domingo, outubro 21

Quando der vontade...
Chore. Compulsivamente ou discretamente, quando não deu certo, quando ficou envergonhada, colando o rosto na parede mais próxima, usando guardanapo para se secar.
Coma. Faça brigadeiro de devorar na panela, pegue o carro e vá no drive-thru, extermine a última bolacha recheada, salive a sobremesa.
Beije. A própria mão, os joelhos que aconchegam o corpo, um bilhetinho carinhoso, o espelho com vapor do banho, o fiel cachorrinho de pelúcia.
Durma. No sofá, no sofá da casa da mãe, no banco de trás do carro, na areia da praia, na grama do parque, no azulejo da varanda.
Finja. Que esqueceu de ligar, que tomou o remédio, que acabou o trabalho, que está ocupadíssima, que saiu da dieta, que nada a detém.
Toque. Grãos no mercadão, cabelos sedosos, brisas, peles amadas, tecidos, tijolos, folhas aprisionadas nas grades da cidade, a cidade.
Se eu pudesse dar conselho, seria isso. Quem te gosta vai entender.

2 comentários:

Tiago "Kalaes" disse...

Ria...do bichano na rua...dos tropeços de um desconhecido..dos tropeços da vida...com os amigos eternos!!!


Bjos mil

Julia disse...

Sofra. Pelo livro sem final feliz, pela criança que sente fome, pelo trabalho que deu errado, pela letra de música que você não fez, pelo quadro que não pintou, pelo amor que se foi e você nem questionou