Chega dezembro e é batata: corro pra banca da esquina e compro a Nova, a revista da mulher tarada, só pra ler o horóscopo do novo ano que já vem. Em 2008, caiu a ficha e finalmente percebi que as previsões mês a mês nada de significantes traziam: tudo é resolvido com uma lingerie sexy e um novo apetrecho na cama. Então resolvi largar esse vício. Neste ano, comprei a Marie Claire. Chique é ser inteligente.
Foi lá que descobri que 2009 é o ano do astro-rei. Festa para os leoninos, que são regidos pelo Sol. Já para os librianos, fala-se de mudança de casa, mudança na carreira, mudança na família, mudança nas finanças. Era praticamente a campanha do Obama. Mas parodiando Diogo Mainardi num comercial da GNT, “em 2009 eu quero tudo igualzinho, com menos chuva, talvez”.
Tudo, tudo igualzinho: não. Eu gosto de mudar. Minha franja, vítima de todo amor e ódio deste ano, que o diga. E eu gosto de gente que gosta de mudar, de gente que quer. Se você é assim, eu te gosto. E quero que você, que me lê, tenha seus quereres realizados.
E já que as vontades estão sendo reveladas, eu quero para mim um ano com prazeres imediatos, como bolo de cenoura com chocolate, e relações concretas com a famíla e os queridos amigos. Quero ter dinheiro pra viver sem preocupações, impostos justos e um trabalho compensador. Quero estar bonita e feliz. Quero tempo pra lavar o carro, ir no salão, dormir oito horas por noite. Quero política que não nos envergonhe. Menos trânsito, por favor. Mais tolerância, sempre.
Um ano com o sol como regente é para se ter cautela e entrega. O calor que queima, acolhe. O brilho que ilumina, cega. Por isso equilíbrio é meu maior desejo para todos nós, com relações humanas no sentido mais bonito que humanidade pode ter. Uma vida em sociedade, em harmonia, em paz.
E já tá bom desse discurso, que de Madre Tereza, meus amores, eu não tenho nada.
quarta-feira, dezembro 31
quarta-feira, dezembro 24
oração
Meu Deus,
Hoje eu lhe peço que abençoe:
Meu pai, minha mãe, minha madrinha e minha tia Elásia;
Toda a minha família Guedes;
Toda a minha família Souza;
A família Vighy e a família Carvalho;
Todos os meus amigos e seus familiares.
Proteja as mães: Tati, Paty, Dani Alves, Dani Padilha, Ana, Cice;
os pais, esses meus grandes amigos: Flávio, Kerges e Reis;
as meninas: Alê, Mai, Carol, Lu Campos, Lu Ferrarezi;
os meninos: Raul, Fernandinho, Bruno, Guto, Cris.
os literatos: Fefet, Ana Marotta, Debbie, Pri, Danny boy e Doutora Thais;
o Gabz.
Que todos no mundo tenham ao menos um motivo para se ser feliz.
Que todos no mundo possam dar pelo menos uma boa gargalhada.
Que eu seja criativa e produtiva.
Que nenhum mal me alcance.
Me guia, meu Deus, pra que eu me aceite e caminhe para meu melhor.
Obrigada pelo dia de hoje.
Amém.
Hoje eu lhe peço que abençoe:
Meu pai, minha mãe, minha madrinha e minha tia Elásia;
Toda a minha família Guedes;
Toda a minha família Souza;
A família Vighy e a família Carvalho;
Todos os meus amigos e seus familiares.
Proteja as mães: Tati, Paty, Dani Alves, Dani Padilha, Ana, Cice;
os pais, esses meus grandes amigos: Flávio, Kerges e Reis;
as meninas: Alê, Mai, Carol, Lu Campos, Lu Ferrarezi;
os meninos: Raul, Fernandinho, Bruno, Guto, Cris.
os literatos: Fefet, Ana Marotta, Debbie, Pri, Danny boy e Doutora Thais;
o Gabz.
Que todos no mundo tenham ao menos um motivo para se ser feliz.
Que todos no mundo possam dar pelo menos uma boa gargalhada.
Que eu seja criativa e produtiva.
Que nenhum mal me alcance.
Me guia, meu Deus, pra que eu me aceite e caminhe para meu melhor.
Obrigada pelo dia de hoje.
Amém.
segunda-feira, dezembro 22
madonna mia
18 de dezembro de 2008 | Morumbi | São Paulo
Trinta anos, dois meses e vinte dias aguardando.
Mais de uma hora na fila, a maior do mundo.
Alguns minutos de ansiedade. Cerveja?, obrigada.
Começou.
Três horas na ponta dos pés, pescoço esticado, boquiaberta.
Nem os esbarrões, nem a histeria alheia. Nada me abalou.
Maiume me pergunta: - Você não tá mais fumando?
Na pista, só não parei de respirar e de ter todos os sentidos para ela.
O resto, parou tudo. Parou meu universo por Madonna.
E juro, juro que não tenho palavras para descrever o que foi aquilo.
Trinta anos, dois meses e vinte dias aguardando.
Mais de uma hora na fila, a maior do mundo.
Alguns minutos de ansiedade. Cerveja?, obrigada.
Começou.
Três horas na ponta dos pés, pescoço esticado, boquiaberta.
Nem os esbarrões, nem a histeria alheia. Nada me abalou.
Maiume me pergunta: - Você não tá mais fumando?
Na pista, só não parei de respirar e de ter todos os sentidos para ela.
O resto, parou tudo. Parou meu universo por Madonna.
E juro, juro que não tenho palavras para descrever o que foi aquilo.
quinta-feira, dezembro 18
zero de anatomia
- Não entendo, simplesmente não sei como é que funciona.
- O quê?
- Esse negócio no pau.
- Ah mas é muito fácil: é a pelinha.
- Sim, eu já vi de judeu.
- Que não tem, né?
- É. Já até me explicaram, já mostraram e tudo.
- Então você entendeu.
- Não, não entendi! Como é que chama mesmo?
- Prepúcio.
- Isso!, crepúsculo.
- O quê?
- Esse negócio no pau.
- Ah mas é muito fácil: é a pelinha.
- Sim, eu já vi de judeu.
- Que não tem, né?
- É. Já até me explicaram, já mostraram e tudo.
- Então você entendeu.
- Não, não entendi! Como é que chama mesmo?
- Prepúcio.
- Isso!, crepúsculo.
quarta-feira, dezembro 17
na novela das oito
Não nessa, mas na próxima, haverá um adolescente indiano blogueiro. Glória Perez fez workshop com 50 bloqueiros para coletar material, coisa e tal.
Hoje já somos quase 6 milhões só em terras tupiniquins. Consegues dimensionar a que quantidades seremos quando a novela começar?
Ui.
Hoje já somos quase 6 milhões só em terras tupiniquins. Consegues dimensionar a que quantidades seremos quando a novela começar?
Ui.
axl guedes
1991, Colégio Sion
evento: Show de Talentos da 6a série
missão: apresentação musical
estratégia: fazer cover do Guns n´Roses
motivo: por que eu tinha certeza que me casaria com o Axl, oras
No auge dos 12 anos, era óbvio que Axl Rose seria meu primeiro e único homem na vida. Éramos tão parecidos, com o mesmo cabelo, lisinho e de franja, que então eu convenci o grupo, fiz chantagem, fiz bico, até que consegui, enfim, ser Axl Rose por uma tarde: uma legging de lycra preta customizada com "xizinhos" de metal, uma camiseta rasgada, bandana, boné, óculos, meu primeiro coturno.
No repertório, duas das minhas prediletas na época: abrimos com Patience, maior sucesso da parada, e eu ficava rebolando e alisando o microfone igual ele faz no clipe. E fechamos com um estouro, eu pulando pra todo lado cantando In the jungle/ welcome to the jungle/ watch it bring you to you shun/ "na-na-na-na-na-na-ni-niiii"/ uohgh!/ I wanna watch you bleed.
Esse griteiro, segundo o google, é, na verdade: "n,n,n,n,,n,n,,n,n,n,,n,n,,n knees, knees". Mas who cares? Eu me divirto horrores toda vez que toca no rádio, fico dançando igual meus 12 anos. E lembrei de Axl, meu primeiro amor de groupie, por conta do lançamento quase póstumo de Chinese Democracy. Que não ouvi ainda. Mas who cares mesmo?
Axl fez crescer meu interesse pelas aulas de inglês. Axl me levou pro rock. Axl acirrou meu desejo por uma calça de couro. Axl me fez fumar o primeiro Marlboro, escondida no banheiro da escola. Axl fez minha mãe comprar milhares de bandanas. Axl foi o primeiro disco com minha mesada. Axl foi o primeiro grande show que não fui, pois adulto nenhum quis me levar.
Hoje acho estudar inglês um porre. Amo rock. Ainda não tive uma calça de couro. Só fui fumar mesmo com 23 anos. Odeio bandana. Maiume baixa músicas pra mim. E vou no show da Madonna amanhã.
Madonna amanhã.
Madonna amanhã.
Madonna amanhã.
...
evento: Show de Talentos da 6a série
missão: apresentação musical
estratégia: fazer cover do Guns n´Roses
motivo: por que eu tinha certeza que me casaria com o Axl, oras
No auge dos 12 anos, era óbvio que Axl Rose seria meu primeiro e único homem na vida. Éramos tão parecidos, com o mesmo cabelo, lisinho e de franja, que então eu convenci o grupo, fiz chantagem, fiz bico, até que consegui, enfim, ser Axl Rose por uma tarde: uma legging de lycra preta customizada com "xizinhos" de metal, uma camiseta rasgada, bandana, boné, óculos, meu primeiro coturno.
No repertório, duas das minhas prediletas na época: abrimos com Patience, maior sucesso da parada, e eu ficava rebolando e alisando o microfone igual ele faz no clipe. E fechamos com um estouro, eu pulando pra todo lado cantando In the jungle/ welcome to the jungle/ watch it bring you to you shun/ "na-na-na-na-na-na-ni-niiii"/ uohgh!/ I wanna watch you bleed.
Esse griteiro, segundo o google, é, na verdade: "n,n,n,n,,n,n,,n,n,n,,n,n,,n knees, knees". Mas who cares? Eu me divirto horrores toda vez que toca no rádio, fico dançando igual meus 12 anos. E lembrei de Axl, meu primeiro amor de groupie, por conta do lançamento quase póstumo de Chinese Democracy. Que não ouvi ainda. Mas who cares mesmo?
Axl fez crescer meu interesse pelas aulas de inglês. Axl me levou pro rock. Axl acirrou meu desejo por uma calça de couro. Axl me fez fumar o primeiro Marlboro, escondida no banheiro da escola. Axl fez minha mãe comprar milhares de bandanas. Axl foi o primeiro disco com minha mesada. Axl foi o primeiro grande show que não fui, pois adulto nenhum quis me levar.
Hoje acho estudar inglês um porre. Amo rock. Ainda não tive uma calça de couro. Só fui fumar mesmo com 23 anos. Odeio bandana. Maiume baixa músicas pra mim. E vou no show da Madonna amanhã.
Madonna amanhã.
Madonna amanhã.
Madonna amanhã.
...
sexta-feira, dezembro 12
sexta-feira, dezembro 5
confissões
vanguedes:
Confesso que li e que seu texto foi aplaudido de pé, com u-hus e calores por todo o sarau. Agora, confesso novamente que quero o texto no meu blog. Já!
E então: cederás à tentação e enviarás o texto pra mim?
beijoca-apaixonada.
.vanz..
fellipefernandes:
Meu risoto de camarão e castanhas,
sabe, se você quer, tudo bem. Tanta gente já viu mesmo, já estou ferrado e pronto para pegar o trem dos pecadores... faz de mim o instrumento de vossa vontade.(...)
Fiquei muito lisonjeado e, claro, um tanto preocupado, porque ainda tenho medo daquele texto (mesmo diante de algumas manifestações favoráveis).
Eu tinha me proposto a lê-lo neste sarau e escreveria algo que se encaixasse também ao tema. Não deu.
Me doeu não participar do nosso último encontro.
Já soube por meio de Ana e Débora algumas novidades de ontem. Não soube de tudo. Mas tenho uma certeza que não me escapa: as palmas não foram só para o texto (...)
Te adoro. Que saiba.
beijo na curva modelo 2009,
eu.
Confesso que li e que seu texto foi aplaudido de pé, com u-hus e calores por todo o sarau. Agora, confesso novamente que quero o texto no meu blog. Já!
E então: cederás à tentação e enviarás o texto pra mim?
beijoca-apaixonada.
.vanz..
fellipefernandes:
Meu risoto de camarão e castanhas,
sabe, se você quer, tudo bem. Tanta gente já viu mesmo, já estou ferrado e pronto para pegar o trem dos pecadores... faz de mim o instrumento de vossa vontade.(...)
Fiquei muito lisonjeado e, claro, um tanto preocupado, porque ainda tenho medo daquele texto (mesmo diante de algumas manifestações favoráveis).
Eu tinha me proposto a lê-lo neste sarau e escreveria algo que se encaixasse também ao tema. Não deu.
Me doeu não participar do nosso último encontro.
Já soube por meio de Ana e Débora algumas novidades de ontem. Não soube de tudo. Mas tenho uma certeza que não me escapa: as palmas não foram só para o texto (...)
Te adoro. Que saiba.
beijo na curva modelo 2009,
eu.
Comunhão
por Fellipe Fernandes
Eu, não podendo ter lubrificante em casa, engordurava a cabeça do meu pau com margarina Delícia, que ninguém desconfiava. Abria a porta da geladeira e a cozinha escura revelava-se num trapézio de luz, as listras do chão, depois os pés da mesa, as cadeiras, as laranjas na fruteira e Cátia de quatro no banco de madeira, sustentada pelos cotovelos em ângulos retos no mármore do tampo, à espera de ser batizada.
A calcinha enrolada nos joelhos, um peito dependurado, o outro escapulindo pelo sutiã fora de eixo, e os olhos inquietos em seu abre-fecha, o terceiro mais que os gêmeos, no relanceio divino de um homem que se aproximava contra-luz, difuso, salmodiando algo que ela não ouvia, mas entendia perfeitamente, porque saiam de minha boca com o gosto de vinho e pão não-fermentado da missa da hora anterior.
O cheiro de frango e quiabo fugindo da marmita sobre o fogão lembrava-me que Cátia deveria voltar logo à santa ceia da família e que, enquanto sentia nos meus dedos o aperto das pregas do seu cu, quebrando a rotina da cozinha paroquial e, obviamente, o nono mandamento da lei de Deus com ranhos e bafos, confessávamos, os dois, a Deus todo-poderoso, como faço agora a vós, irmãos e irmãs, que pecávamos muitas vezes, sempre depois das missas de sábado, por atos, palavras, gordura vegetal e tesão.
O marido alimentava os filhos em casa e eu assava Cátia no inferno de minhas veias, do sangue acumulado nelas, de meus pêlos contra a carne macia dos cremes noturnos e diários, agarrando os cabelos com a mão limpa para não ter jamais que apelar aos céus a misericórdia da não-desconfiança no lar sagrado daquele homem que, desajeitado e omisso, cumpria seus deveres aos domingos, ainda assim passíveis de suspensão quando quaresma chegasse.
Firmei-me no pescoço com a direita e com a esquerda impulsionei meus movimentos quando sentia que ficavam lentos. É que demoro a gozar, você sabe. Afasta essa perna, putinha. Você gosta, hã? Gosta de dar essa bunda, é? Gosta? Gosta desse macho, é? Fala, sua puta: e ela atravessava um sim nas ranhuras da língua e pedia mais, mais, mais, mais, e o tapa estralava no rabo corado, forte e firme, para depois me deitar no dorso, morder as costelas e esperar o arrepio. Safada.
Quando sentia, por fim, a margarina desimpedir a textura, pedia que trancasse minha rola e acelerava. Dizia ao meu cacete: recebe, cara, por minhas mãos este sacrifício, para a glória do seu nome, para nosso bem e de nossa parceria eterna. O suor escorria em meu rosto, salgava e ardia, e Cátia implorava que parasse, rogando uns valha-me Senhor, pára, pára, não pára, pára, não pára, e ouvia a prece até sentir que o céu se abriria, quente, leitoso.
