terça-feira, junho 3

into the wild

Se você, caro amigo, não está entendendo o que faz aqui no meio da metrópole canibal, aconselho não assistir a esse filme. Tive a experiência e, claro, não vou contar a história, mas garanto que no final da sessão aconteceu o inédito: as pessoas não se levantaram para deixar a sala. Subiam os créditos, as pessoas sentadas. Já mostrando os créditos musicais (bela trilha de Eddie Vedder), as pessoas ainda sentadas. Acenderam as luzes, alguns saíram da hipnose, mas muitos ainda lá, sentados. É que faz refletir, muito. E não é filme cabeçudo, daqueles intelectualizados chatérrimos (não tenho intelecto para tanto: tentei assistir a Cidadão Kane duas vezes e cochilei nas duas). Fala do que todos sabemos ou preferimos não saber: nossa própria natureza.
De dar medo de tão bom.
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Na agência: dois projetos megalomaníacos a frente. Um bem legal, mas enorme, que não sei por onde começar. Outro que é basicamente produção, mas que, seguindo o hábito, mandam pra cá. OK. Mais alguns lemes para segurar e umas vozes ordenando: remem! remem! Mais uma gente nervosa e antipática e mal-humorada que gosta de negócios. Como pode uma redatora ter tanta amiga atendimento? (ainda bem que elas não trabalham comigo.) E como pode atendimento suportar os redatores, essa gente que não enxerga a vida real? Sim, pois se não houvesse o descaso pelo lucro por si só, seria uma loucura mútua. Alguém tem que tirar sarro dessa correria besta, dessa afobação. Luto para manter-me palhaça no circo dos horrores. Mas como cansa.
"A gente séria não suporta palhaçada". Oh ignorância.

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De segunda a sexta, em horário comercial ou extra, me resta:
trabalho, aula, terapia, casa, leitura, ausências.
Assim construo minha tara pela sexta-feira:
nos dias a seguir, posso me doar a todos que amo.
Posso recebê-los. Até voltar tudo banal.
De segunda a sexta, em horário comercial ou extra, me resta.

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