segunda-feira, julho 28
senhora dos afogados
Recomendo, meus caros, com emoção de sobra: foi a primeira peça do "Nelsão" que vi encenada. E que, de tanta força, transbordou dois desejos: primeiro, meu retorno à platéia e, segundo, meu desejo de viver o teatro em 2009: as possibilidades estão soltas por aí.
Vá lá:
Senhora dos Afogados
de Nelson Rodrigues
Direção: Antunes Filho
com Grupo Macunaíma (que arrasa, aliás!)
temporada prorrogada até 28/09
sex. e sáb., às 21h | dom., às 19h
Teatro Sesc Anchieta | r. Dr. Vila Nova, 245
$$$: R$ 5 a R$ 20 (compre antes em qualquer Sesc)
Vá lá:
Senhora dos Afogados
de Nelson Rodrigues
Direção: Antunes Filho
com Grupo Macunaíma (que arrasa, aliás!)
temporada prorrogada até 28/09
sex. e sáb., às 21h | dom., às 19h
Teatro Sesc Anchieta | r. Dr. Vila Nova, 245
$$$: R$ 5 a R$ 20 (compre antes em qualquer Sesc)
sábado, julho 26
quinta-feira, julho 24
porra!
Pior que cusparada na cara, é passar de carro por uma valeta inundada e levar um jato d'água de esgoto paulistano com mira certeira no seu olho.
Aliás, no seu olho não: no MEU olho.
Aliás, no seu olho não: no MEU olho.
quarta-feira, julho 23
diz-que-diz
Então, as amigas que não se encontravam há tempos, se avistam e, felizes pelo reencontro, caminham dando saltinhos pela calçada, até que, frente a frente, dão um longo abraço entre gritinhos agudos:
- Ah, linda! Você tá um arraso com esse cabelo!
- E você, com esse corpão! Tô bege de inveja branca.
- Ih menina, virei rata de academia. Três horas por dia, religiosamente. E você?
- Ah, não dá pra fazer academia... Vida de casada, filhos, uma loucura!
- É, eu imagino... Então tá, gata. Tenho que ir, já tô atrasada por Pilates.
- Eu também, atrasadérrima pra pegar meu filhote na escolinha.
- Me dá um beijo, minha linda. Vamos marcar outro dia?
- Vamos! Vamos sim. Ai que saudade que eu tava de você. Tchau amor.
Então, já separadas, elas pensam:
(a rata de academia) - Essa vaca caída! Agora que casou a biscate acha que virou gente! Cachorra...
(a mãe de família) - Vadia, piranha! Nem fodendo me encontro com ela, do jeito que essazinha é, vai dar em cima do meu marido, a putinha barata.
___________
Então, os amigos que não se encontravam há tempos, se avistam e, não botando uma fé no reencontro, caminham até que, frente a frente, dão um semi-abraço entre efusivos tapas nas costas:
- Fala, seu puto! Tá sumido, meu?
- Oh seu viado, você que nunca mais foi pro futebol.
- Ah, já viu né? Agora, com a argola no dedo, a patroa virou uma fera...
- Hahahaha! Quem diria, você algemado? O maior putanheiro da turma.
- Agora você que virou o maior putanheiro da turma, falaê?
- Nem te conto, meu. Na academia, só gostosa, a vida tá generosa rapaz...
- Puta que o pariu! Depois dessa eu vou tomar o meu rumo.
- Oh meu, aparece lá no futiba, deixa de ser filho da puta.
- Filho da puta o caralho. Hahaha! Vou ver, cara. Deixa eu ir indo.
- Vai lá, seu corno. Se cuida.
Então, já separados, eles pensam:
(o putanheiro) - Esse cara é gente boa.
(o casado) - Taí um cara bacana.
- Ah, linda! Você tá um arraso com esse cabelo!
- E você, com esse corpão! Tô bege de inveja branca.
- Ih menina, virei rata de academia. Três horas por dia, religiosamente. E você?
- Ah, não dá pra fazer academia... Vida de casada, filhos, uma loucura!
- É, eu imagino... Então tá, gata. Tenho que ir, já tô atrasada por Pilates.
- Eu também, atrasadérrima pra pegar meu filhote na escolinha.
- Me dá um beijo, minha linda. Vamos marcar outro dia?
