurava minha bolsa. Alê estava perdida, nos procurando.

Embarcamos. Eu ainda tensa. Colocaram-nos em cadeiras distantes. Eu bicuda até ouvir um "senhora, por favor, minha esposa ficou separada de nós e...", logo estava com eles. Mas ainda tensa. Decolamos. Dor de ouvido, turbulência, choro, sono. Crianças são assim. Eu mais tensa.

Ele não entendia o por quê, eu não sabia o que falar. Mas perto do pouso, brotou: você não me agradeceu por eu ter feito as malas. E embalados por este drama portenho, uma milonga avisou que pisamos em Buenos Aires.

Quando deu meia-noite, dentro do taxi da cidade hermana, Gabriel fez 12 anos.

terça-feira, outubro 20

Clarín, 18.10.2009

Depeche Mode: un regreso en forma
07:37 Quince años después de su última visita, la banda inglesa cerró el Personal Fest y deleitó a 40 mil fans.
Desde el comienzo del recital, Depeche Mode pone en juego la que podría considerarse una de sus principales virtudes. En la intro de In Chains, el tema inaugural de Sounds of the Universe que a su vez funciona como apertura de la noche, Martin Gore le arranca a las cuerdas de su guitarra un sonido que parece obtenido con un sintetizador. Y enseguida sobreviene un ataque de sintetizadores comandado por Andy Fletcher, que perforan la canción como riffs de teclado. Después de todo, el actual trío británico consiguió algo que allá lejos y hace tiempo quizás nadie imaginaba: que el tecno-pop ascendiera a la categoría de rock de estadios.

También de movida queda esbozada una duda que tiene por protagonista al cantante Dave Gahan (recuperado de una operación que obligó a suspender varias fechas), que se mantiene con el correr de los minutos. La profundidad y la intensidad acostumbradas de su voz, ese registro único que hace las veces de motor a propulsión para que la música de la banda levante vuelo hasta alturas impensadas, no alcanzan los niveles conocidos en la interpretación del mencionado y de Wrong. ¿Es un problema del micrófono? ¿Está resfriado? ¿Las musas de la inspiración no lo visitaron durante su estadía porteña?

Con un despliegue visual impecable, por momentos minimalista pero siempre efectivo, la pantalla ubicada a sus espaldas refuerza con imágenes la búsqueda de un lenguaje universal según su último disco. Para este Tour of the Universe, la formación se completa con el baterista Christian Eigner y un segundo tecladista (Peter Gordeno), al que eventualmente se suma Gore para formar una línea de tres cuando deja su colección de guitarras.

El entramado instrumental habilita un recorrido por la enriquecida sucesión de climas, texturas, ambientes y paisajes sonoros que proponen clásicos como Walking In My Shoes, A Question Of Time y Fly On The Windscreen. Todos, obvio, muy festejados por los fans más tempranos, que seguramente los vieron en su anterior visita al país: estadio de Vélez, 1994.

A la hora de Jezebel, Gore se calza el traje (chaleco y pantalón plateados y brillantes, en su caso) de frontman. Y aunque el tono del cerebro musical es más intimista que arengador, está claro que no le sienta nada mal: su particular y agudo vibrato realza el potencial evocador de la melodía y la letra de Home y provoca, despojado de las máquinas y la parafernalia sonora, uno de los momentos más cálidos. Cuando termina, un coro multitudinario convierte a la melodía en una especie de coda de fogón.

La recta final los encuentra jugando con el velocímetro de dos de sus temas más emblemáticos, ambos del seminal Violator. En ese plan, Policy of Truth pierde su agresividad existencialista y se aproxima a las pulsaciones de una balada mid-tempo. Como contrapartida, Enjoy The Silence cambia su atmósfera contemplativa por un aliento eminentemente bolichero, que los pasea entre un club electrónico y una disco funky imaginarios. Para lo bises quedan otros platos fuertes, como Behind The Wheel y Personal Jesus. Y, al cabo de unas dos horas de show, aunque nadie se puede sentir decepcionado, queda flotando la sensación de haber asistido a un concierto sin demasiados relieves o momentos de éxtasis colectivo.

segunda-feira, outubro 12

papagaia Brenda

Entre as 107 mulheres convidadas por Sophie Calle para intregrar o projeto "Cuide de você", papagaia Brenda foi a que mais me surpreendeu. Em seu vídeo, Brenda recebe uma miniatura da famosa carta que gerou todo o burburinho, amassa-a com descaso até que se torne uma densa bola de papel, então rasga tudo com a fúria incontida de seu bico. Não satisfeita, respira fundo, infla-se inteira ganhando um penacho aterrorizante e penas saltadas, e grita: "ah-ah-aahh! cuide de você! cuide de você!"
Para mim, Brenda é uma mulher transvestida de calopsita.

A outra vida

Catherine Millet é outra francesa que conheci na FLIP. Hoje acabei de ler o seu "A outra vida de Catherine M.", autobiografia que mostra a mulher madura enlouquecendo quando descobre que o marido tem "amigas mais novas". Primeiro, achei curioso o fato de serem chamadas de amigas quando, na real, são amantes. Segundo e mais curioso, Catherine ficou conhecida como ícone da liberdade sexual depois do seu "A vida sexual de Catherine M.". Então ficou a dúvida: como pode uma mulher tão liberta ficar em frangalhos ao descobrir a vida paralela do seu homem, se ela mesma vivia em um paralelo alardeado?
Não consegui resposta que me convencesse.
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A cada novo livro eu absorvo o protagonista. Nesses dias de "A outra vida...", F. sofreu com bisbilhotices e indiretas a fim de descobrir as tais amigas que eu tinha intuição da existência. Mais do que uma declaração aberta de "desculpa aí, meu, foi mal", este post é para contar que pude viver nesse mês o drama da desconfiança. Essa mulher se acabou de um jeito que eu nunca achei que alguém poderia. Desde se bater no corredor, de uma parede a outra, por que a dor física a confortava, até ficar paralisada na cama sem um gemido de socorro.
Tudo por ciúme, inveja, frustração.
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Ouço histórias de mulheres que largam a vida por seus pares. E de outras que querem um par a qualquer custo. E de outras que se vendem e são felizes. De outras que pagam. De outras que vivem no paralelo. Sou confidente de muitas mulheres e nenhuma delas se nega a mudança drástica em suas vidas a favor de um par, de um amor. Eu sou uma dessas tantas.
O que tem Catherine e todas nós em comum?

trinta e hummm...

enfim: já não aguentava mais ser só 30.