segunda-feira, abril 13

Carta de um lorde

Ontem recebi uma carta do diabo me pedindo a receita daquela torta de cenoura com cobertura de chocolate que a vó Jesuína fazia. Diabo burro! Não lembra que a velha bateu as botas antes de passar o segredo? Eu acho é que o diabo está com Alzheimer.

Ele contou que está tranquilo com a vida bucólica da fazenda no Texas. Vive de ressaca de sangue de cordeiro e continua fodendo éguas velhas, com parcimônia. O diabão não dá mais no couro como nos bons tempos.

Meu velho lembrou da farra que fizemos num inferninho da baixa Augusta, aquele atrás da Universal. Foi na vez que apareci com uma “drag” baita gostosa toda trabalhada num couro vermelho, lembra? As botas ele comprou na lojinha da Joelma, mas o corselete era meu. E o filho da puta nunca mais devolveu.

Como de costume, reclamou questões relevantes (para ele, egoísta que é). Concorrência, por exemplo. “O que será de mim nessa terra onde todo mundo mete um no cu do outro pra escapar da bronca?”. É uma besta mesmo! Desde quando sodomia choca, meu lorde?

(Foram essas dores filosóficas que me encheram tanto o saco a ponto de eu pedir o afastamento. Era um cara muito pra baixo, sabe?)

Mandou eu ficar de olho num tal de Hussein da Casa Branca. Disse que esse cara promete. Mas eu não estou dizendo que o diabo já deu o que tinha que dar? A anta nem se ligou que o Saddam já era.

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