- Vamos! Vamos sim. Ai que saudade que eu tava de você. Tchau amor.
Então, já separadas, elas pensam:
(a rata de academia) - Essa vaca caída! Agora que casou a biscate acha que virou gente! Cachorra...
(a mãe de família) - Vadia, piranha! Nem fodendo me encontro com ela, do jeito que essazinha é, vai dar em cima do meu marido, a putinha barata.
___________
Então, os amigos que não se encontravam há tempos, se avistam e, não botando uma fé no reencontro, caminham até que, frente a frente, dão um semi-abraço entre efusivos tapas nas costas:
- Fala, seu puto! Tá sumido, meu?
- Oh seu viado, você que nunca mais foi pro futebol.
- Ah, já viu né? Agora, com a argola no dedo, a patroa virou uma fera...
- Hahahaha! Quem diria, você algemado? O maior putanheiro da turma.
- Agora você que virou o maior putanheiro da turma, falaê?
- Nem te conto, meu. Na academia, só gostosa, a vida tá generosa rapaz...
- Puta que o pariu! Depois dessa eu vou tomar o meu rumo.
- Oh meu, aparece lá no futiba, deixa de ser filho da puta.
- Filho da puta o caralho. Hahaha! Vou ver, cara. Deixa eu ir indo.
- Vai lá, seu corno. Se cuida.
Então, já separados, eles pensam:
(o putanheiro) - Esse cara é gente boa.
(o casado) - Taí um cara bacana.
segunda-feira, julho 21
deu no NP
Delinqüentes literatos foram surpreendidos em construção atípica na Rua Augusta, centro da capital, na noite de sexta-feira, 18, promovendo esbórnia regada a tequila e estouro de bombinhas de São João. Eram cerca de quinze meliantes que, entre diversos atos de desrespeito à moral do cidadão-comum, foram flagrados em poses que exaltavam sua condição marginal na sociedade. Acometidos pelos berros de silêncio vindo dos vizinhos, contentaram-se em manter-se aos 121 decibéis, em média. V.G., 29, um dos meliantes vistos deixando o local, foi seguido por esta reportagem que confirma que o mesmo passou por duas blitze da lei seca. Quando questionado sobre sua reação diante da possibilidade de ser parado pelo bloqueio, V.G. confessou: "não sei como me safei dessa". O último delinqüente abandonou o local aproximadamente às 10h, na manhã deste sábado, 19.
da redação.
ao que vale
Acabo de descobrir que Tati Abreu tem um blog oculto. Chama-se "En busca de la experiencia" e tem apenas um post, de 25set07. Eu não precisaria de mais do que isso.
Eis o presente do dia:
______
Conheci a Van quando trabalhava na Telefônica Assist. Almoçávamos na copa, ela comia peito de frango e tomate, estava de dieta e tinha acabado um namoro de anos, estava ótima. Pela manhã seu pai a levava de carro por que era fora de mão o Pacaembu do Itaim Bibi, e para ir ao Mackenzie era um tormento o aperto no ônibus, sempre ia estressada.
Ficamos amigas. Viramos juntas o ano de 2001 para 2002, em Maresias ficou rosa de tanto sol e bem mau humorada de dor e nos embebedamos de vodka na melancia. Fomos juntas na Boogie e juntas pedimos "sex on the beach" e o barman perguntou com ou sem areia, eu não entendi o que estava falando, ela respondeu, sem...rs... Desde então nossas vidas viraram bastante.
Viajei por 2 anos e ela morou sozinha, morou com o Akira, ficou desempregada e foi trabalhar numa agência com a Marina, a louca gerente de marketing da Telefônica Assist, escrevia e-mails engraçadíssimos para alegrar a mim e o Wal na cidade fria. Quando voltei de viagem mandei um email para as amigas ficarem alerta nas vagas de trabalho pq eu estava na área, foi ela que respondeu no mesmo instante: - Me mande seu curriculum agoooora! Mandei! Ela me arrumou o trabalho. Sabe o trabalho da vida? Sim, foi o trabalho da vida, onde eu descobri o que eu queria e o que eu não queria.