E fazia a mulher pagar a penitência do pecado de não ter agüentado até o fim. Ajoelha aí e abre essa boca. Ela obedecia. Puxava-a para mais perto e consagrava a eucaristia em seu rosto: este é o meu corpo, o meu sangue. Tomava do gozo três, quatro jatos, arfando no hálito quente da cozinha fechada, exalando a frango, quiabo e suor, enquanto me dizia, ela lambendo os próprios lábios: eis aqui o mistério da fé.
Levantou-se, foi ao banheiro e voltou, longe de estar arrependida, me dizendo:
- Não sou digna de que entre em minha morada, mas diz só uma palavra e ela será sua.
- Ter mais do que já tenho é gula, querida, e gula é pecado. Agora vai para casa.
- A sua benção, padre.
Beijou-me então a mão esporrada e foi embora cuidar do marido, que também é filho de Deus.
Eu, não podendo ter lubrificante em casa, engordurava a cabeça do meu pau com margarina Delícia, que ninguém desconfiava. Abria a porta da geladeira e a cozinha escura revelava-se num trapézio de luz, as listras do chão, depois os pés da mesa, as cadeiras, as laranjas na fruteira e Cátia de quatro no banco de madeira, sustentada pelos cotovelos em ângulos retos no mármore do tampo, à espera de ser batizada.
A calcinha enrolada nos joelhos, um peito dependurado, o outro escapulindo pelo sutiã fora de eixo, e os olhos inquietos em seu abre-fecha, o terceiro mais que os gêmeos, no relanceio divino de um homem que se aproximava contra-luz, difuso, salmodiando algo que ela não ouvia, mas entendia perfeitamente, porque saiam de minha boca com o gosto de vinho e pão não-fermentado da missa da hora anterior.
O cheiro de frango e quiabo fugindo da marmita sobre o fogão lembrava-me que Cátia deveria voltar logo à santa ceia da família e que, enquanto sentia nos meus dedos o aperto das pregas do seu cu, quebrando a rotina da cozinha paroquial e, obviamente, o nono mandamento da lei de Deus com ranhos e bafos, confessávamos, os dois, a Deus todo-poderoso, como faço agora a vós, irmãos e irmãs, que pecávamos muitas vezes, sempre depois das missas de sábado, por atos, palavras, gordura vegetal e tesão.
O marido alimentava os filhos em casa e eu assava Cátia no inferno de minhas veias, do sangue acumulado nelas, de meus pêlos contra a carne macia dos cremes noturnos e diários, agarrando os cabelos com a mão limpa para não ter jamais que apelar aos céus a misericórdia da não-desconfiança no lar sagrado daquele homem que, desajeitado e omisso, cumpria seus deveres aos domingos, ainda assim passíveis de suspensão quando quaresma chegasse.
Firmei-me no pescoço com a direita e com a esquerda impulsionei meus movimentos quando sentia que ficavam lentos. É que demoro a gozar, você sabe. Afasta essa perna, putinha. Você gosta, hã? Gosta de dar essa bunda, é? Gosta? Gosta desse macho, é? Fala, sua puta: e ela atravessava um sim nas ranhuras da língua e pedia mais, mais, mais, mais, e o tapa estralava no rabo corado, forte e firme, para depois me deitar no dorso, morder as costelas e esperar o arrepio. Safada.
Quando sentia, por fim, a margarina desimpedir a textura, pedia que trancasse minha rola e acelerava. Dizia ao meu cacete: recebe, cara, por minhas mãos este sacrifício, para a glória do seu nome, para nosso bem e de nossa parceria eterna. O suor escorria em meu rosto, salgava e ardia, e Cátia implorava que parasse, rogando uns valha-me Senhor, pára, pára, não pára, pára, não pára, e ouvia a prece até sentir que o céu se abriria, quente, leitoso.
E fazia a mulher pagar a penitência do pecado de não ter agüentado até o fim. Ajoelha aí e abre essa boca. Ela obedecia. Puxava-a para mais perto e consagrava a eucaristia em seu rosto: este é o meu corpo, o meu sangue. Tomava do gozo três, quatro jatos, arfando no hálito quente da cozinha fechada, exalando a frango, quiabo e suor, enquanto me dizia, ela lambendo os próprios lábios: eis aqui o mistério da fé.
Levantou-se, foi ao banheiro e voltou, longe de estar arrependida, me dizendo:
- Não sou digna de que entre em minha morada, mas diz só uma palavra e ela será sua.
- Ter mais do que já tenho é gula, querida, e gula é pecado. Agora vai para casa.
- A sua benção, padre.
Beijou-me então a mão esporrada e foi embora cuidar do marido, que também é filho de Deus.
terça-feira, dezembro 2
segunda-feira, dezembro 1
sarau | erótica!
dezembrando
to: Ale Grega; Mai Pex
Amada Tríade,
preparem-se para um dezembro duka. Pra começar tem MADONNA! O resto que se foda.
::: manhã de sol, segunda-feira sem trânsito: boas-vindas a ti, dezembro, que és uma loucura, mas também uma delícinha.cremosa. Amo-te. Pela festa da firma. Pelo especial do Rei. Reencontro com a turma. Amiga-calcinha. Férias da molecada. Ceia com missa do galo. Sol. E a sonhada viagem de fim de ano.
Depois começa tudo de novo com promessa de um jeito novo.
Amada Tríade,
preparem-se para um dezembro duka. Pra começar tem MADONNA! O resto que se foda.
::: manhã de sol, segunda-feira sem trânsito: boas-vindas a ti, dezembro, que és uma loucura, mas também uma delícinha.cremosa. Amo-te. Pela festa da firma. Pelo especial do Rei. Reencontro com a turma. Amiga-calcinha. Férias da molecada. Ceia com missa do galo. Sol. E a sonhada viagem de fim de ano.
Depois começa tudo de novo com promessa de um jeito novo.
quinta-feira, novembro 27
minha santa
de santa catarina: só hoje consegui falar com os meus de lá. estão bem. longe da tragédia. mas com a impotência que todos sentem. eu sinto. eu chorei quando vi a estrada que desapareceu. lembrei o quanto adoro ir de carro pra lá, pra me perder na visão dos morros. tudo verde com o cheiro de lá. tudo céu azul de lá. que agora não tem. que agora é marrom de lodo. lama.
terça-feira, novembro 25
tati cristina barcelona
... e durante o filme todinho, uma saudade de Barcelona, gostosa de sentir. E ,também, lembranças da minha Tati, que foi com a cara, a coragem e a máquina fotográfica atrás do sonho [essas são fotos delas nos tempos de lá].
Acreditem quando lhes garanto que Tati já foi loira como a Scarlet Johansson, mas se ela já teve uma doida-gostosa como a Penélope ou um delicioso Javier em sua vida... ah... aí eu não sei.
Eu sei que fiquei com vontade de ser Cristina. O artista talentoso eu já tenho.
Acreditem quando lhes garanto que Tati já foi loira como a Scarlet Johansson, mas se ela já teve uma doida-gostosa como a Penélope ou um delicioso Javier em sua vida... ah... aí eu não sei.
Eu sei que fiquei com vontade de ser Cristina. O artista talentoso eu já tenho.
domingo, novembro 16
a conta
E depois da festa do estica-e-puxa, chega a hora da conta.
ACEITA-SE FREELAS. De criação. Eu tô falando sério. Muitíssimo.
Gostas do meu trabalho? Interessou? Tem algo aí pra mim?
Entre em contato que eu tô pegando.
ACEITA-SE FREELAS. De criação. Eu tô falando sério. Muitíssimo.
Gostas do meu trabalho? Interessou? Tem algo aí pra mim?
Entre em contato que eu tô pegando.
a outra
Ela me olha como se me conhecesse há tempos. Encara com um sorriso ainda forçado. Estica a língua para o alto até tocar a ponta do nariz - não consegue mais. Ri com a boca bem aberta, quase se vê a goela. Já não liga para pontos verdes e roxos na face, nem para o inchaço. Eu assusto: meio batatinha, ainda torto? Ela me ouve, me diz "tempo ao tempo, dois meses é o mínimo para o final". E eu aceito o que ela diz, desde ontem, quando se revelou.
Ela sou meu reflexo, estranhamente novo com um algo familiar.
Ela sou meu reflexo, estranhamente novo com um algo familiar.
terça-feira, novembro 11
agraciada
Os últimos dias estão cheios de atenções. São carinhos que eu sempre tive e não notava | Precisou estar estática para perceber, para permitir | Um recado na caixa postal, um msn, um post. Uma foto. Um alô, um olhar. Um amigo de 11 anos. E um apaixonado "você tá tão engraçada rindo assim" | Coleciono fofurices | Mesmo de gesso na cara, pálpebras cor de oliva com riscos de delineador beterraba, mesmo inchada e sem conseguir tomar banho sozinha, mesmo obrigada a ficar quieta e a ser lerda... | Assim e talvez por isso, estou plena: da vida compartilhada e dos amigos que me dão a honra de compartilhar as suas vidas. Namastê.
3.0 remasterizada
Tudo começou numa oficina de caricatura. Eu exagerei os grandes olhos de Alexsandra enquanto ela exagerou meu nariz torto. Meu nariz? Torto? E assim, aos 19 anos, eu enfim soube da verdade absoluta: eu tinha nariz turco e torto.
Você, mulher, deve ver algo em seu reflexo que lhe deixa maluca de raiva. Celulite, gordura localizada, flacidez, dentes, sudorese exasperada, cabelo que não ajeita, estrias, vasinhos, olhos, bochecha, peito, barriga, bunda, tudo caído! Ai que horror! Então você entende meu drama ao descobrir que, além de tudo, eu ainda tinha um nariz torto!
Graças ao bom Deus que com os anos as pessoas vão se aceitando - e se acertando. Você conhece novas técnicas, novos profissionais, novas atitudes que lhe dão confiança para largar os traumas juvenis e ir adiante. A vida segue bela... Até o dia em que uma radiografia confirma: sua napa torta foi causada por uma porrada que você levou. Sabe aquela vez que você ficou de pé no gira-gira, imitando a Mulher Maravilha, e voou pela tangente e arrebentou a testa? Então, provavelmente foi ali que seu nariz nunca mais foi o mesmo.
Descoberta a fratura, descobriu-se o problema de septo. O corpo, mui sábio, produziu bastante cartilagem para manter a respiração intacta. Isso é igual a nariz cada vez mais torto... torto... torto... E as pessoas dizendo "tem seu charme", "achei que você era grega", "se você não falasse eu nem notaria"... mas não adiantava. Eu já tinha decidido. E já que era pra entrar na faca, vamos fazer tudo de uma vez! [pausa: lembra da gordura localizada? como esquece-la! depois de eliminar 10 kg, era só destruir os pneus de boeing e voilá!]. Faltava apenas encontrar o momento certo e levantar a grana.
O problema é que o momento certo e a grana estavam demorando muito pra acontecer. E quem sabe faz a hora! Então, dia 07 de novembro, eu fiz: arrumei o septo, desentortei a napa e eliminei a graxa extra. Alexsandra, ela mesma, foi enfermeira nas fatídicas primeiras 48 horas. Passou pelo inferno, a coitada! Teve que trocar muitos curativos, ver sangue e fingir naturalidade, dar banho e esfregar a cola do esparadrapo, fazer comida, limpar o chão, carregar minha bolsa, ser meu shuttle, colocar a cinta pós-cirúrgica, me ver pelada e toda roxa, me vestir, me dar remédio, aguentar meus lamentos e ainda dormir comigo. Mas quer saber? Foi divertido assim.
Obrigada, Grega. Mas pare de ser tão observadora, que eu já tô devendo horrores pra minha mãe!
Você, mulher, deve ver algo em seu reflexo que lhe deixa maluca de raiva. Celulite, gordura localizada, flacidez, dentes, sudorese exasperada, cabelo que não ajeita, estrias, vasinhos, olhos, bochecha, peito, barriga, bunda, tudo caído! Ai que horror! Então você entende meu drama ao descobrir que, além de tudo, eu ainda tinha um nariz torto!
Graças ao bom Deus que com os anos as pessoas vão se aceitando - e se acertando. Você conhece novas técnicas, novos profissionais, novas atitudes que lhe dão confiança para largar os traumas juvenis e ir adiante. A vida segue bela... Até o dia em que uma radiografia confirma: sua napa torta foi causada por uma porrada que você levou. Sabe aquela vez que você ficou de pé no gira-gira, imitando a Mulher Maravilha, e voou pela tangente e arrebentou a testa? Então, provavelmente foi ali que seu nariz nunca mais foi o mesmo.
Descoberta a fratura, descobriu-se o problema de septo. O corpo, mui sábio, produziu bastante cartilagem para manter a respiração intacta. Isso é igual a nariz cada vez mais torto... torto... torto... E as pessoas dizendo "tem seu charme", "achei que você era grega", "se você não falasse eu nem notaria"... mas não adiantava. Eu já tinha decidido. E já que era pra entrar na faca, vamos fazer tudo de uma vez! [pausa: lembra da gordura localizada? como esquece-la! depois de eliminar 10 kg, era só destruir os pneus de boeing e voilá!]. Faltava apenas encontrar o momento certo e levantar a grana.
O problema é que o momento certo e a grana estavam demorando muito pra acontecer. E quem sabe faz a hora! Então, dia 07 de novembro, eu fiz: arrumei o septo, desentortei a napa e eliminei a graxa extra. Alexsandra, ela mesma, foi enfermeira nas fatídicas primeiras 48 horas. Passou pelo inferno, a coitada! Teve que trocar muitos curativos, ver sangue e fingir naturalidade, dar banho e esfregar a cola do esparadrapo, fazer comida, limpar o chão, carregar minha bolsa, ser meu shuttle, colocar a cinta pós-cirúrgica, me ver pelada e toda roxa, me vestir, me dar remédio, aguentar meus lamentos e ainda dormir comigo. Mas quer saber? Foi divertido assim.
Obrigada, Grega. Mas pare de ser tão observadora, que eu já tô devendo horrores pra minha mãe!
quarta-feira, novembro 5
Cordeiro
Fechamos a porta e os vitrôs. Colocamos a revista de sacanagem na bancada. Ficamos admirando a capa. Bonita a moça, lembrava nossa mãe. Eu virei as primeiras páginas. Chato, muita propaganda. Betinho se irritou e foi logo para as páginas do meio. Agora sim, a moça arreganhada. Ele baixou a tampa da privada, sentou relaxado, abriu o zíper, puxou a revista para ele e o pau pra fora. Eu fiz igual. Abri meu zíper, deixei a calça ir até os joelhos e comecei.
Betinho folheava com uma mão e acelerava com a outra. Não olhava para mim. Eu só olhava para ele. Ele mordia a boca, fechava os olhos, esticava as pernas. Eu só olhava. Ele soltava uns grunhidos. Eu sorria. Ele notou. E me tragou com olhos de sacana e largou a revista para pegar em minha mão. Fiquei de frente pra ele. Ele encarou minha barriga, abraçou minha cintura. Enfiou-se com os dez dedos no meio das minhas coxas, com força. Arranhando. A língua circulava entre meu umbigo e os pêlos finos. A respiração dele tão pesada, úmida. Eu acarinhando seus cachos, minha cabeça zonza inclina para o teto. A luz do fim de tarde deixando a vida avermelhada. Os cacetes, vermelhos.
