Faz muito, muito tempo que não passo por aqui. Quase duas semanas. Vim numa cabeça d´água de trabalhos, horários apertadíssimos, compromissos encavalados, desistências. Vim de bofetadas que ainda doem. Mas vim, por esses dias, com muitos, muitos aprendizados: ganhei verdades de presente..
Há duas semanas no curso de Criação Literária, estou plantando amigos. Gente bem diversa que chega lá para diversos the ends. No meio de tudo isso, olhos arregalados e bocas secas de novidades. Descobertas a cada noite. Está valendo cruzar a cidade no trânsito das seis e meia três vezes por semana. Que eu consiga..
Ontem foi oficina de poesia. Era para levar uma sua ou uma preferida ou uma de 1998 pra cá. Não sou de poesia mas acabo tropeçando nela e, ontem, me alegrei em ouvir somente. Ouvi duas que me soaram como meu presente roxo e meu passado azulado, de tão lindas que trago aqui para você..
POEMA CONCRETO | Tiago de Melo
O que tu tens e queres
saber (porque te dói),
não tem nome. Só tem
(mas vazio) o lugar
que abriu em tua vida
a sua própria falta.
A dor te dói pelo avesso,
perdida nos teus escuros.
É como alguém que come
não o pão, mas a fome.
Sofres de não saber
o que não tens e falta
num lugar que nem sabes,
mas que é na tua vida,
quem sabe é em teu amor.
O que tu tens, não tens.
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MUNDO PEQUENO | Manoel de Barros
I
O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas
maravilhosas.
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas
com aves.
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, os
besouros pensam que estão no incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverter
os ocasos.
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Vou prum futuro multicor..
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