Falávamos pouco, mesmo trabalhando no mesmo lugar, correria de agência. Certo dia comentei que tinha muita vontade de morar sozinha mas não dispendia de muuito dinheiro, pois estava no início de carreira, perrengue total e ela sabia muito bem o que era isso! Perguntou quanto eu dispendia, eu disse R$ 200, e ela disse que era exatamente o que ela precisava para compor a grana do aluguel do apartamento que estava procurando. Tinhamos dois apartamentos para ver, mas foi amor à primeira vista e nem vimos a segunda opção.
Moramos na Purpurina x Girassol, que delícia!!! Brigadeiros de colher, último capítulo da novela regado a batida de maracujá e cerveja com as amigas dela que agora são minhas também, jantar na varanda, pufs coloridos pela sala, rock de manhã e mpb à noite, geladeira barulhenta, recado que o pai não poderia ver, mas como era o pai de Guedes, entedeu como coisas da juventude!! Acordava com pouco humor por que odeia acordar cedo, demorava mais de uma hora para encontrar a roupa do dia, a cor do dia, saia ou calça, bota ou tennis, e calcinha e soutien combinando com o tom da roupa, sempre, que orgulho. Meia hora de caminhada até o trem, conversas e desabafos, reclamava que eu andava muito rápido até medir minhas pernas com uma fita métrica e descobrir que tenho 1,01m só de pernas, só a Van mesmo.
Ê Van! Poderia escrever mais um milhão de coisas pois o que não faltam são histórias. Somos do mesmo signo e nascemos no mesmo dia, em anos diferentes. Sexta vc faz 29 e eu 28 em 28 de setembro. Van, dizem que a gente tem vários anjos da guarda, tenho certeza que vc é um deles! Muuuito obrigada por tudo!
Eis o presente do dia:
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Conheci a Van quando trabalhava na Telefônica Assist. Almoçávamos na copa, ela comia peito de frango e tomate, estava de dieta e tinha acabado um namoro de anos, estava ótima. Pela manhã seu pai a levava de carro por que era fora de mão o Pacaembu do Itaim Bibi, e para ir ao Mackenzie era um tormento o aperto no ônibus, sempre ia estressada.
Ficamos amigas. Viramos juntas o ano de 2001 para 2002, em Maresias ficou rosa de tanto sol e bem mau humorada de dor e nos embebedamos de vodka na melancia. Fomos juntas na Boogie e juntas pedimos "sex on the beach" e o barman perguntou com ou sem areia, eu não entendi o que estava falando, ela respondeu, sem...rs... Desde então nossas vidas viraram bastante.
Viajei por 2 anos e ela morou sozinha, morou com o Akira, ficou desempregada e foi trabalhar numa agência com a Marina, a louca gerente de marketing da Telefônica Assist, escrevia e-mails engraçadíssimos para alegrar a mim e o Wal na cidade fria. Quando voltei de viagem mandei um email para as amigas ficarem alerta nas vagas de trabalho pq eu estava na área, foi ela que respondeu no mesmo instante: - Me mande seu curriculum agoooora! Mandei! Ela me arrumou o trabalho. Sabe o trabalho da vida? Sim, foi o trabalho da vida, onde eu descobri o que eu queria e o que eu não queria.
Falávamos pouco, mesmo trabalhando no mesmo lugar, correria de agência. Certo dia comentei que tinha muita vontade de morar sozinha mas não dispendia de muuito dinheiro, pois estava no início de carreira, perrengue total e ela sabia muito bem o que era isso! Perguntou quanto eu dispendia, eu disse R$ 200, e ela disse que era exatamente o que ela precisava para compor a grana do aluguel do apartamento que estava procurando. Tinhamos dois apartamentos para ver, mas foi amor à primeira vista e nem vimos a segunda opção.
Moramos na Purpurina x Girassol, que delícia!!! Brigadeiros de colher, último capítulo da novela regado a batida de maracujá e cerveja com as amigas dela que agora são minhas também, jantar na varanda, pufs coloridos pela sala, rock de manhã e mpb à noite, geladeira barulhenta, recado que o pai não poderia ver, mas como era o pai de Guedes, entedeu como coisas da juventude!! Acordava com pouco humor por que odeia acordar cedo, demorava mais de uma hora para encontrar a roupa do dia, a cor do dia, saia ou calça, bota ou tennis, e calcinha e soutien combinando com o tom da roupa, sempre, que orgulho. Meia hora de caminhada até o trem, conversas e desabafos, reclamava que eu andava muito rápido até medir minhas pernas com uma fita métrica e descobrir que tenho 1,01m só de pernas, só a Van mesmo.