Meus braços apoiados no box. Encostei meu queixo no peito para viajar naquele vai-e-vem de Roberto: me engolia. Lambia meu saco, mordiscava-me a pele, agarrava minha bunda. Eu amava. Ele me pôs de costas, me inclinou, me abriu. Eu escorregava. Ele enfiou os dedos, dois, três. Eu cedia. Ele soprou-me as costas. Eu tremi, quero agora. Ele me sentou em cima dele. As duas mãos nos ossos da minha bacia, dedilhando a virilha. A cabeça brincando, indo de lá pra cá, tentando me entrar. O primeiro encontro. Meu respirar preso. A cabeça entra rápida. Dor. Dor boa. Vou escorregando, pouco a pouco. Vou deslizando no pau. Desço. Forço um pouquinho. Desço. Afundo. Atolo minhas unhas nele. Ele geme no meu cérebro, gostoso. Roberto me aperta no seu dorso, me eleva e me derruba, quantas vezes quer. Eu deixo. Eu gozo. Ele esparrama em nós. Levanta meu corpo, rápido. Sua porra ainda espirra em mim. Pega uma toalha qualquer e limpa meu carinho.
Estou em pé. Ele beija-me o cu, esfrega boca e narinas até a nuca. Viro. Estamos sem dizeres. Faço Roberto me encarar. Larápio, digo: a coleção de latinhas é minha.
Betinho folheava com uma mão e acelerava com a outra. Não olhava para mim. Eu só olhava para ele. Ele mordia a boca, fechava os olhos, esticava as pernas. Eu só olhava. Ele soltava uns grunhidos. Eu sorria. Ele notou. E me tragou com olhos de sacana e largou a revista para pegar em minha mão. Fiquei de frente pra ele. Ele encarou minha barriga, abraçou minha cintura. Enfiou-se com os dez dedos no meio das minhas coxas, com força. Arranhando. A língua circulava entre meu umbigo e os pêlos finos. A respiração dele tão pesada, úmida. Eu acarinhando seus cachos, minha cabeça zonza inclina para o teto. A luz do fim de tarde deixando a vida avermelhada. Os cacetes, vermelhos.
Meus braços apoiados no box. Encostei meu queixo no peito para viajar naquele vai-e-vem de Roberto: me engolia. Lambia meu saco, mordiscava-me a pele, agarrava minha bunda. Eu amava. Ele me pôs de costas, me inclinou, me abriu. Eu escorregava. Ele enfiou os dedos, dois, três. Eu cedia. Ele soprou-me as costas. Eu tremi, quero agora. Ele me sentou em cima dele. As duas mãos nos ossos da minha bacia, dedilhando a virilha. A cabeça brincando, indo de lá pra cá, tentando me entrar. O primeiro encontro. Meu respirar preso. A cabeça entra rápida. Dor. Dor boa. Vou escorregando, pouco a pouco. Vou deslizando no pau. Desço. Forço um pouquinho. Desço. Afundo. Atolo minhas unhas nele. Ele geme no meu cérebro, gostoso. Roberto me aperta no seu dorso, me eleva e me derruba, quantas vezes quer. Eu deixo. Eu gozo. Ele esparrama em nós. Levanta meu corpo, rápido. Sua porra ainda espirra em mim. Pega uma toalha qualquer e limpa meu carinho.
Estou em pé. Ele beija-me o cu, esfrega boca e narinas até a nuca. Viro. Estamos sem dizeres. Faço Roberto me encarar. Larápio, digo: a coleção de latinhas é minha.
sucumbi
...era preciso. Após a oficina de tema erótico, com o Marcelino Freire. Foi foda daqui, foda de lá, e eu me dei ao Marlborão vermelho. Fiquei tontinha e tudo. Veja aí no texto acima se não merecia um trago no final.
terça-feira, novembro 4
minha vida, sem vícios
O velho blablabla do chocolate, proibido por São José, blablabla de novo, coisa que quem acompanha o blog - ou minha vida - já sabe, já cansou de ler.
Então, a Lei Seca. Mulher 1.0 flex, excelente relação custo x benefício, desenvolve bem com pouco e qualquer combustível. Bebo pouco, o suficiente.
Drogas pesadas, sou puro cagaço: angústia só de pensar num pó no meu nariz. Pico na veia, tremo toda de medo. Pilulinhas = falência dos rins. Não rola.
Se você sabe que vejo o namorado só uma vez por semana, imagina também que trepo uma vez por semana. Sexo não é meu vício, adoraria se fosse.
Nicotina, essa sim: meu vício. E hoje tive de parar (por conta da cirurgia que farei na sexta dia 7). Justo agora, que tô um tanto tensa com a transformação via bisturi, o cigarro estava como uma bela muleta. Que me tiraram. Mas como milagre, eu não caí.
Então, a Lei Seca. Mulher 1.0 flex, excelente relação custo x benefício, desenvolve bem com pouco e qualquer combustível. Bebo pouco, o suficiente.
Drogas pesadas, sou puro cagaço: angústia só de pensar num pó no meu nariz. Pico na veia, tremo toda de medo. Pilulinhas = falência dos rins. Não rola.
Se você sabe que vejo o namorado só uma vez por semana, imagina também que trepo uma vez por semana. Sexo não é meu vício, adoraria se fosse.
Nicotina, essa sim: meu vício. E hoje tive de parar (por conta da cirurgia que farei na sexta dia 7). Justo agora, que tô um tanto tensa com a transformação via bisturi, o cigarro estava como uma bela muleta. Que me tiraram. Mas como milagre, eu não caí.
quinta-feira, outubro 30
A primeira
Quando aconteceu, eu não vi.
Era 1991, recém quinze anos plenos de umas tetas fartas que estavam para despontar e uma cintura que não vingava por nada. Estamos no tempo em que três ou quatro cervejas faziam efeito devastador.
Status social eram festinhas nos apartamentos dos meninos do colegial, que já conquistaram a liberdade da casa livre por um final de semana. “É pra chamar só os amiguinhos, tá meu filho?”. Mas os primeiros convidados eram as meninas da oitava série, as que nunca davam trela para os rapazotes de catorze.
Chegávamos todas juntas. A liberdade a cada passo, a blusinha nova da C&A, o luxo possível. Bebidas compradas no posto de gasolina eram o passe para os caras. Às moças, decotes e fendas lhe bastavam – e um pouco de boa disposição ao que viria: bailinho, luz baixa, latinhas e garrafas dançando entre as mãos, já os cigarros diversos proliferando juntos com o estrógeno, dando uma de difícil, e a testosterona, inundando o ambiente.
Minha habilidade política inata me fez popular neste cenário. Sabia dos assuntos delas, sabia dos interesses deles. E como uma autêntica cafetina, unia-os em prol do furor juvenil traduzido em beijos afobados, mãos aceleradas e correria para a intimidade de banheiros, quartos, área de serviço. Minha diversão era armar o palco para as gabações e as fofocas da segunda-feira.
Quanto a mim, já disse, era tempo das quatro cervejas que me bastavam.
Gosto desta coisa do relax etílico desde então. A companhia das garrafas de importados, dispostas no tapete, noite a noite. O sofá me tragando em seus beijos almofadados. Mas naquele outubro, naquela classe média alta, foi o quarto de casal que me teve: largada, espaçosa. Feliz. Até que um peso. Umas mãos forçosas. Um bafo. Um sacudir. Um não, não ouvido. Um sem saber.
Quando aconteci, eu não vi.
[sarau | 29out]
Era 1991, recém quinze anos plenos de umas tetas fartas que estavam para despontar e uma cintura que não vingava por nada. Estamos no tempo em que três ou quatro cervejas faziam efeito devastador.
Status social eram festinhas nos apartamentos dos meninos do colegial, que já conquistaram a liberdade da casa livre por um final de semana. “É pra chamar só os amiguinhos, tá meu filho?”. Mas os primeiros convidados eram as meninas da oitava série, as que nunca davam trela para os rapazotes de catorze.
Chegávamos todas juntas. A liberdade a cada passo, a blusinha nova da C&A, o luxo possível. Bebidas compradas no posto de gasolina eram o passe para os caras. Às moças, decotes e fendas lhe bastavam – e um pouco de boa disposição ao que viria: bailinho, luz baixa, latinhas e garrafas dançando entre as mãos, já os cigarros diversos proliferando juntos com o estrógeno, dando uma de difícil, e a testosterona, inundando o ambiente.
Minha habilidade política inata me fez popular neste cenário. Sabia dos assuntos delas, sabia dos interesses deles. E como uma autêntica cafetina, unia-os em prol do furor juvenil traduzido em beijos afobados, mãos aceleradas e correria para a intimidade de banheiros, quartos, área de serviço. Minha diversão era armar o palco para as gabações e as fofocas da segunda-feira.
Quanto a mim, já disse, era tempo das quatro cervejas que me bastavam.
Gosto desta coisa do relax etílico desde então. A companhia das garrafas de importados, dispostas no tapete, noite a noite. O sofá me tragando em seus beijos almofadados. Mas naquele outubro, naquela classe média alta, foi o quarto de casal que me teve: largada, espaçosa. Feliz. Até que um peso. Umas mãos forçosas. Um bafo. Um sacudir. Um não, não ouvido. Um sem saber.
Quando aconteci, eu não vi.
[sarau | 29out]
terça-feira, outubro 28
estréia
Enfim, queimalinguei no blog coletivo das cinco pin-ups, com dois posts.
Um já conhecido deste Prosa Presa. Outro, o inédito Maria Francesa.
Vá já para http://queimalingua.wordpress.com
Se eu soubesse inserir link, juro que fazia isso pra te facilitar a vida. Mas não sabendo, recomendo o velho "copia e cola na URL" que funciona que é uma maravilha.
Um já conhecido deste Prosa Presa. Outro, o inédito Maria Francesa.
Vá já para http://queimalingua.wordpress.com
Se eu soubesse inserir link, juro que fazia isso pra te facilitar a vida. Mas não sabendo, recomendo o velho "copia e cola na URL" que funciona que é uma maravilha.
segunda-feira, outubro 27
sexta-feira, outubro 24
pelo calor de Deus
Nesta sexta-feira, eu queria tanto uma calçaca com ar morno e cerveja gelada, na rua do bairro que eu sonho morar, no bar que é como minha casa. Com poucos e bons amigos, com menos pompa e mais amendoim.
No sábado, eu quero que o moço da NET conserte o decoder e eu volte a assistir a todos os canais que não posso ver desde que a Globo travou na minha TV e nunca mais partiu.
Depois quero unhas com esmalte diferente. E almoço com meus pais. E mais a noite encontrar meu gato, ficar linda pra ele rodopiar comigo na festa da minha amiga Marianita Buena Onda.
No domingo, eu quero ficar na cama até a hora que quiser. Levantar só pra fazer xixi, ter um brunch e voltar pra cama. Pra não dormir.
E na segunda-feira, voltar a 120km/h. Que eu tô adorando dirigir em alta.
No sábado, eu quero que o moço da NET conserte o decoder e eu volte a assistir a todos os canais que não posso ver desde que a Globo travou na minha TV e nunca mais partiu.
Depois quero unhas com esmalte diferente. E almoço com meus pais. E mais a noite encontrar meu gato, ficar linda pra ele rodopiar comigo na festa da minha amiga Marianita Buena Onda.
No domingo, eu quero ficar na cama até a hora que quiser. Levantar só pra fazer xixi, ter um brunch e voltar pra cama. Pra não dormir.
E na segunda-feira, voltar a 120km/h. Que eu tô adorando dirigir em alta.
quarta-feira, outubro 22
invertidas
Situação 1) das fotos
enquanto os pais sacam o celular e mostram fotos dos bebês, não tem grilo: eu saco meu celular e mostro a foto do namorado.
Situação 2) das festas
enquanto os pais vão felizes nas festinhas da escola de dia dos pais, das mães, da árvore... eu vou feliz em churrascos, pizzadas, shows e festas familiares afins.
Situação 3) da educação
enquanto os pais usam de sua experiência para mostrar o caminho mais adequado aos pitucos, eu faço o mesmo com minhas amigas.
Situação 4) dos sobressaltos
enquanto os pais saem correndo no meio da tarde e largam tudo para prestar socorro, eu também faço isso: pelo meus pais. [Inversão de papéis. Você também pode sofrer disso.]
Não tenho filhos. Mas é como se tivesse...
enquanto os pais sacam o celular e mostram fotos dos bebês, não tem grilo: eu saco meu celular e mostro a foto do namorado.
Situação 2) das festas
enquanto os pais vão felizes nas festinhas da escola de dia dos pais, das mães, da árvore... eu vou feliz em churrascos, pizzadas, shows e festas familiares afins.
Situação 3) da educação
enquanto os pais usam de sua experiência para mostrar o caminho mais adequado aos pitucos, eu faço o mesmo com minhas amigas.
Situação 4) dos sobressaltos
enquanto os pais saem correndo no meio da tarde e largam tudo para prestar socorro, eu também faço isso: pelo meus pais. [Inversão de papéis. Você também pode sofrer disso.]
Não tenho filhos. Mas é como se tivesse...
terça-feira, outubro 21
http://queimalingua.wordpress.com/
queimalingua tudo junto em minúsculas sem acento. Jeitão de cozinha, com banho-maria e panela de pressão. Arte de pin-ups [alguém aí se habilita no layout?]. Baba doce de cinco moças que se encontraram num café ali na Casa das Rosas, com friaca e cerveja premium, numa sexta a noite, 03 de outubro.
A proposta: blog coletivo. Apresentações, eleição de nome, definição da arte, proposta comercial. Nasceu queimalingua.
Meu outro blog coletivo não vingou. Agora, uma nova tentativa. Nova fase. Novas amigas. Débora Costa e Silva nos uniu por nossas experiências diversas. Mafalda, Verônica e Melissa. As quatro já queimalinguando, mas o wordpress e eu não nos entendíamos. Debbie resolveu: acabou de criar o login e a senha que eu não conseguia.
Fui lá visitar e todas estão fervendo. Menos eu, que ainda não estreei. Mas já já dou jeito nisso. E aviso aqui.
A proposta: blog coletivo. Apresentações, eleição de nome, definição da arte, proposta comercial. Nasceu queimalingua.
Meu outro blog coletivo não vingou. Agora, uma nova tentativa. Nova fase. Novas amigas. Débora Costa e Silva nos uniu por nossas experiências diversas. Mafalda, Verônica e Melissa. As quatro já queimalinguando, mas o wordpress e eu não nos entendíamos. Debbie resolveu: acabou de criar o login e a senha que eu não conseguia.
Fui lá visitar e todas estão fervendo. Menos eu, que ainda não estreei. Mas já já dou jeito nisso. E aviso aqui.
vem solzinho, vem
Sento de frente pra uma janela, maravilha. Adoro janela. Adoro altura. Adoro essa luz que faz a pupila se fechar toda de contentamento. E pensando no post anterior, concluí que preciso viajar. Que nem daquela vez com Flávio, Gabi e Alê, bate-volta na Juréia. E daquela outra vez no ano novo em Fortaleza, Ubatuba: nós quatro mais Carol, Lu Campos, Mai e Raul. E no Rio, show do Police com Carol, Alê, Lu Ferrarezi, Betina e Paludo. Nem precisa ser de avião, que esse ano já fiz isso. Só não posso mais estar sozinha, que agora gosto de compartilhar um dia assim de sol.
P.Prudente 531km
Agora instalei o Sem Parar. Chega de moedinhas no console. Chega da obrigação de ter trocado pra ajudar a moça do pedágio. Passo direto a até 40 km/h, disse o manual do usuário. Paro só na marginal, só na volta, só no escuro, só entre os caminhões, só com os faróis refletidos no meu retrovisor, que dóem nas pupilas. Antes, começo do dia: apenas um semáforo (já habituada a dizer: tô sem troco, simpatia). Sorrio pra ponte estaiada. Rock a 90km/h. Reduzo a 40km/h. Sonhados 120km/h. Janela aberta, vento no cabelo ajuda a estilizar o corte. Sol, óculos verdes. Vejo a placa: P. Prudente 531 km. Sincero desejo de seguir na estrada. Mas estou gostando do novo trabalho, então entro na saída 24.
segunda-feira, outubro 20
Ontem matei meu primo
Bituca de cigarro,
fumaça, cinzeiro lotado.
Perder o cabaço, todos.
Pelos prazeres
tolero tudo, rapaz
menos tolice.
A tua.
Eu te mandava:
me faz bonita.
Teus pincéis a desenhar
cócegas nos meus olhos.
Minha primeira língua
dentro da primeira boca.
A tua.
