sexta-feira, maio 23

dos.outros

Semaninha curta que está como uma eternidade.

Fui tomada por uma gripe que se revelou um belo clichê, então, para curá-la, tomei duas coisas: primeiro, tomei ácido acetilsalicílico, o que realmente aliviou os sintomas, e na seqüência tomei no cu, pois esqueci que sou alérgica ao acetilsalicílico. O resultado foi uma dor de estômago inédita, que culminou em enjôos, ânsias, taquicardias unidos a catarro e suor febril e, finalmente, vômito. Eis o Romance das Secreções se rebelando.

Ilmo está engavetado há quase dois meses e eu não gosto mais do destino que escrevi para ele. Foi só externar este pensamento semana passada que o vingativo sangue de Ilmo quis me eliminar, fazendo de mim o que eu sugiro em minha história metafísica. Abro um parenteses aqui: me dei conta de que esta era a vingança de Ilmo por conta de Fellipe, que escreveu em seu blog sobre sua possessão gripal. Aí entendi tudo: Ilmo me tirou de circulação para se aconchegar a mim neste meu sofá acostumado à solidão, fez isso para ficarmos mais íntimos, nos amando embaixo de edredons esporrados. Assim é.

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Então, de quarta-feira para cá, fiquei muito sozinha e amargurada, vendo meus planos desabarem. Fiquei terrivelvemente puta da vida por não sair com os queridos da AIC, nem quarta nem quinta. Emputeci-me de tal maneira quando não pude ver o grisalho, nem quarta nem quinta. Virei o demônio quando não encontrei as meninas, nem quarta nem quinta. Aí ontem, naquela noite linda, eu no sofá já melhorando, implorei: Ilmo, você está me sufocando. Vou encontrar as meninas amanhã e você vai jogar futebol com os caras.

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Os planos continuaram desabando. Fiz de tudo para conseguir ir para praia nesse último feriado, até que descobri que trabalharia na 6a feira. Falei com chefe, que concordou em trabalharmos na 5a para emendar três dias. Assim feito, soltei no ar: vamos viajar 6a feira, meio na doideira, sem pousada reservada e nada, e voltar no domingo de manhã. Mas como meus planos não querem mais ser solitários, também devo me adequar aos outros. E os outros não podem. Mas surgiu uma esperança: um bate-volta na praia no sábado. Aí aceitaram.

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Estou uma baita egoísta ultimamente, tanto que estou pedindo muitas desculpas.

Dia desses um moleque tentou me assaltar e o vidro elétrico não subia enquanto o puto enfiava os braços dentro do meu carro. Eu, apertando o botãozinho do vidro com a mão direita e tirando os braços do corno com a esquerda, repetia:
- Não tenho dinheiro, desculpa, não tenho dinheiro, desculpa, não tenho, desculpa, desculpa.
Cuidado com o cruzamento entre a Al. Santos e a Brigadeiro.

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Na clausura, tomando mais três coisas: hidróxidos de alumínio, de magnésio e de reflexão. Fugindo do meu silêncio, fui procurar abrigo nos blogs dos amigos. Lá nos textos do Ali levei um tapaço na cara. Foi lá que percebi a gigantesca mudança que estão me propondo. Eu procurei por isso e a transformação vem vindo, matuta. Agora noto que estou tão afobada que estou para perder a mão: acho que coloquei mais farinha e periga ficar um bolo seco. É que eu não sei cozinhar e acho que viver seis anos sozinha também me deixou seca.

A reflexão é: sem os rótulos que eu tanto lutei para conseguir, certamente havia mais leveza. Tanta leveza que, para mim, soava vapor. Pois desejei um mundo estruturado e aí está ele, se arreganhando para mim, e que me agrada, mas tenho dúvidas de que agrada os outros.

Esse meu vício por organização pode acabar comigo. Queria tanto ser mais porralôca.

2 comentários:

Anônimo disse...

Vanz, minha loura carcerária, lendo seu texto, lembrei de minha saudosa vovó, que dizia: "Cabeça vazia é oficina do diabo. Cheia demais pode virar penico".
Sossega, filha! Meio termo é complicado, mas não nos livra do capetinha ou da merda.
Boa praia amanhã e a gente se vê lá no evento motherfucker do Marcelino.
Bjaço.

Anônimo disse...

"A reflexão é: sem os rótulos que eu tanto lutei para conseguir, certamente havia mais leveza. Tanta leveza que, para mim, soava vapor."

Vc me carregou com suas palavras, arrastando um ponto de interrogação e reticências em suas linhas. No final me largou num escorregador, saí voando pra sentir essa leveza e deixar o suave vapor bater na minha cara. Eu fui mais longe, acho que passei do ponto. Parece que vc não conseguiu ficar leve igual nessa mensagem, pula no escorregador, sem dó.

Beijão

Ali

ps: na próxima vez que eu ler um comentário daqueles, vc vai ser obrigada a conviver com minhas palavras com mais frequência, pois as suas inspiram.