Ê Van! Poderia escrever mais um milhão de coisas pois o que não faltam são histórias. Somos do mesmo signo e nascemos no mesmo dia, em anos diferentes. Sexta vc faz 29 e eu 28 em 28 de setembro. Van, dizem que a gente tem vários anjos da guarda, tenho certeza que vc é um deles! Muuuito obrigada por tudo!
sexta-feira, julho 18
é bom ter cautela
com o que se pede. Estava eu achando tudo um saco, desanimada pelos cantos, pedindo agito nesta vida besta. E aí fez sol. E aí a franja ajeitou-se para o lado. E aí coloquei quadros na parede da sala e comprei um baleiro de Kombi. E aí ganhei abraço dos amigos próximos. E aí confirmaram que vou trabalhar no México mês que vem. E hoje dormi bem. Ainda estou na neura por chocolates endórfinos e tensa de vontade por beijos longos. Mas voltei a ter 29 anos.
quarta-feira, julho 16
que houve?
é o que tenho ouvido diariamente, com certa constância, daqueles que convivem comigo (a saber: os colegas de trabalho). Nada, eu respondo. Não houve nada - e vai ver que por isso mesmo mostro essa testa rija, sobrancelhas sérias. Concentração? Venho me flagrando cada vez mais observadora e menos falante. Também me observam e, disto, dei conta desta face sisuda. Mês passado eu não aparentava 29 anos, mas esta semana beiro os 50.
LISTA DAS 10 URGÊNCIAS PARA RECUPERAR A LEVEZA PERDIDA
- Endorfina e serotonia
- Beijo na boca diariamente
- Crescimento extra-ligeiro da franja
- Abraços e carinhos
- Redecoração do lar
- 3 quilos a menos
- Massagem com o Alex
- Entrega dos dois roteiros na camaradagem
- Feedback profissional
- Dormir
Caracteres confessionais. É o fim.
LISTA DAS 10 URGÊNCIAS PARA RECUPERAR A LEVEZA PERDIDA
- Endorfina e serotonia
- Beijo na boca diariamente
- Crescimento extra-ligeiro da franja
- Abraços e carinhos
- Redecoração do lar
- 3 quilos a menos
- Massagem com o Alex
- Entrega dos dois roteiros na camaradagem
- Feedback profissional
- Dormir
Caracteres confessionais. É o fim.
quinta-feira, julho 10
terça-feira, julho 8
nos tempos da purpurina
Setembro 2005 | baita saudade das festinhas lá em casa, quando os esquentas eram no burburinho da esquina da Purpurina com a Girassol. Era quase todo final de semana: os amigos por lá, deixando seu patrimônio à sorte dos puxadores de carro que estraçalham vidros e portas em prol do ganha-pão marginal. Era a turma da Ponto, animadíssima, com meninas sonhando com príncipes encantados sentados na baia ao lado e rapazes interessados em just for fun. Uma fantasia à la Disney que não foi feliz para sempre (pois isso não existe), mas foi importante e divertida.
A maioria dos laços de três anos atrás afrouxou. Sou grata às transformações, logo não sou de apego aos amigos que vão. É insuportável manter relações que já foram. Prefiro abrir espaço aos novos, que ficam pelo tempo que devem ficar. A liberdade de ir e vir, o movimento natural da vida. Eu respeito.
Na foto: Flavius e Cris, meus melhores amigos na ocasião. Hoje, Flavius é meu gato e Cris, nunca mais vi, rumou para outros caminhos. Mas o que me intriga é descobrir de quem é aquele braço ali no canto.
segunda-feira, julho 7
factory girl*
Meu pote de jujubas doces e saborosas,
axuxique como a senhora é. Ontem então, vestidinho vermelho e cano alto, falando sobre merdas e psicologias, arrasou meu coração. No melhor dos sentidos, é claro.
Lês muito bem, flor das laranjeiras.
Mas sabe o que é melhor: andar de braços dados com a senhora pelas ruas da cidade, além de ser uma delícia, agrega valor. Senti-me muito prestigiado, se queres saber.
Cada dia que passa, entre histórias sobre somatização das mentiras em nossas narinas, confissões amorosas e fofoquinhas maldosas - que ninguém é tão santo - a senhora me encanta mais.