Confessas que sou
Senhora de tudo.
Até da saliva.
Até do cachorro.
Até da vadia.
Até do destino.
O teu.
Agora gritas
“não sou tua dona”?
Se pudesses, querido,
me terias toda.
Nesta lama,
neste piso.
O teu.
Fica em paz, amor,
que é como prometo
em boa hora:
todo ano,
juro que todo ano,
visito este chão.
[tão pra poesia ultimamente... assim como pra descartar gente besta]
fumaça, cinzeiro lotado.
Perder o cabaço, todos.
Pelos prazeres
tolero tudo, rapaz
menos tolice.
A tua.
Eu te mandava:
me faz bonita.
Teus pincéis a desenhar
cócegas nos meus olhos.
Minha primeira língua
dentro da primeira boca.
A tua.
Confessas que sou
Senhora de tudo.
Até da saliva.
Até do cachorro.
Até da vadia.
Até do destino.
O teu.
Agora gritas
“não sou tua dona”?
Se pudesses, querido,
me terias toda.
Nesta lama,
neste piso.
O teu.
Fica em paz, amor,
que é como prometo
em boa hora:
todo ano,
juro que todo ano,
visito este chão.
[tão pra poesia ultimamente... assim como pra descartar gente besta]
segunda-feira, outubro 13
o corpo que sabe
Meu dedo indicador da mão esquerda aprontou uma. Há duas semanas, um espinho de cactus entrou nele. Tão fino que era (o espinho), fincou na pele entre a falange média e a distal, bem na junta onde dobra o dedo. Mordi, chupei, cutuquei e nada dele sair. Desisti e deixei o corpo se virar. O dedo, coitadinho, ficou dolorido e ficou matutando um jeito de expulsar aquele corpo estranho. E eu, impaciente, querendo ajudar, vez ou outra cutucava como se fosse uma espinha o espinho. Só doía mais, ainda não era hora.
Ontem, depois do banho quentinho, hidratante nas mãos: assim como o dedo do gurizinho do filme O Iluminado, meu dedo falou comigo "é agora, me ajuda". Eu só espremi, como fizera antes, mas dessa vez o espinho saiu, todinho, envolto por pus e essas melequinhas sensacionais que têm no corpo da gente. Saiu e parou de doer o dedo. Hoje tá inchadinho, mas mais um dia e pronto, passou, é como se nada tivesse acontecido. "Vamos adiante" disse o dedo para mim.
Boa lição para a semana: tudo que é estranho e desagrada, o corpo elimina.
Ontem, depois do banho quentinho, hidratante nas mãos: assim como o dedo do gurizinho do filme O Iluminado, meu dedo falou comigo "é agora, me ajuda". Eu só espremi, como fizera antes, mas dessa vez o espinho saiu, todinho, envolto por pus e essas melequinhas sensacionais que têm no corpo da gente. Saiu e parou de doer o dedo. Hoje tá inchadinho, mas mais um dia e pronto, passou, é como se nada tivesse acontecido. "Vamos adiante" disse o dedo para mim.
Boa lição para a semana: tudo que é estranho e desagrada, o corpo elimina.
segunda-feira, outubro 6
adoro achar
coisas que dava como perdidas:
meu batom da m.a.c. cor de boca,
junto com a auto-estima,
ali no fundo da bolsa.
meu batom da m.a.c. cor de boca,
junto com a auto-estima,
ali no fundo da bolsa.
deles, para eles
Cheguei sem que me visse.
Menos de uma hora depois, clamou.
Não por mim, mas a mim que teve
(a mulher que ele queria deixou-me ser):
"Tô te pegando - e é a primeira vez".
Ele aceitou. Agarrou no meu decote
e voltou a dormir.
Pedrão, da Dani e do Cris. O "primeiro sobrinho" me fez besta
com a grandiosidade de quem tem menos de seis quilos.
[e entender um mundo girar ao redor deles, a vida ser para eles].
Menos de uma hora depois, clamou.
Não por mim, mas a mim que teve
(a mulher que ele queria deixou-me ser):
"Tô te pegando - e é a primeira vez".
Ele aceitou. Agarrou no meu decote
e voltou a dormir.
Pedrão, da Dani e do Cris. O "primeiro sobrinho" me fez besta
com a grandiosidade de quem tem menos de seis quilos.
[e entender um mundo girar ao redor deles, a vida ser para eles].
impressões
Dar a volta no quarteirão por errar a entrada do edifício, o que significou 3km a mais no hodômetro, foi bobagem comparada ao fato. Aconteceu no primeiro subsolo. A heroína depara-se com uma loura baixinha, enperuada e cabeluda sacudindo o bundão para fora do carro, procurando um algo qualquer no banco do motorista. Expectativa e certo temor acometeram a heroína que - paralizada - não soube mais o que dizer ao manobrista e assim - paralizada - aguardou que a louca cabeluda, digo, a loura cabeluda se revelasse àquela caixa de concreto molhada da chuva. Num jogar de pescoço, daqueles de estalar o cóccix, a loura virou-se e o universo descobriu que não, não era ela. Ainda era muito cedo para que "a enlouquecida da alta sociedade carioca transvestida de Manolo Blahnik, Dior e Hermés" iniciasse suas atividades.
Fora o receio de encontrar a caricatura acima descrita [que já passou por onde estou mas, como boa fraude, logo foi-se], meu primeiro dia de trabalho foi bem legal. Há paredes coloridas e um cheiro bom. Ganhei um caderno bonito e um cronograma de ações mais colorido que as paredes. O pé direito é alto e há janelas, muitas. Estou gostando de tudo.
Ah, quase esqueci a volta pela "Infernal" Tietê.
Fora o receio de encontrar a caricatura acima descrita [que já passou por onde estou mas, como boa fraude, logo foi-se], meu primeiro dia de trabalho foi bem legal. Há paredes coloridas e um cheiro bom. Ganhei um caderno bonito e um cronograma de ações mais colorido que as paredes. O pé direito é alto e há janelas, muitas. Estou gostando de tudo.
Ah, quase esqueci a volta pela "Infernal" Tietê.
sexta-feira, outubro 3
modestos rancores
Tenho a crueldade de banir alguém sem explicar ao banido o por quê.
Tenho o egoísmo de perceber os feitos bem-feitos e querê-los meus.
Um certo ódio de certos atos de certas pessoas contra as pessoas certas.
E vergonha das minhas indelicadezas. Principalmente quando amo.
Tenho raiva das coisas que vão melhores aos outros e pra mim, faltam.
Ciúme de quando bajulam demais o do outro. Tenho inveja.
Tenho o egoísmo de perceber os feitos bem-feitos e querê-los meus.
Um certo ódio de certos atos de certas pessoas contra as pessoas certas.
E vergonha das minhas indelicadezas. Principalmente quando amo.
Tenho raiva das coisas que vão melhores aos outros e pra mim, faltam.
Ciúme de quando bajulam demais o do outro. Tenho inveja.
Reviravoltando-se
Jorjão,
mais um
rabo-de-galo
pra agüentar
o guri chato
como diabo.
É sono,
coitado
caindo
pr`os lados
só o trago
pr’os meus tragos.
Bota
no carro
o piá
que é
pra parar
de piar.
Disque denúncia
do ladrão
Cidade alerta
cidadão
ocorrência procedente
de omissão.
mais um
rabo-de-galo
pra agüentar
o guri chato
como diabo.
É sono,
coitado
caindo
pr`os lados
só o trago
pr’os meus tragos.
Bota
no carro
o piá
que é
pra parar
de piar.
Disque denúncia
do ladrão
Cidade alerta
cidadão
ocorrência procedente
de omissão.
quarta-feira, outubro 1
tum tum tum tum tum tum tum
e não é coração batendo mais forte, não. É a reforma que estão fazendo no apê em cima do meu. E eu só sei disso por que consegui uma semana de férias antes de começar na Alquimia, a nova agência. Sonhava enfim descansar, depois de dias acelerados até ontem. Mas não. O sonho do canto dos periquitinhos embalando a leitura do Saramago que devo finalizar logo passou longe de acontecer. Sobre minha cabeça, os pedreiros mandam bala no seu tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum aaaaaaaahhhh eu mereço isso, porra?
segunda-feira, setembro 29
a nova casa decimal
Tudo segue igual. Pelo menos, fisicamente. Não veio artrite, nem artrose, nem alguma metamorfose instantânea onde celulites, estrias e flacidez surgissem assim, pá-pum.
Mas neste final de semana algo mudou, sim. Pai, mãe e mada conheceram meu gato e seu gatinho, com o apoio e amor incondicional das minhas queridas da Tríade. Momento histórico e dos mais felizes da minha vida.
[Correria pra fazer de um tudo e estar em todos os lugares ao mesmo tempo- por nada perderia os 29 anos da minha amada Tati]
Noite de festa eletrônica com direito a tudo: desde parabéns a meia-noite no show do Justice - ao vivo e via fone - até a entrevista para o Metrópolis, completamente extasiada de felicidade lícita ou nem tanto. Digitalism fechou minha madrugada com o melhor show de todas as edições do Skol Beats.
Domingo de padoca na zona oeste do jeito que gosto. E muito carinho do homem que tenho como amor mais verdadeiro que já pude viver nessa minha história de 30 anos.
E a festa seguiu até a noite, quando os amigos me acariciaram, permitindo que suas vidas se cruzem à minha. Foi uma comelança afrancesada que embalou papos e risadas e nos protegeu do vento gelado que fazia lá fora do gazebo - que não é uma creparia, como um monte de gente pensou, e sim um pentágono envidraçado no jardim do prédio do Flávio.
Hoje, a reflexão abobalhada de que eu não sou tão popular quanto achava - quer saber? eu fiquei triste sim pela ausência de quem eu queria que estivesse lá. Mas de toda intensidade que carrego, de toda essa gente amiga, o que importa, o que me sustenta e o que está me deixando muito satisfeita da vida, é que eu me senti e tive a certeza de que sou muito querida. Eu agradeço.
[Agora vou almoçar um teco do bolo de parabéns pra mim. Que tá uma delícia!]
Mas neste final de semana algo mudou, sim. Pai, mãe e mada conheceram meu gato e seu gatinho, com o apoio e amor incondicional das minhas queridas da Tríade. Momento histórico e dos mais felizes da minha vida.
[Correria pra fazer de um tudo e estar em todos os lugares ao mesmo tempo- por nada perderia os 29 anos da minha amada Tati]
Noite de festa eletrônica com direito a tudo: desde parabéns a meia-noite no show do Justice - ao vivo e via fone - até a entrevista para o Metrópolis, completamente extasiada de felicidade lícita ou nem tanto. Digitalism fechou minha madrugada com o melhor show de todas as edições do Skol Beats.
Domingo de padoca na zona oeste do jeito que gosto. E muito carinho do homem que tenho como amor mais verdadeiro que já pude viver nessa minha história de 30 anos.
E a festa seguiu até a noite, quando os amigos me acariciaram, permitindo que suas vidas se cruzem à minha. Foi uma comelança afrancesada que embalou papos e risadas e nos protegeu do vento gelado que fazia lá fora do gazebo - que não é uma creparia, como um monte de gente pensou, e sim um pentágono envidraçado no jardim do prédio do Flávio.
Hoje, a reflexão abobalhada de que eu não sou tão popular quanto achava - quer saber? eu fiquei triste sim pela ausência de quem eu queria que estivesse lá. Mas de toda intensidade que carrego, de toda essa gente amiga, o que importa, o que me sustenta e o que está me deixando muito satisfeita da vida, é que eu me senti e tive a certeza de que sou muito querida. Eu agradeço.
[Agora vou almoçar um teco do bolo de parabéns pra mim. Que tá uma delícia!]
domingo, setembro 28
sexta-feira, setembro 26
ativação da boa
uma pilha, mora!
Hoje
visita técnica no gazebo,
pesquisa de confeiteira,
último dia na Miksom Ativação,
último dia na Miksom Ativação,
último dia na Miksom Ativação,
[sim, eu tô com medo, tô ansiosa, tô terrível!]
comprar ingressos do Skol Beats porque eu não ganhei mesmo,
fechar fornecedores pra festinha,
happy-hour de "Vai, Vanessa! Ser gauche na vida",
um pouco de embriaguez, pelo amor de Deus.
Sábado
manicure de manhã,
[antes, tentar varrer a casa],
comprar flores,
comprar bolo,
comprar bebidas,
festinha com família a tarde,
[possível apresentação do namorado e do filho do namorado: indispensável presença da Alê e da Mai]
não lavar roupa,
[já há 20 dias]
deixar flores, bolo e bebida na casa do Flávio,
ir na Tati e "levar surpresa",
[Tati faz aniversário no mesmo dia que eu]
talvez ir em algum esquenta pra night,
Skol Beats,
nada de parcimônia.
Domingo
rastejar até a cama,
dormir, dormir, pelo-Pai-amado, dormir direito,
receber telefonemas,
receber fornecedores,
arrumar gazebo,
me arrumar,
exercer "A arte de bem-receber"
socorro, eu preciso relaxar,
estar feliz.
dar atençaõ ao Flávio, que está um santo me aturando assim
relaxar, curtir, sorrir, aproveitar.
às 18h40: eu nasci {efetivamente balzaca então
Momento de transição. Tudo ao mesmo tempo. Eu agüento?
visita técnica no gazebo,
pesquisa de confeiteira,
último dia na Miksom Ativação,
último dia na Miksom Ativação,
último dia na Miksom Ativação,
[sim, eu tô com medo, tô ansiosa, tô terrível!]
comprar ingressos do Skol Beats porque eu não ganhei mesmo,
fechar fornecedores pra festinha,
happy-hour de "Vai, Vanessa! Ser gauche na vida",
um pouco de embriaguez, pelo amor de Deus.
Sábado
manicure de manhã,
[antes, tentar varrer a casa],
comprar flores,
comprar bolo,
comprar bebidas,
festinha com família a tarde,
[possível apresentação do namorado e do filho do namorado: indispensável presença da Alê e da Mai]
não lavar roupa,
[já há 20 dias]
deixar flores, bolo e bebida na casa do Flávio,
ir na Tati e "levar surpresa",
[Tati faz aniversário no mesmo dia que eu]
talvez ir em algum esquenta pra night,
Skol Beats,
nada de parcimônia.
Domingo
rastejar até a cama,
dormir, dormir, pelo-Pai-amado, dormir direito,
receber telefonemas,
receber fornecedores,
arrumar gazebo,
me arrumar,
exercer "A arte de bem-receber"
socorro, eu preciso relaxar,
estar feliz.
dar atençaõ ao Flávio, que está um santo me aturando assim
relaxar, curtir, sorrir, aproveitar.
às 18h40: eu nasci {efetivamente balzaca então
Momento de transição. Tudo ao mesmo tempo. Eu agüento?
entulho*
Ele não pode mais ser uma bermuda rasgada. Ele não pode mais ser um carro batido, um cabelo descuidado. Ele não pode mais implicar com o garçom. O garçom não fez por mal, só está com a cabeça nas nuvens, como vai sustentar o filho que a namorada espera? Ele não pode mais ser vítima da raiva. Ele não pode mais negar esmola a uma criança no farol. Ele não pode mais ser uma casa descascada, um sofá rasgado, um telefone vencido. Ele não pode mais ser um dente com cárie, um rosto com cravos, um copo de cerveja barata. Ele não pode mais trair a namorada, nem varrer a própria casa. Ele não pode mais. Não pode mais ser uma barriga saliente e pálida na praia. Não pode mais ser um banco de metrô, um supermercado popular, uma espera no pronto-socorro de madrugada. Ele não pode mais ser pré-pago, pré-datado, parcelado. Não pode mais mostrar o olhar triste, nem cerrar o punho, nem gritar palavrões. Ele não pode mais ser um DVD pirata. Ele não pode mais aceitar comida de graça e também não pode mais correr sozinho no parque. Ele não pode mais repreender um fura-fila, um colega de trabalho, um político. Não pode mais ter medo. Ele não pode mais ser uma palavra impulsiva. Mas se for, deixar de lado um pedido de desculpas ele não pode mais.
* trecho da peça Entulho [que assisti em 25set] escrita por Priscila Nicolielo. Baita orgulho da minha "ruiva"!
* trecho da peça Entulho [que assisti em 25set] escrita por Priscila Nicolielo. Baita orgulho da minha "ruiva"!
Pequena declaração de um goiano que ama uma catarinense paulistana sem fazer força alguma ou se preocupar com sua balzaquice,
porque, independente de tudo, axaxique simplesmente o fato de ela existir e ter dado moral para um cara estranho como ele
Neide,
meu samba da voz rouca,
Je t'aime. Ich liebe Dich. Dangsinul saranghee yo. Ek is lief vir jou. S'ayapo. I love you. Ya tebya liubliu. Io ti amo. Seni Seviyorum. Yo te amo. Eg elskar deg. Ani ohev otach. Jeg elsker dig. Eu te...
bem, vc sabe.
Fefet.
Neide,
meu samba da voz rouca,
Je t'aime. Ich liebe Dich. Dangsinul saranghee yo. Ek is lief vir jou. S'ayapo. I love you. Ya tebya liubliu. Io ti amo. Seni Seviyorum. Yo te amo. Eg elskar deg. Ani ohev otach. Jeg elsker dig. Eu te...
bem, vc sabe.
Fefet.
quarta-feira, setembro 24
Garoa
Que engraçado esse trem que anda por debaixo. Como será que faz pra pôr pedra no trilho? E essa gente toda de bico, é velório? Ai que eu não consigo correr como você anda, me espera! Sua mão tá tão gelada... Esse túnel não tem sol no fim.
Era o primeiro dos túneis sem sol. A mulher ao lado, que lhe carrega apressada pela mão, sorri o sorriso dos conformados. Idas e vindas e idas e vindas e 1987 chama para mais uma esperança, mais uma, mais uma.
As pupilas que chafurdaram na estrada, por tanto tempo que parecia fuga sem fim, chegam enfim ao templo de gigantes emburrados que comem o ar com seus berros e beijos de fumaça. "A Maria Fumaça passa aqui?" Não passa, meu bem, não tem. Maria fumaça será você daqui a uma década.
Mas agora, sonha que o prédio da grande avenida é escorregador. Pede pra moça de mão fria te levar até lá em cima pra que você deslize nesse novo lugar que vai chamar de lar. Daqui a uma semana, você vai ao parquinho e vão rir do seu jeito de falar. Em um ano, você vai entender que as senhoras de branco não são as mães das crianças que não querem você na gangorra. Daqui a muito tempo você vai notar que os cachorros do bairro onde o homem da casa achou trabalho têm mais valor do que quem os leva para cagar. Mas muito antes disso, você vai sofrer quando entender que sua presença não é bem-vinda na piscina do condomínio.
Enquanto você não sabe, vive criança. Em minutos você vai chegar no quarto-e-sala que vai te abrigar até ficar grande. Antes, você vai correr na faixa branca da avenida com nome de mulher e vai passar em frente aos casarões de gente importante. Uns meses pra frente, você brincará com um cachorro que logo vão te tirar por que o vira-lata maldito era muito barulhento. E tudo será bonito até o dia que você cair do gira-gira e quebrar o nariz. Ninguém vai notar.
Os Natais atrasados e os dias das crianças esquecidos não doerão mais que a humilhação do tombo mais doído de toda sua breve vida até aqui. Você vai se esconder de vergonha atrás da árvore e vai procurar pedras para enfileirar nos trilhos do trem que não tem, meu bem, não tem, meu bem, não tem.
[texto do sarau de 23set]
Era o primeiro dos túneis sem sol. A mulher ao lado, que lhe carrega apressada pela mão, sorri o sorriso dos conformados. Idas e vindas e idas e vindas e 1987 chama para mais uma esperança, mais uma, mais uma.
As pupilas que chafurdaram na estrada, por tanto tempo que parecia fuga sem fim, chegam enfim ao templo de gigantes emburrados que comem o ar com seus berros e beijos de fumaça. "A Maria Fumaça passa aqui?" Não passa, meu bem, não tem. Maria fumaça será você daqui a uma década.
Mas agora, sonha que o prédio da grande avenida é escorregador. Pede pra moça de mão fria te levar até lá em cima pra que você deslize nesse novo lugar que vai chamar de lar. Daqui a uma semana, você vai ao parquinho e vão rir do seu jeito de falar. Em um ano, você vai entender que as senhoras de branco não são as mães das crianças que não querem você na gangorra. Daqui a muito tempo você vai notar que os cachorros do bairro onde o homem da casa achou trabalho têm mais valor do que quem os leva para cagar. Mas muito antes disso, você vai sofrer quando entender que sua presença não é bem-vinda na piscina do condomínio.
Enquanto você não sabe, vive criança. Em minutos você vai chegar no quarto-e-sala que vai te abrigar até ficar grande. Antes, você vai correr na faixa branca da avenida com nome de mulher e vai passar em frente aos casarões de gente importante. Uns meses pra frente, você brincará com um cachorro que logo vão te tirar por que o vira-lata maldito era muito barulhento. E tudo será bonito até o dia que você cair do gira-gira e quebrar o nariz. Ninguém vai notar.
Os Natais atrasados e os dias das crianças esquecidos não doerão mais que a humilhação do tombo mais doído de toda sua breve vida até aqui. Você vai se esconder de vergonha atrás da árvore e vai procurar pedras para enfileirar nos trilhos do trem que não tem, meu bem, não tem, meu bem, não tem.
[texto do sarau de 23set]
segunda-feira, setembro 22
quinta-feira, setembro 18
desapegando
Selecionei todas as mensagens dos amigos e deletei do email do trabalho. As fotos, os poemas, as histórias divertidas - bem ou mal escritas. Os papos intermináveis sobre amor, pé-na-bunda, dieta, moda, sexo, não-sexo. Deletei as mensagens picantes que ainda me faziam envermelhar e os planos de viagens - decolados e naufragados. Foram embora os convites de aniversário, os chamados pra cerveja urgente, os mimosos cartões de chá de bebê. Aquela bronca e aquele pedido de desculpa? Todos apagados. É incrível como a vida passa pela caixa de mensagens da firma. Até assustei.
Deixei intactas as mensagens de trabalho.
Nem sei pra quê, se logo vão formatar tudo.
Deixei intactas as mensagens de trabalho.
Nem sei pra quê, se logo vão formatar tudo.
quarta-feira, setembro 17
eu vou
- Oh mãe, tenho uma novidade.
- É boa?
- É.
- Já sei!
- Já?
- Já sei! Vai casar!
- Não, mãe, qué isso?
- Vai mudar de casa de novo?
- Não. Ainda.
- Vai mudar de emprego.
- É boa?
- É.
- Já sei!
- Já?
- Já sei! Vai casar!
- Não, mãe, qué isso?
- Vai mudar de casa de novo?
- Não. Ainda.
- Vai mudar de emprego.
terça-feira, setembro 16
domingo, setembro 14
mandinga pra dar certo
O povo do trabalho acha bobagem minha, mas sempre que alguém sai pra apresentar um projeto, eu digo "sucesso" em vez de "boa sorte". Sucesso dá a sensação de que você manja do que faz e que não precisa só de sorte pra dar certo. O povo de lá também acha uma bobeira eu justificar minha fase de "insorte" culpando o cabelo. Gente, a pessoa que não se ama atrai coisa ruim! Semana passada, eu tive certeza que meus insucessos estavam ligados à franja presa e ao corte comportadamente reto. Cansada de lutar em vão para reencontrar-me naquele estilo "maria-arrependida-de-dar", parti para a revanche: fiz uma votação sobre qual corte ficava melhor em mim e ganhou a opção "moderninha revoltadinha". Na mesma noite piquei tudo e voltei a assumir a franja. Juro pra vocês: no outro dia, o sucesso voltou a me fazer carinho.
Então presta atenção na dica da balzaca: primeiro, mentaliza; depois renova o visual, que coisa boa vem!
Então presta atenção na dica da balzaca: primeiro, mentaliza; depois renova o visual, que coisa boa vem!
quarta-feira, setembro 10
poder do marketing
- O que você vai pedir no dia das crianças?
- Eu vou pedir a Cloe da Bratz! E você?
- Eu vou pedir um Tampax!
- Tampax? O que é isso ?
- Nem sei... mas na tevê diz que com Tampax a gente pode ir na praia, andar de bicicleta, andar a cavalo, dançar, ir ao clube, correr, fazer um montão de coisas todos os dias - e o melhor: sem que ninguém perceba!
- Eu vou pedir a Cloe da Bratz! E você?
- Eu vou pedir um Tampax!
- Tampax? O que é isso ?
- Nem sei... mas na tevê diz que com Tampax a gente pode ir na praia, andar de bicicleta, andar a cavalo, dançar, ir ao clube, correr, fazer um montão de coisas todos os dias - e o melhor: sem que ninguém perceba!
terça-feira, setembro 9
coisinha de mulherzinha
12 horas de trabalho sem almoço. Carro "preso" no lava-rápido. Cólica. Fatura do Visa pós-viagem quase no valor do salário. Reuniões de blábláblá. Estresse. Plano de saúde que aumenta por que vou fazer 30. Dor de cabeça permanente. Aluguel dos 50 m2 que aumenta, também. Náusea. Mais cólica. Há vinte dias do aniversário, o inferno. Choro: coisa de florzinha, de mariquinha.
quinta-feira, setembro 4
quarta-feira, setembro 3
só lamento
Já não me deixam dirigir bêbada,
já não me deixam fumar no bar,
já não me deixam comer chocolate,
só falta quererem que eu seja politicamente correta com o estagiário!
já não me deixam fumar no bar,
já não me deixam comer chocolate,
só falta quererem que eu seja politicamente correta com o estagiário!
segunda-feira, setembro 1
setembrochove?
Chove sim, e como! Chove vontade de torrar muito dinheiro, de comprar tudo, de dar presentes, de me dar luxos, de me dar mimos, de fazer festa, de fazer farra, de gastar sem pensar. Tem uma certa garoa de arrependimento, mas bem pouquinha. Por que inferno astral pra mim é isso aí: conta no vermelho e diversão a mil. Bora!
0 comentários
desinteressante: faço cara de pato bobo quando entro no blog e ninguém postou nada. audiência fraca? oh dó... bora!
sábado, agosto 30
Amaury Jr?
- Filha, tá passando no Amaury Jr!
- O que, mãe?
- A festa no deserto, o lançamento do Captiva! Liga agora pra ver. Tchau.
E vendo os flashes do evento e dos nossos vídeos, mais aquele monte de convidados posudos, mais os clientes da Chevrolet (Sam, Lucic, Hermann!), mais a Gisele Itié e o Maurício Manieri, mais os cabeças da Miksom Ativação... porra! Ficou legal pra caralho! Puta bom trabalho, mandamos bem mesmo... até no Amaury Jr...
- O que, mãe?
- A festa no deserto, o lançamento do Captiva! Liga agora pra ver. Tchau.
E vendo os flashes do evento e dos nossos vídeos, mais aquele monte de convidados posudos, mais os clientes da Chevrolet (Sam, Lucic, Hermann!), mais a Gisele Itié e o Maurício Manieri, mais os cabeças da Miksom Ativação... porra! Ficou legal pra caralho! Puta bom trabalho, mandamos bem mesmo... até no Amaury Jr...
sexta-feira, agosto 29
Teotihuacan*
*local onde os homens se tornam deuses [em 25ago08]
Ao fundo está a Pirâmide do Sol, vista da Pirâmide da Lua que, segundo a lenda, suga a energia dos homens...
... e das mulheres, como bem se vê: nossa correspondente no México estava esbaforida após escalar até onde era permitido, cerca de 30 dos 45 metros de altura desta pirâmide.
Após descer os estreitos degraus e atravessar a extensa "Avenida de los muertos", a via principal de Teotihuacan...
... ela sentia-se pronta para mais aventuras que estavam por vir: agora eram 65 metros traduzidos em 248 degraus muito altos e perigosos...
... até chegar ao topo da Pirâmide do Sol que, segundo a mesma lenda, revigora os homens. Veja como a correspondente já está mais alegrinha, posando com a Pirâmide da Lua ao fundo.
Tão alegrinha que acabou almoçando num restaurante mexicano tradicional, onde tornou-se integrante de um grupo de dança asteca heavy-metal.
Ao fundo está a Pirâmide do Sol, vista da Pirâmide da Lua que, segundo a lenda, suga a energia dos homens...
... e das mulheres, como bem se vê: nossa correspondente no México estava esbaforida após escalar até onde era permitido, cerca de 30 dos 45 metros de altura desta pirâmide.
Após descer os estreitos degraus e atravessar a extensa "Avenida de los muertos", a via principal de Teotihuacan...
... ela sentia-se pronta para mais aventuras que estavam por vir: agora eram 65 metros traduzidos em 248 degraus muito altos e perigosos...
... até chegar ao topo da Pirâmide do Sol que, segundo a mesma lenda, revigora os homens. Veja como a correspondente já está mais alegrinha, posando com a Pirâmide da Lua ao fundo.
Tão alegrinha que acabou almoçando num restaurante mexicano tradicional, onde tornou-se integrante de um grupo de dança asteca heavy-metal.
bem-feito!
- Você acha que eu tô gorda?
A resposta:
- Você acha que está?
Ela insiste:
- Quero saber de você.
A sinceridade masculina prevalece:
- Tá um pouco mais gordinha. Com menos barriguinha, fica ainda mais bonita.
A tentativa:
- Eu tava com 57kg antes... agora com 60kg... incrível como 3kg fazem tanta diferença, né?
A frase decisiva:
- Perde os três então.
Ela pensou, miúda e mexicanamente: ai caramba.
A resposta:
- Você acha que está?
Ela insiste:
- Quero saber de você.
A sinceridade masculina prevalece:
- Tá um pouco mais gordinha. Com menos barriguinha, fica ainda mais bonita.
A tentativa:
- Eu tava com 57kg antes... agora com 60kg... incrível como 3kg fazem tanta diferença, né?
A frase decisiva:
- Perde os três então.
Ela pensou, miúda e mexicanamente: ai caramba.
montezuma, ugh!
23 a 27 de agosto | Cidade do México
Fui crente que seria como na Europa: caminhadas extensas, sol na moleira, duas refeições por dia, hospedagem em albergues de quinta, crédito limitado no Visa. Mas estive preguiçosa - cansava-me falar portunhol e usar de mímicas. Por isso, essa foi uma viagem com certa classe, como exige minha condição pré-balzaquiana: passeios com guias e transporte particular, roteiro do turibus, hospedagem 4 estrelas na Zona Rosa (o glamouroso bairro gay, com lojinhas e serviços à la Vila Madalena), um vistoso aumento no limite de crédito e apenas uma restrição: a comida.
Já ouviu falar na "vingança de montezuma"? É como os mexicas chamam as crises de vômito e diarréia que atacam os turistas. Essa coisa de muita pimenta, muita gordura, muito desleixo com o que se come... Meu frágil estomaguinho, acostumado a viver num dos maiores centros gastronômicos do mundo, não deu conta. Estou mareada desde 3a feira, vivendo a pão, nada me agrada... a não ser os elogios: nossa, você emagreceu?
Tem que se ter vantagem em alguma coisa.
Fui crente que seria como na Europa: caminhadas extensas, sol na moleira, duas refeições por dia, hospedagem em albergues de quinta, crédito limitado no Visa. Mas estive preguiçosa - cansava-me falar portunhol e usar de mímicas. Por isso, essa foi uma viagem com certa classe, como exige minha condição pré-balzaquiana: passeios com guias e transporte particular, roteiro do turibus, hospedagem 4 estrelas na Zona Rosa (o glamouroso bairro gay, com lojinhas e serviços à la Vila Madalena), um vistoso aumento no limite de crédito e apenas uma restrição: a comida.