Fiquei num baita orgulho ontem, quando vi, um após o outro, todos os seus amigos vindo lhe prestigiar. E sabe o que mais me encheu de maravilhas? um certo olhar brilhante e contemplativo que notei num certo moço grisalho.
Não dou um ano para que as coisas comecem a ser absorvidas com mais propriedade. Você vai ver!
Voltei pra casa ontem muito feliz de saber que sua noite foi como um belo parágrafo bem escrito sobre a vida.
Que saudades que eu tenho do Arthur...
Quanto ao senhor Flávio... nada mal três palmos de costas hein benhê! além dos olhinhos puxados e charmosos! Fica tranquila, baby! Titia aqui te respeita muitíssimo.
Pois bem... tenho que voltar aqui pra meus processos, né? enquanto penso nas coisas que vão acontecer. E, believe me, elas vão acontecer! ahahaha
Eu só estou te escrevendo para, além de bater um papo à toa, verborragicamente despejar sobre a senhora esse carinho que esse meu coração tem por você.
Bjos estralados na anquinha arrebitada,
Fefet.
* carinho recebido em 03jul08, de Fellipe Fernandes, meu Fefet.
Têm sido em suas palavras que ganho felicidade virtual diária.
axuxique como a senhora é. Ontem então, vestidinho vermelho e cano alto, falando sobre merdas e psicologias, arrasou meu coração. No melhor dos sentidos, é claro.
Lês muito bem, flor das laranjeiras.
Mas sabe o que é melhor: andar de braços dados com a senhora pelas ruas da cidade, além de ser uma delícia, agrega valor. Senti-me muito prestigiado, se queres saber.
Cada dia que passa, entre histórias sobre somatização das mentiras em nossas narinas, confissões amorosas e fofoquinhas maldosas - que ninguém é tão santo - a senhora me encanta mais.
Fiquei num baita orgulho ontem, quando vi, um após o outro, todos os seus amigos vindo lhe prestigiar. E sabe o que mais me encheu de maravilhas? um certo olhar brilhante e contemplativo que notei num certo moço grisalho.
Não dou um ano para que as coisas comecem a ser absorvidas com mais propriedade. Você vai ver!
Voltei pra casa ontem muito feliz de saber que sua noite foi como um belo parágrafo bem escrito sobre a vida.
Que saudades que eu tenho do Arthur...
Quanto ao senhor Flávio... nada mal três palmos de costas hein benhê! além dos olhinhos puxados e charmosos! Fica tranquila, baby! Titia aqui te respeita muitíssimo.
Pois bem... tenho que voltar aqui pra meus processos, né? enquanto penso nas coisas que vão acontecer. E, believe me, elas vão acontecer! ahahaha
Eu só estou te escrevendo para, além de bater um papo à toa, verborragicamente despejar sobre a senhora esse carinho que esse meu coração tem por você.
Bjos estralados na anquinha arrebitada,
Fefet.
* carinho recebido em 03jul08, de Fellipe Fernandes, meu Fefet.
Têm sido em suas palavras que ganho felicidade virtual diária.
quinta-feira, julho 3
Marrom glacê
A mocinha andava muito da preocupada. Havia algo que não lhe cheirava bem. Seus passos estavam escorregadios, justo ela, sempre tão equilibrada por conta dos seis dedos que tinha em cada pé. As cores? Não entendia as cores. Gradativamente, o mundo tingia-se de marrom. Sentia-se enganada pelos seus sentidos.
Ao seu redor a vida ocorria como sempre ocorreu. Menos para ela. Para a mocinha, nada dava certo, nada dava, ela mesma não dava de uns tempos pra cá, desde quando pôs reparo em sua preocupação, que virou angustia, que virou paranóia, que virou obsessão por galochas.
Galochas! Sim: galochas protegeriam seus doze dedos das ruas pastosas que cercavam a cidade. Arranjou logo sete pares, um para cada dia da semana. Eram compridas, de grafismos vibrantes, dessas que estão na moda. Quem a encontrava logo dizia “que bonitas suas galochas coloridas”, mas para ela não adiantava, tudo era marrom.
Ao ver a mocinha de galochas andando tão cabisbaixa, o povo pensava que estava apaixonada. Não notavam que seu foco era o chão. Ela não descuidava dos passos por um momento e, de tanto medo de se distrair, decidiu vestir um cabresto. Assim, ela mesma puxava sua cabeça a qualquer tentativa de seu corpo ficar ereto. Para baixo e avante, ela trotava.
A mocinha de galochas e cabresto ainda andava muito da preocupada com os odores da vida. Cismou que precisava de máscaras perfumadas. Mas essas não estavam na moda, nem existiam. Então customizou: comprou caixas de máscaras descartáveis na loja de equipamentos médicos em frente à Santa Casa de Misericórdia e lascou perfume nelas. A princípio o aroma não agradava, mas acostumou-se, acostuma-se com tudo. Só faltava dar jeito nas cores, meu Deus, as cores!
De galochas, cabresto e máscara, a mocinha trotou até a Vinte e cinco de Março em busca de visão multicor. Pediu à vendedora da loja de fantasias que lhe mostrasse os óculos mais coloridos. A vendedora jogou diversos modelos em uma capa de Super-Homem e se abaixou para mostrar a mercadoria, pensando “se aparecer bicho mais corcunda que esse, estoura que é furúnculo”. A mocinha colocou todos os óculos que pôde e foi para o metrô.
Nesse ponto, o povo, que achava graça, agora torcia o nariz. E quando passava a mocinha, viravam a cara. E quando ela tentava mostrar por que o mundo era marrom, o povo escorregava em fuga. Quem seria corajoso o bastante para dar razão à mocinha? Ninguém sentia o que a ela sentia, por isso ninguém entendia.
A mocinha de galochas, cabresto, máscara cirúrgica perfumada e muitos óculos coloridos passou de preocupada a conformada. Preferiu viver na merda a dar explicação.
* apresentado no sarau da academia | 02jul08
Ao seu redor a vida ocorria como sempre ocorreu. Menos para ela. Para a mocinha, nada dava certo, nada dava, ela mesma não dava de uns tempos pra cá, desde quando pôs reparo em sua preocupação, que virou angustia, que virou paranóia, que virou obsessão por galochas.
Galochas! Sim: galochas protegeriam seus doze dedos das ruas pastosas que cercavam a cidade. Arranjou logo sete pares, um para cada dia da semana. Eram compridas, de grafismos vibrantes, dessas que estão na moda. Quem a encontrava logo dizia “que bonitas suas galochas coloridas”, mas para ela não adiantava, tudo era marrom.
Ao ver a mocinha de galochas andando tão cabisbaixa, o povo pensava que estava apaixonada. Não notavam que seu foco era o chão. Ela não descuidava dos passos por um momento e, de tanto medo de se distrair, decidiu vestir um cabresto. Assim, ela mesma puxava sua cabeça a qualquer tentativa de seu corpo ficar ereto. Para baixo e avante, ela trotava.
A mocinha de galochas e cabresto ainda andava muito da preocupada com os odores da vida. Cismou que precisava de máscaras perfumadas. Mas essas não estavam na moda, nem existiam. Então customizou: comprou caixas de máscaras descartáveis na loja de equipamentos médicos em frente à Santa Casa de Misericórdia e lascou perfume nelas. A princípio o aroma não agradava, mas acostumou-se, acostuma-se com tudo. Só faltava dar jeito nas cores, meu Deus, as cores!
De galochas, cabresto e máscara, a mocinha trotou até a Vinte e cinco de Março em busca de visão multicor. Pediu à vendedora da loja de fantasias que lhe mostrasse os óculos mais coloridos. A vendedora jogou diversos modelos em uma capa de Super-Homem e se abaixou para mostrar a mercadoria, pensando “se aparecer bicho mais corcunda que esse, estoura que é furúnculo”. A mocinha colocou todos os óculos que pôde e foi para o metrô.
Nesse ponto, o povo, que achava graça, agora torcia o nariz. E quando passava a mocinha, viravam a cara. E quando ela tentava mostrar por que o mundo era marrom, o povo escorregava em fuga. Quem seria corajoso o bastante para dar razão à mocinha? Ninguém sentia o que a ela sentia, por isso ninguém entendia.
A mocinha de galochas, cabresto, máscara cirúrgica perfumada e muitos óculos coloridos passou de preocupada a conformada. Preferiu viver na merda a dar explicação.
* apresentado no sarau da academia | 02jul08
quarta-feira, julho 2
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