Já ouviu falar na "vingança de montezuma"? É como os mexicas chamam as crises de vômito e diarréia que atacam os turistas. Essa coisa de muita pimenta, muita gordura, muito desleixo com o que se come... Meu frágil estomaguinho, acostumado a viver num dos maiores centros gastronômicos do mundo, não deu conta. Estou mareada desde 3a feira, vivendo a pão, nada me agrada... a não ser os elogios: nossa, você emagreceu?
Tem que se ter vantagem em alguma coisa.
quinta-feira, agosto 21
magnificus
No Brasil, meia-noite. Aqui, a lua acaba de subir. Assim, este seu 22 de agosto será de 27h horas - tempo extra para comemorar. Eu, daqui, celebro o homem mais incrível que conheço. O que mais há para falar, te digo em sussurros.
Em breve.
Em breve.
tchup-tchuras da estrela
Olha, Fefet, eu bem que queria apoderar-me daqueles adjetivos todos fantásticos que você cria nesta tua mente iluminada, mas ultimamente estou mais pra palavrão. Tu não crês quanto palavrão estou falando no México! Puta que pariu pra mim é bom dia, sabe assim? Mas então: não te esqueci, leãozinho. Como mi madrecita, você também é chegado nuns vermelhos com dourados que eu sei - e isso é tão romanesco para uma libriana (des)equilibrada como eu... Mas se Deus quis colocar dois leoninos de 20 de agosto em minha vida, Ele deve saber o que está fazendo. Presente assim a gente aceita de bom grado sem precisar entender.
Viver ultrapassa qualquer entendimento, não é assim?
Viver ultrapassa qualquer entendimento, não é assim?
querida mamãe
neste 20 de agosto de 2008 não estive contigo. Para mim, foi o dia mais difícil desta viagem - exigiram muito de mim física e emocionalmente. Estava em frangalhos, mas o que mais me perturbava era não poder voltar ao meu quarto no Meliá para pegar meu celular e ter notícias suas. Consegui fazer isso somente às 23h, quando no Brasil já eram duas da manhã. Estavam no visor duas mensagens de texto: tua, agradecendo a mensagem que eu enviei quando aqui ainda era dia 19, e da Gerlova, avisando que te ligou e que você estava bem e feliz. Não aguentei mais. Desabei num choro de saudade, de culpa, de cansaço. Durou o tempo eterno em que finalmente consegui completar a ligação: o pai atendeu o telefone todo sonolento, sem saber quem estava falando, e você me alimentou de alegira, sem ter a mais puta idéia de como eu estava precisando. Fez como sempre faz - me fortalece, sem saber.
domingo, agosto 17
hoy: los cabos
Enfim, cá estou na bela e quente Los Cabos, península noroeste do México, banhada pelo Mar de Cortês e pelo Oceano Pacífico, que se encontram neste local da foto: El Arco.
Ainda não pisei na praia, só vi o tal "arco" do avião, nem mesmo brinquei no duty free. Mas já estou encantadíssima com o México, mesmo depois de abrirem minha mala para revistá-la, mesmo depois de ter meu nome anunciado no auto-falante de Cumbica, mesmo depois de não conseguir comer nada no avião pois tudo me dava náuseas, mesmo depois de ver que o bicho aqui está pegando.
Não sei explicar, mas parece tudo muito natural, como se este trabalho, esta viagem, esta vida corrida, sempre fossem minhas. Acho que daí vem a certeza de que vai dar tudo certo, mesmo que eu não saiba o caminho.
"Reinventamos caminhos". Estou reinventando o meu.
Ainda não pisei na praia, só vi o tal "arco" do avião, nem mesmo brinquei no duty free. Mas já estou encantadíssima com o México, mesmo depois de abrirem minha mala para revistá-la, mesmo depois de ter meu nome anunciado no auto-falante de Cumbica, mesmo depois de não conseguir comer nada no avião pois tudo me dava náuseas, mesmo depois de ver que o bicho aqui está pegando.
Não sei explicar, mas parece tudo muito natural, como se este trabalho, esta viagem, esta vida corrida, sempre fossem minhas. Acho que daí vem a certeza de que vai dar tudo certo, mesmo que eu não saiba o caminho.
"Reinventamos caminhos". Estou reinventando o meu.
terça-feira, agosto 12
elas agüentam!
Ficarei no México só 13 dias. Mas não importou: foi motivo para festinha de despedida mesmo assim. A Alê fez o convite; a Carol ofereceu a casa, os comes e os bebes; a Tati faltou no curso do MASP; a Lu Campos fugiu do trabalho, enquanto a Mai ficou presa num trabalho. Normalmente, demora mais de 13 dias para todas se encontrarem, então a pequena ausência tornou-se um bom motivo para o evento. Só não entendi, até agora, de onde essas meninas tiram paciência* para me agüentar tão agitada, falando rápido, cortando as conversas, disparando sarcasmos, gesticulando demais, fumando demais, pilhada pra caralho. Elas, calmas e bonitas e felizes, me aturam com placidez. É fato: tô muito bem servida de amadas amigas. Amém.
* se, em vez de paciência, elas tivessem força, certamente ontem eu voltaria para casa sem dentes.
* se, em vez de paciência, elas tivessem força, certamente ontem eu voltaria para casa sem dentes.
domingo, agosto 10
familiaridades
cena 1:
- Pai, eu vou fazer igual você faz comigo...
- O quê?
- ... vou te dar presente atrasado...
- Ah filha, que isso.
- ... vou trazer teu presente do México...
- Pra mim, presente maior é ter tua presença.
- ... vou te trazer várias tequilas mexicanas!
- É, nesse caso...
cena 2:
- Chegou a Claudia de agosto?
- Tá ali em cima.
- O que tem de bom nesse mês?
- Tá chato. Só fala de bolsa.
- Ah é? Tá feia a coleção de verão, mãe?
- Bovespa, Vanessa!
cena 3:
- Feliz aniversário adiantado, mãe.
- Seu plano de saúde é internacional?
- Sei lá! Depois eu vejo...
- Não esquece que você é alérgica à aspirina.
- Tá bom, mãe. Feliz aniversário.
- Leva Tylenol.
- Pai, eu vou fazer igual você faz comigo...
- O quê?
- ... vou te dar presente atrasado...
- Ah filha, que isso.
- ... vou trazer teu presente do México...
- Pra mim, presente maior é ter tua presença.
- ... vou te trazer várias tequilas mexicanas!
- É, nesse caso...
cena 2:
- Chegou a Claudia de agosto?
- Tá ali em cima.
- O que tem de bom nesse mês?
- Tá chato. Só fala de bolsa.
- Ah é? Tá feia a coleção de verão, mãe?
- Bovespa, Vanessa!
cena 3:
- Feliz aniversário adiantado, mãe.
- Seu plano de saúde é internacional?
- Sei lá! Depois eu vejo...
- Não esquece que você é alérgica à aspirina.
- Tá bom, mãe. Feliz aniversário.
- Leva Tylenol.
sábado, agosto 9
agosto de quem
Foram só nove dias, apenas nove dias, e você já é histórico. Começou numa sexta-feira que eu estava com sede dos meus amigos e você me prendendo, não me deixando ser eu, feliz assim. Já no dia seguinte, me obrigou a limpar a casa - pois a diarista sumiu de novo, não dou sorte. Mas pelo menos tive o prazer da manicure e da visita aos pais naquela tarde. A noite, muito noite mesmo, fui namorar mas logo na manhã seguinte, tive de partir - domingo foi de trabalho. Foram exatas 13 horas de alegria com meu par (contando horas de sono) e 10 horas de trabalho (contando idas ao banheiro e ao fumódromo).
Os dias úteis começaram cansativos, afinal. Mas na primeira noite consegui fugir para a volta às aulas da AIC. Gente nova, gente questionadora, gente intelectual. Ou seja: gente chata, que acredita que as palavras têm de ser pesadas para serem importantes. Não generalizo, há de ter gente boa também. Mas o debate filosófico em torno da falta de sagacidade intelectualóide das universidades contemporâneas doeu mais do que quando expeli minha pedra de rim.
Odeio acordar e ter que acender a luz da sala. Terça-feira foi assim. Antes da feira na rua perto da Miksom estar montada eu já estava na agência, pronta para viajar para Indaiatuba. Destino: centro de provas da Chevrolet, onde realizamos o primeiro evento de lançamento para imprensa especializada. O Chevrolet Captiva Sport, enfim, anuncia-se. Além do encantamento da estréia, tive a certeza de entender as surpresas que o México me trarão. Tanta dedicação e, quando tudo acontece como por encanto, eu entendo por que gosto de trabalhar nessa porra. Foi ótimo dirigir o carro que está dirigindo minha vida há quatro meses, quase que com exclusividade. Das 5h da manhã até 1h da manhã do outro dia, flutuei entre romances de amores ingratos, contos de idiotices profissional e crônicas do prazos de produção.
O ápice veio a seguir. Tá, não falarei mais do trabalho árduo que está como rotina e já vou logo para o final. A noite foi de espetáculo e de realização: PELA PRIMEIRA VEZ NA VIDA, ASSISTI A UM CONCERTO NA SALA SÃO PAULO. Uma soprano, um piano e uma pequena tela com a legenda de todas aquelas canções em línguas tantas. Meu coração foi todo entregue. Tive certeza que saindo de lá eu era Carmem, a própria. L'amour, l'amooouuur! Foi felicidade de vinho que me encheu de vida que não pude conter (tradução: vomitei, como de praxe). Tenho dó do homem que tem de passar por isso e ainda diz eu te amo.
Então foda-se a quinta-feira, vou chegar tarde mesmo que agora inventaram de ter reunião toda sexta de manhã e eu nunca mais tive o prazer de dormir até 9h, desfrutando o rodízio de veículos com placas final 9 e 0. Com a cutis absolutamente fantástica, adentrei os portões da Miksom e vi que o trabalho que pedi para fazerem no dia anterior não fizeram. Dá-lhe eu a resolver. Aliás, meu lema tem sido: manda pra mim que eu resolvo. E o dia foi todo assim. Até a noite, com a terapia que começou com uma hora de atraso e durou outra tanta hora de anestesia. Preparei-me para a maratona adiante.
Em resumo: fui a primeira a chegar na agência, às 7h da sexta-feira, e a última a deixá-la, às 4h já deste sábado. Ao acordar 11h da manhã, já tinha no meu celular a convocação para o recrutamento de hoje. Fiz o que precisava: desliguei o celular e li umas 50 páginas do EVENGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO. A semana toda não pude ter com Saramago e hoje ele exigiu minha atenção. Quando voltei a realidade, descobri minha missão mas antes me dei o direito de ter prazer. Piada interna: este é o mood da campanha que estou trabalhando - ironia?
Tu, agosto do cachorro louco, está como eterno em apenas nove dias de vida.
Os dias úteis começaram cansativos, afinal. Mas na primeira noite consegui fugir para a volta às aulas da AIC. Gente nova, gente questionadora, gente intelectual. Ou seja: gente chata, que acredita que as palavras têm de ser pesadas para serem importantes. Não generalizo, há de ter gente boa também. Mas o debate filosófico em torno da falta de sagacidade intelectualóide das universidades contemporâneas doeu mais do que quando expeli minha pedra de rim.
Odeio acordar e ter que acender a luz da sala. Terça-feira foi assim. Antes da feira na rua perto da Miksom estar montada eu já estava na agência, pronta para viajar para Indaiatuba. Destino: centro de provas da Chevrolet, onde realizamos o primeiro evento de lançamento para imprensa especializada. O Chevrolet Captiva Sport, enfim, anuncia-se. Além do encantamento da estréia, tive a certeza de entender as surpresas que o México me trarão. Tanta dedicação e, quando tudo acontece como por encanto, eu entendo por que gosto de trabalhar nessa porra. Foi ótimo dirigir o carro que está dirigindo minha vida há quatro meses, quase que com exclusividade. Das 5h da manhã até 1h da manhã do outro dia, flutuei entre romances de amores ingratos, contos de idiotices profissional e crônicas do prazos de produção.
O ápice veio a seguir. Tá, não falarei mais do trabalho árduo que está como rotina e já vou logo para o final. A noite foi de espetáculo e de realização: PELA PRIMEIRA VEZ NA VIDA, ASSISTI A UM CONCERTO NA SALA SÃO PAULO. Uma soprano, um piano e uma pequena tela com a legenda de todas aquelas canções em línguas tantas. Meu coração foi todo entregue. Tive certeza que saindo de lá eu era Carmem, a própria. L'amour, l'amooouuur! Foi felicidade de vinho que me encheu de vida que não pude conter (tradução: vomitei, como de praxe). Tenho dó do homem que tem de passar por isso e ainda diz eu te amo.
Então foda-se a quinta-feira, vou chegar tarde mesmo que agora inventaram de ter reunião toda sexta de manhã e eu nunca mais tive o prazer de dormir até 9h, desfrutando o rodízio de veículos com placas final 9 e 0. Com a cutis absolutamente fantástica, adentrei os portões da Miksom e vi que o trabalho que pedi para fazerem no dia anterior não fizeram. Dá-lhe eu a resolver. Aliás, meu lema tem sido: manda pra mim que eu resolvo. E o dia foi todo assim. Até a noite, com a terapia que começou com uma hora de atraso e durou outra tanta hora de anestesia. Preparei-me para a maratona adiante.
Em resumo: fui a primeira a chegar na agência, às 7h da sexta-feira, e a última a deixá-la, às 4h já deste sábado. Ao acordar 11h da manhã, já tinha no meu celular a convocação para o recrutamento de hoje. Fiz o que precisava: desliguei o celular e li umas 50 páginas do EVENGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO. A semana toda não pude ter com Saramago e hoje ele exigiu minha atenção. Quando voltei a realidade, descobri minha missão mas antes me dei o direito de ter prazer. Piada interna: este é o mood da campanha que estou trabalhando - ironia?
Tu, agosto do cachorro louco, está como eterno em apenas nove dias de vida.
segunda-feira, agosto 4
sexta-feira, agosto 1
sem teto
Pois agora ganhei responsabilidade de presente. Deve ser o marco do fim da minha década dos 20. Eis que respondo por uma área do evento no México. Sou senhora da apresentação de produto. E hoje, nesta tão esperada sexta-feira, os amigos se uniram para diversão ilimitada e cerveja até aguentar. Estão lá no Sachinha. Mas não posso ter com eles. Prenderam-me na agência, para ciceronear cliente. Esta viagem está saindo muito cara.
Estou tão cansada que preciso chorar.
trilha de hoje | Into the wild.
NO CEILING
Comes the morning
When I can feel
That there's nothing left to be concealed
Moving on a scene surreal
No, my heart will never, will never be far from here
Sure as I am breathing
Sure as I'm sad
I'll keep this wisdom in my flesh
I leave here believing more than I had
And there's a reason I'll be, a reason I'll be back
(...)
Estou tão cansada que preciso chorar.
trilha de hoje | Into the wild.
NO CEILING
Comes the morning
When I can feel
That there's nothing left to be concealed
Moving on a scene surreal
No, my heart will never, will never be far from here
Sure as I am breathing
Sure as I'm sad
I'll keep this wisdom in my flesh
I leave here believing more than I had
And there's a reason I'll be, a reason I'll be back
(...)
segunda-feira, julho 28
senhora dos afogados
Recomendo, meus caros, com emoção de sobra: foi a primeira peça do "Nelsão" que vi encenada. E que, de tanta força, transbordou dois desejos: primeiro, meu retorno à platéia e, segundo, meu desejo de viver o teatro em 2009: as possibilidades estão soltas por aí.
Vá lá:
Senhora dos Afogados
de Nelson Rodrigues
Direção: Antunes Filho
com Grupo Macunaíma (que arrasa, aliás!)
temporada prorrogada até 28/09
sex. e sáb., às 21h | dom., às 19h
Teatro Sesc Anchieta | r. Dr. Vila Nova, 245
$$$: R$ 5 a R$ 20 (compre antes em qualquer Sesc)
Vá lá:
Senhora dos Afogados
de Nelson Rodrigues
Direção: Antunes Filho
com Grupo Macunaíma (que arrasa, aliás!)
temporada prorrogada até 28/09
sex. e sáb., às 21h | dom., às 19h
Teatro Sesc Anchieta | r. Dr. Vila Nova, 245
$$$: R$ 5 a R$ 20 (compre antes em qualquer Sesc)
sábado, julho 26
quinta-feira, julho 24
porra!
Pior que cusparada na cara, é passar de carro por uma valeta inundada e levar um jato d'água de esgoto paulistano com mira certeira no seu olho.
Aliás, no seu olho não: no MEU olho.
Aliás, no seu olho não: no MEU olho.
quarta-feira, julho 23
diz-que-diz
Então, as amigas que não se encontravam há tempos, se avistam e, felizes pelo reencontro, caminham dando saltinhos pela calçada, até que, frente a frente, dão um longo abraço entre gritinhos agudos:
- Ah, linda! Você tá um arraso com esse cabelo!
- E você, com esse corpão! Tô bege de inveja branca.
- Ih menina, virei rata de academia. Três horas por dia, religiosamente. E você?
- Ah, não dá pra fazer academia... Vida de casada, filhos, uma loucura!
- É, eu imagino... Então tá, gata. Tenho que ir, já tô atrasada por Pilates.
- Eu também, atrasadérrima pra pegar meu filhote na escolinha.
- Me dá um beijo, minha linda. Vamos marcar outro dia?
- Vamos! Vamos sim. Ai que saudade que eu tava de você. Tchau amor.
Então, já separadas, elas pensam:
(a rata de academia) - Essa vaca caída! Agora que casou a biscate acha que virou gente! Cachorra...
(a mãe de família) - Vadia, piranha! Nem fodendo me encontro com ela, do jeito que essazinha é, vai dar em cima do meu marido, a putinha barata.
___________
Então, os amigos que não se encontravam há tempos, se avistam e, não botando uma fé no reencontro, caminham até que, frente a frente, dão um semi-abraço entre efusivos tapas nas costas:
- Fala, seu puto! Tá sumido, meu?
- Oh seu viado, você que nunca mais foi pro futebol.
- Ah, já viu né? Agora, com a argola no dedo, a patroa virou uma fera...
- Hahahaha! Quem diria, você algemado? O maior putanheiro da turma.
- Agora você que virou o maior putanheiro da turma, falaê?
- Nem te conto, meu. Na academia, só gostosa, a vida tá generosa rapaz...
- Puta que o pariu! Depois dessa eu vou tomar o meu rumo.
- Oh meu, aparece lá no futiba, deixa de ser filho da puta.
- Filho da puta o caralho. Hahaha! Vou ver, cara. Deixa eu ir indo.
- Vai lá, seu corno. Se cuida.
Então, já separados, eles pensam:
(o putanheiro) - Esse cara é gente boa.
(o casado) - Taí um cara bacana.
- Ah, linda! Você tá um arraso com esse cabelo!
- E você, com esse corpão! Tô bege de inveja branca.
- Ih menina, virei rata de academia. Três horas por dia, religiosamente. E você?
- Ah, não dá pra fazer academia... Vida de casada, filhos, uma loucura!
- É, eu imagino... Então tá, gata. Tenho que ir, já tô atrasada por Pilates.
- Eu também, atrasadérrima pra pegar meu filhote na escolinha.
- Me dá um beijo, minha linda. Vamos marcar outro dia?
- Vamos! Vamos sim. Ai que saudade que eu tava de você. Tchau amor.
Então, já separadas, elas pensam:
(a rata de academia) - Essa vaca caída! Agora que casou a biscate acha que virou gente! Cachorra...
(a mãe de família) - Vadia, piranha! Nem fodendo me encontro com ela, do jeito que essazinha é, vai dar em cima do meu marido, a putinha barata.
___________
Então, os amigos que não se encontravam há tempos, se avistam e, não botando uma fé no reencontro, caminham até que, frente a frente, dão um semi-abraço entre efusivos tapas nas costas:
- Fala, seu puto! Tá sumido, meu?
- Oh seu viado, você que nunca mais foi pro futebol.
- Ah, já viu né? Agora, com a argola no dedo, a patroa virou uma fera...
- Hahahaha! Quem diria, você algemado? O maior putanheiro da turma.
- Agora você que virou o maior putanheiro da turma, falaê?
- Nem te conto, meu. Na academia, só gostosa, a vida tá generosa rapaz...
- Puta que o pariu! Depois dessa eu vou tomar o meu rumo.
- Oh meu, aparece lá no futiba, deixa de ser filho da puta.
- Filho da puta o caralho. Hahaha! Vou ver, cara. Deixa eu ir indo.
- Vai lá, seu corno. Se cuida.
Então, já separados, eles pensam:
(o putanheiro) - Esse cara é gente boa.
(o casado) - Taí um cara bacana.
segunda-feira, julho 21
deu no NP
Delinqüentes literatos foram surpreendidos em construção atípica na Rua Augusta, centro da capital, na noite de sexta-feira, 18, promovendo esbórnia regada a tequila e estouro de bombinhas de São João. Eram cerca de quinze meliantes que, entre diversos atos de desrespeito à moral do cidadão-comum, foram flagrados em poses que exaltavam sua condição marginal na sociedade. Acometidos pelos berros de silêncio vindo dos vizinhos, contentaram-se em manter-se aos 121 decibéis, em média. V.G., 29, um dos meliantes vistos deixando o local, foi seguido por esta reportagem que confirma que o mesmo passou por duas blitze da lei seca. Quando questionado sobre sua reação diante da possibilidade de ser parado pelo bloqueio, V.G. confessou: "não sei como me safei dessa". O último delinqüente abandonou o local aproximadamente às 10h, na manhã deste sábado, 19.
da redação.
ao que vale
Acabo de descobrir que Tati Abreu tem um blog oculto. Chama-se "En busca de la experiencia" e tem apenas um post, de 25set07. Eu não precisaria de mais do que isso.
Eis o presente do dia:
______
Conheci a Van quando trabalhava na Telefônica Assist. Almoçávamos na copa, ela comia peito de frango e tomate, estava de dieta e tinha acabado um namoro de anos, estava ótima. Pela manhã seu pai a levava de carro por que era fora de mão o Pacaembu do Itaim Bibi, e para ir ao Mackenzie era um tormento o aperto no ônibus, sempre ia estressada.
Ficamos amigas. Viramos juntas o ano de 2001 para 2002, em Maresias ficou rosa de tanto sol e bem mau humorada de dor e nos embebedamos de vodka na melancia. Fomos juntas na Boogie e juntas pedimos "sex on the beach" e o barman perguntou com ou sem areia, eu não entendi o que estava falando, ela respondeu, sem...rs... Desde então nossas vidas viraram bastante.
Viajei por 2 anos e ela morou sozinha, morou com o Akira, ficou desempregada e foi trabalhar numa agência com a Marina, a louca gerente de marketing da Telefônica Assist, escrevia e-mails engraçadíssimos para alegrar a mim e o Wal na cidade fria. Quando voltei de viagem mandei um email para as amigas ficarem alerta nas vagas de trabalho pq eu estava na área, foi ela que respondeu no mesmo instante: - Me mande seu curriculum agoooora! Mandei! Ela me arrumou o trabalho. Sabe o trabalho da vida? Sim, foi o trabalho da vida, onde eu descobri o que eu queria e o que eu não queria.
Falávamos pouco, mesmo trabalhando no mesmo lugar, correria de agência. Certo dia comentei que tinha muita vontade de morar sozinha mas não dispendia de muuito dinheiro, pois estava no início de carreira, perrengue total e ela sabia muito bem o que era isso! Perguntou quanto eu dispendia, eu disse R$ 200, e ela disse que era exatamente o que ela precisava para compor a grana do aluguel do apartamento que estava procurando. Tinhamos dois apartamentos para ver, mas foi amor à primeira vista e nem vimos a segunda opção.
Moramos na Purpurina x Girassol, que delícia!!! Brigadeiros de colher, último capítulo da novela regado a batida de maracujá e cerveja com as amigas dela que agora são minhas também, jantar na varanda, pufs coloridos pela sala, rock de manhã e mpb à noite, geladeira barulhenta, recado que o pai não poderia ver, mas como era o pai de Guedes, entedeu como coisas da juventude!! Acordava com pouco humor por que odeia acordar cedo, demorava mais de uma hora para encontrar a roupa do dia, a cor do dia, saia ou calça, bota ou tennis, e calcinha e soutien combinando com o tom da roupa, sempre, que orgulho. Meia hora de caminhada até o trem, conversas e desabafos, reclamava que eu andava muito rápido até medir minhas pernas com uma fita métrica e descobrir que tenho 1,01m só de pernas, só a Van mesmo.
Ê Van! Poderia escrever mais um milhão de coisas pois o que não faltam são histórias. Somos do mesmo signo e nascemos no mesmo dia, em anos diferentes. Sexta vc faz 29 e eu 28 em 28 de setembro. Van, dizem que a gente tem vários anjos da guarda, tenho certeza que vc é um deles! Muuuito obrigada por tudo!
Eis o presente do dia:
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Conheci a Van quando trabalhava na Telefônica Assist. Almoçávamos na copa, ela comia peito de frango e tomate, estava de dieta e tinha acabado um namoro de anos, estava ótima. Pela manhã seu pai a levava de carro por que era fora de mão o Pacaembu do Itaim Bibi, e para ir ao Mackenzie era um tormento o aperto no ônibus, sempre ia estressada.
Ficamos amigas. Viramos juntas o ano de 2001 para 2002, em Maresias ficou rosa de tanto sol e bem mau humorada de dor e nos embebedamos de vodka na melancia. Fomos juntas na Boogie e juntas pedimos "sex on the beach" e o barman perguntou com ou sem areia, eu não entendi o que estava falando, ela respondeu, sem...rs... Desde então nossas vidas viraram bastante.
Viajei por 2 anos e ela morou sozinha, morou com o Akira, ficou desempregada e foi trabalhar numa agência com a Marina, a louca gerente de marketing da Telefônica Assist, escrevia e-mails engraçadíssimos para alegrar a mim e o Wal na cidade fria. Quando voltei de viagem mandei um email para as amigas ficarem alerta nas vagas de trabalho pq eu estava na área, foi ela que respondeu no mesmo instante: - Me mande seu curriculum agoooora! Mandei! Ela me arrumou o trabalho. Sabe o trabalho da vida? Sim, foi o trabalho da vida, onde eu descobri o que eu queria e o que eu não queria.
Falávamos pouco, mesmo trabalhando no mesmo lugar, correria de agência. Certo dia comentei que tinha muita vontade de morar sozinha mas não dispendia de muuito dinheiro, pois estava no início de carreira, perrengue total e ela sabia muito bem o que era isso! Perguntou quanto eu dispendia, eu disse R$ 200, e ela disse que era exatamente o que ela precisava para compor a grana do aluguel do apartamento que estava procurando. Tinhamos dois apartamentos para ver, mas foi amor à primeira vista e nem vimos a segunda opção.
Moramos na Purpurina x Girassol, que delícia!!! Brigadeiros de colher, último capítulo da novela regado a batida de maracujá e cerveja com as amigas dela que agora são minhas também, jantar na varanda, pufs coloridos pela sala, rock de manhã e mpb à noite, geladeira barulhenta, recado que o pai não poderia ver, mas como era o pai de Guedes, entedeu como coisas da juventude!! Acordava com pouco humor por que odeia acordar cedo, demorava mais de uma hora para encontrar a roupa do dia, a cor do dia, saia ou calça, bota ou tennis, e calcinha e soutien combinando com o tom da roupa, sempre, que orgulho. Meia hora de caminhada até o trem, conversas e desabafos, reclamava que eu andava muito rápido até medir minhas pernas com uma fita métrica e descobrir que tenho 1,01m só de pernas, só a Van mesmo.
Ê Van! Poderia escrever mais um milhão de coisas pois o que não faltam são histórias. Somos do mesmo signo e nascemos no mesmo dia, em anos diferentes. Sexta vc faz 29 e eu 28 em 28 de setembro. Van, dizem que a gente tem vários anjos da guarda, tenho certeza que vc é um deles! Muuuito obrigada por tudo!
sexta-feira, julho 18
é bom ter cautela
com o que se pede. Estava eu achando tudo um saco, desanimada pelos cantos, pedindo agito nesta vida besta. E aí fez sol. E aí a franja ajeitou-se para o lado. E aí coloquei quadros na parede da sala e comprei um baleiro de Kombi. E aí ganhei abraço dos amigos próximos. E aí confirmaram que vou trabalhar no México mês que vem. E hoje dormi bem. Ainda estou na neura por chocolates endórfinos e tensa de vontade por beijos longos. Mas voltei a ter 29 anos.
quarta-feira, julho 16
que houve?
é o que tenho ouvido diariamente, com certa constância, daqueles que convivem comigo (a saber: os colegas de trabalho). Nada, eu respondo. Não houve nada - e vai ver que por isso mesmo mostro essa testa rija, sobrancelhas sérias. Concentração? Venho me flagrando cada vez mais observadora e menos falante. Também me observam e, disto, dei conta desta face sisuda. Mês passado eu não aparentava 29 anos, mas esta semana beiro os 50.
LISTA DAS 10 URGÊNCIAS PARA RECUPERAR A LEVEZA PERDIDA
- Endorfina e serotonia
- Beijo na boca diariamente
- Crescimento extra-ligeiro da franja
- Abraços e carinhos
- Redecoração do lar
- 3 quilos a menos
- Massagem com o Alex
- Entrega dos dois roteiros na camaradagem
- Feedback profissional
- Dormir
Caracteres confessionais. É o fim.
LISTA DAS 10 URGÊNCIAS PARA RECUPERAR A LEVEZA PERDIDA
- Endorfina e serotonia
- Beijo na boca diariamente
- Crescimento extra-ligeiro da franja
- Abraços e carinhos
- Redecoração do lar
- 3 quilos a menos
- Massagem com o Alex
- Entrega dos dois roteiros na camaradagem
- Feedback profissional
- Dormir
Caracteres confessionais. É o fim.
quinta-feira, julho 10
terça-feira, julho 8
nos tempos da purpurina
Setembro 2005 | baita saudade das festinhas lá em casa, quando os esquentas eram no burburinho da esquina da Purpurina com a Girassol. Era quase todo final de semana: os amigos por lá, deixando seu patrimônio à sorte dos puxadores de carro que estraçalham vidros e portas em prol do ganha-pão marginal. Era a turma da Ponto, animadíssima, com meninas sonhando com príncipes encantados sentados na baia ao lado e rapazes interessados em just for fun. Uma fantasia à la Disney que não foi feliz para sempre (pois isso não existe), mas foi importante e divertida.
A maioria dos laços de três anos atrás afrouxou. Sou grata às transformações, logo não sou de apego aos amigos que vão. É insuportável manter relações que já foram. Prefiro abrir espaço aos novos, que ficam pelo tempo que devem ficar. A liberdade de ir e vir, o movimento natural da vida. Eu respeito.
Na foto: Flavius e Cris, meus melhores amigos na ocasião. Hoje, Flavius é meu gato e Cris, nunca mais vi, rumou para outros caminhos. Mas o que me intriga é descobrir de quem é aquele braço ali no canto.
segunda-feira, julho 7
factory girl*
Meu pote de jujubas doces e saborosas,
axuxique como a senhora é. Ontem então, vestidinho vermelho e cano alto, falando sobre merdas e psicologias, arrasou meu coração. No melhor dos sentidos, é claro.
Lês muito bem, flor das laranjeiras.
Mas sabe o que é melhor: andar de braços dados com a senhora pelas ruas da cidade, além de ser uma delícia, agrega valor. Senti-me muito prestigiado, se queres saber.
Cada dia que passa, entre histórias sobre somatização das mentiras em nossas narinas, confissões amorosas e fofoquinhas maldosas - que ninguém é tão santo - a senhora me encanta mais.
Fiquei num baita orgulho ontem, quando vi, um após o outro, todos os seus amigos vindo lhe prestigiar. E sabe o que mais me encheu de maravilhas? um certo olhar brilhante e contemplativo que notei num certo moço grisalho.
Não dou um ano para que as coisas comecem a ser absorvidas com mais propriedade. Você vai ver!
Voltei pra casa ontem muito feliz de saber que sua noite foi como um belo parágrafo bem escrito sobre a vida.
Que saudades que eu tenho do Arthur...
Quanto ao senhor Flávio... nada mal três palmos de costas hein benhê! além dos olhinhos puxados e charmosos! Fica tranquila, baby! Titia aqui te respeita muitíssimo.
Pois bem... tenho que voltar aqui pra meus processos, né? enquanto penso nas coisas que vão acontecer. E, believe me, elas vão acontecer! ahahaha
Eu só estou te escrevendo para, além de bater um papo à toa, verborragicamente despejar sobre a senhora esse carinho que esse meu coração tem por você.
Bjos estralados na anquinha arrebitada,
Fefet.
* carinho recebido em 03jul08, de Fellipe Fernandes, meu Fefet.
Têm sido em suas palavras que ganho felicidade virtual diária.
axuxique como a senhora é. Ontem então, vestidinho vermelho e cano alto, falando sobre merdas e psicologias, arrasou meu coração. No melhor dos sentidos, é claro.
Lês muito bem, flor das laranjeiras.
Mas sabe o que é melhor: andar de braços dados com a senhora pelas ruas da cidade, além de ser uma delícia, agrega valor. Senti-me muito prestigiado, se queres saber.
Cada dia que passa, entre histórias sobre somatização das mentiras em nossas narinas, confissões amorosas e fofoquinhas maldosas - que ninguém é tão santo - a senhora me encanta mais.
Fiquei num baita orgulho ontem, quando vi, um após o outro, todos os seus amigos vindo lhe prestigiar. E sabe o que mais me encheu de maravilhas? um certo olhar brilhante e contemplativo que notei num certo moço grisalho.
Não dou um ano para que as coisas comecem a ser absorvidas com mais propriedade. Você vai ver!
Voltei pra casa ontem muito feliz de saber que sua noite foi como um belo parágrafo bem escrito sobre a vida.
Que saudades que eu tenho do Arthur...
Quanto ao senhor Flávio... nada mal três palmos de costas hein benhê! além dos olhinhos puxados e charmosos! Fica tranquila, baby! Titia aqui te respeita muitíssimo.
Pois bem... tenho que voltar aqui pra meus processos, né? enquanto penso nas coisas que vão acontecer. E, believe me, elas vão acontecer! ahahaha
Eu só estou te escrevendo para, além de bater um papo à toa, verborragicamente despejar sobre a senhora esse carinho que esse meu coração tem por você.
Bjos estralados na anquinha arrebitada,
Fefet.
* carinho recebido em 03jul08, de Fellipe Fernandes, meu Fefet.
Têm sido em suas palavras que ganho felicidade virtual diária.
quinta-feira, julho 3
Marrom glacê
A mocinha andava muito da preocupada. Havia algo que não lhe cheirava bem. Seus passos estavam escorregadios, justo ela, sempre tão equilibrada por conta dos seis dedos que tinha em cada pé. As cores? Não entendia as cores. Gradativamente, o mundo tingia-se de marrom. Sentia-se enganada pelos seus sentidos.
Ao seu redor a vida ocorria como sempre ocorreu. Menos para ela. Para a mocinha, nada dava certo, nada dava, ela mesma não dava de uns tempos pra cá, desde quando pôs reparo em sua preocupação, que virou angustia, que virou paranóia, que virou obsessão por galochas.
Galochas! Sim: galochas protegeriam seus doze dedos das ruas pastosas que cercavam a cidade. Arranjou logo sete pares, um para cada dia da semana. Eram compridas, de grafismos vibrantes, dessas que estão na moda. Quem a encontrava logo dizia “que bonitas suas galochas coloridas”, mas para ela não adiantava, tudo era marrom.
Ao ver a mocinha de galochas andando tão cabisbaixa, o povo pensava que estava apaixonada. Não notavam que seu foco era o chão. Ela não descuidava dos passos por um momento e, de tanto medo de se distrair, decidiu vestir um cabresto. Assim, ela mesma puxava sua cabeça a qualquer tentativa de seu corpo ficar ereto. Para baixo e avante, ela trotava.
A mocinha de galochas e cabresto ainda andava muito da preocupada com os odores da vida. Cismou que precisava de máscaras perfumadas. Mas essas não estavam na moda, nem existiam. Então customizou: comprou caixas de máscaras descartáveis na loja de equipamentos médicos em frente à Santa Casa de Misericórdia e lascou perfume nelas. A princípio o aroma não agradava, mas acostumou-se, acostuma-se com tudo. Só faltava dar jeito nas cores, meu Deus, as cores!
De galochas, cabresto e máscara, a mocinha trotou até a Vinte e cinco de Março em busca de visão multicor. Pediu à vendedora da loja de fantasias que lhe mostrasse os óculos mais coloridos. A vendedora jogou diversos modelos em uma capa de Super-Homem e se abaixou para mostrar a mercadoria, pensando “se aparecer bicho mais corcunda que esse, estoura que é furúnculo”. A mocinha colocou todos os óculos que pôde e foi para o metrô.
Nesse ponto, o povo, que achava graça, agora torcia o nariz. E quando passava a mocinha, viravam a cara. E quando ela tentava mostrar por que o mundo era marrom, o povo escorregava em fuga. Quem seria corajoso o bastante para dar razão à mocinha? Ninguém sentia o que a ela sentia, por isso ninguém entendia.
A mocinha de galochas, cabresto, máscara cirúrgica perfumada e muitos óculos coloridos passou de preocupada a conformada. Preferiu viver na merda a dar explicação.
* apresentado no sarau da academia | 02jul08
Ao seu redor a vida ocorria como sempre ocorreu. Menos para ela. Para a mocinha, nada dava certo, nada dava, ela mesma não dava de uns tempos pra cá, desde quando pôs reparo em sua preocupação, que virou angustia, que virou paranóia, que virou obsessão por galochas.
Galochas! Sim: galochas protegeriam seus doze dedos das ruas pastosas que cercavam a cidade. Arranjou logo sete pares, um para cada dia da semana. Eram compridas, de grafismos vibrantes, dessas que estão na moda. Quem a encontrava logo dizia “que bonitas suas galochas coloridas”, mas para ela não adiantava, tudo era marrom.
Ao ver a mocinha de galochas andando tão cabisbaixa, o povo pensava que estava apaixonada. Não notavam que seu foco era o chão. Ela não descuidava dos passos por um momento e, de tanto medo de se distrair, decidiu vestir um cabresto. Assim, ela mesma puxava sua cabeça a qualquer tentativa de seu corpo ficar ereto. Para baixo e avante, ela trotava.
A mocinha de galochas e cabresto ainda andava muito da preocupada com os odores da vida. Cismou que precisava de máscaras perfumadas. Mas essas não estavam na moda, nem existiam. Então customizou: comprou caixas de máscaras descartáveis na loja de equipamentos médicos em frente à Santa Casa de Misericórdia e lascou perfume nelas. A princípio o aroma não agradava, mas acostumou-se, acostuma-se com tudo. Só faltava dar jeito nas cores, meu Deus, as cores!
De galochas, cabresto e máscara, a mocinha trotou até a Vinte e cinco de Março em busca de visão multicor. Pediu à vendedora da loja de fantasias que lhe mostrasse os óculos mais coloridos. A vendedora jogou diversos modelos em uma capa de Super-Homem e se abaixou para mostrar a mercadoria, pensando “se aparecer bicho mais corcunda que esse, estoura que é furúnculo”. A mocinha colocou todos os óculos que pôde e foi para o metrô.
Nesse ponto, o povo, que achava graça, agora torcia o nariz. E quando passava a mocinha, viravam a cara. E quando ela tentava mostrar por que o mundo era marrom, o povo escorregava em fuga. Quem seria corajoso o bastante para dar razão à mocinha? Ninguém sentia o que a ela sentia, por isso ninguém entendia.
A mocinha de galochas, cabresto, máscara cirúrgica perfumada e muitos óculos coloridos passou de preocupada a conformada. Preferiu viver na merda a dar explicação.
* apresentado no sarau da academia | 02jul08
quarta-feira, julho 2
segunda-feira, junho 30
buscas
Aos teimosos e àqueles que acreditam que é possível:
não posso disfarçar minha inveja branca de quem larga o conforto por um algo maior. Deixam cidades, famílias, amigos. Deixam um amor. Dão um pause nos atos daqui. Como a Kassi, que acaba de ir para Barcelona, e a Tati, que acaba de voltar de lá. Como a Maiume, no Canadá. Não é férias. Com desapego e mesmo com medo, foram viver o sonho.
Sou toda admirada por mulheres corajosas.
constatações
Ao sábado, com urgência. Desde 16 de junho eu estava trabalhando com cargas altíssimas de exigência, nicotina e paciência. Meu corpo já dava sinais de falência: garganta, costas. Até que sexta-feira chegou. Fui para casa. Assisti Lost. Comi qualquer coisa que não lembro. Fiquei bem quietinha. Até que surtei. Achei que precisava de mais carinho e atenção. Liguei para o namorado e exigi: me dê mais carinho e atenção, agora! Ele disse: mas isso não é assim, com esse desespero, como é que eu posso materializar carinho desse jeito? Eu deveria ter continuado quietinha.
________
Herdei uma máquina de lavar roupa da década de 1980 quando meus pais compraram uma Brastemp toda modernosa, que aperta botões ao invés de girar seletores. No Brooklin, minha máquina não cabia na área de serviço. Então dei a máquina. Isso faz mais de dois anos. Eu ainda não comprei outra. Lavo roupa na casa dos meus pais. Como não fui lá semana passada, sábado tinha todo o meu guarda-roupa de inverno para lavar. O fato de ter roupa-suja é um grande influenciador às visitas que faço a eles. Sou uma exploradora de pais amáveis. Tenho que comprar uma máquina urgente.
________
Em abril, fui convidada para adaptar um roteiro. Fiquei bem feliz mas, até agora, não escrevi uma linha. Abril, minha gente! Soma-se vagabundice, falta de tempo, culpa e aqui estou: comprometida, tão covarde que não desisto e vou arrastando-o comigo. Desculpas-padrão: o final de semana é de tarefas domésticas, visita aos pais, cuidados comigo, encontrar amigos, programas legais e namoro. E não cumpro toda a agenda, é fato. Fui convidada para fazer os diálogos de outro curta. Faz duas semanas. Ainda não escrevi uma linha. Eu quero. Eu duvido. Eu consigo?
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Daí quero ser escritora. Ah, que bonito: escritora. Mas com essa minha perseverança de jegue, fico aqui, escrevendo no blog, blablablas mil, pensando que importância tem isso.
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O mundo é movido a chocolate. Estou passiva e sem chocolate: 3 meses e 11 dias. Toda semana sonho com brigadeiro, mousse, bolo da Amor aos Pedaços, Alpino. Eu devia ter pedido ao santo mais perseverança.
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Herdei uma máquina de lavar roupa da década de 1980 quando meus pais compraram uma Brastemp toda modernosa, que aperta botões ao invés de girar seletores. No Brooklin, minha máquina não cabia na área de serviço. Então dei a máquina. Isso faz mais de dois anos. Eu ainda não comprei outra. Lavo roupa na casa dos meus pais. Como não fui lá semana passada, sábado tinha todo o meu guarda-roupa de inverno para lavar. O fato de ter roupa-suja é um grande influenciador às visitas que faço a eles. Sou uma exploradora de pais amáveis. Tenho que comprar uma máquina urgente.
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Em abril, fui convidada para adaptar um roteiro. Fiquei bem feliz mas, até agora, não escrevi uma linha. Abril, minha gente! Soma-se vagabundice, falta de tempo, culpa e aqui estou: comprometida, tão covarde que não desisto e vou arrastando-o comigo. Desculpas-padrão: o final de semana é de tarefas domésticas, visita aos pais, cuidados comigo, encontrar amigos, programas legais e namoro. E não cumpro toda a agenda, é fato. Fui convidada para fazer os diálogos de outro curta. Faz duas semanas. Ainda não escrevi uma linha. Eu quero. Eu duvido. Eu consigo?
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Daí quero ser escritora. Ah, que bonito: escritora. Mas com essa minha perseverança de jegue, fico aqui, escrevendo no blog, blablablas mil, pensando que importância tem isso.
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O mundo é movido a chocolate. Estou passiva e sem chocolate: 3 meses e 11 dias. Toda semana sonho com brigadeiro, mousse, bolo da Amor aos Pedaços, Alpino. Eu devia ter pedido ao santo mais perseverança.
quarta-feira, junho 25
Miss Pompom
Reuniãozinha na casa de amigo, dessas de sábado a noite. Nada de mais. Já passava das quatro e a animação persistia, a maldita. Eu, que nem fazia questão de estar ali, suportava ao gosto de ervas e álcool. Também persistia.
Era frio e era algazarra de vozes masculinas que se misturavam até condensar um burburinho grave, intragável. Estava um porre ficar fugindo da ventania e do besteirol “por que ele não me ligou hoje?” emanado por mulheres mui formosas e mui inseguras. Algum santo fechou a janela da varanda, bendita providência. Quis andar.
A tantas me dei conta que estava só em um grupo de rapazes, empolgados com suas fabulosas peripécias sexuais, coisa de realismo fantástico mesmo. Esfreguei os olhos secos de sono, incrédula com o borrão de rímel que senti avançar pelas pálpebras, enquanto eu pensava “quanta bobagem, meu Deus, até parece!”.
Foi então que conheci a tailandesa, aquela que arremessa ao longe velas, bolas, laranjas e bananas. Conrado contava que já teve a sorte de encontrar uma “mina que tinha a manha”, a trepada do século. Fingi interesse.
Ela segurava o pau dele com se estivesse massageando-o com as mãos, apertando aos pouquinhos e prendendo tudo no final, como se os anéis musculares da bucetinha funcionassem como dedos, começando a apertar com o dedo mindinho, na base do pau, e depois subindo, agarrando firme, como se fosse o anular, o dedo médio, o indicador e, finalmente, o polegar prendendo o pau bem firme pela cabeça, depois soltando lentamente pelo caminho inverso: dedão, indicador, dedo médio, anular e mindinho. E começava todo o movimento de novo, num ciclo de apertar, prender, soltar, apertar, prender, soltar, apertar, prender, soltar.
Enquanto um sorria extasiado ao relembrar, os outros sorriam extasiados em imaginar. E eu, muito séria, não sorria, mas ouvia com atenção, como se tudo fosse novidade.
Marcos sorriu para mim.
Era frio e era algazarra de vozes masculinas que se misturavam até condensar um burburinho grave, intragável. Estava um porre ficar fugindo da ventania e do besteirol “por que ele não me ligou hoje?” emanado por mulheres mui formosas e mui inseguras. Algum santo fechou a janela da varanda, bendita providência. Quis andar.
A tantas me dei conta que estava só em um grupo de rapazes, empolgados com suas fabulosas peripécias sexuais, coisa de realismo fantástico mesmo. Esfreguei os olhos secos de sono, incrédula com o borrão de rímel que senti avançar pelas pálpebras, enquanto eu pensava “quanta bobagem, meu Deus, até parece!”.
Foi então que conheci a tailandesa, aquela que arremessa ao longe velas, bolas, laranjas e bananas. Conrado contava que já teve a sorte de encontrar uma “mina que tinha a manha”, a trepada do século. Fingi interesse.
Ela segurava o pau dele com se estivesse massageando-o com as mãos, apertando aos pouquinhos e prendendo tudo no final, como se os anéis musculares da bucetinha funcionassem como dedos, começando a apertar com o dedo mindinho, na base do pau, e depois subindo, agarrando firme, como se fosse o anular, o dedo médio, o indicador e, finalmente, o polegar prendendo o pau bem firme pela cabeça, depois soltando lentamente pelo caminho inverso: dedão, indicador, dedo médio, anular e mindinho. E começava todo o movimento de novo, num ciclo de apertar, prender, soltar, apertar, prender, soltar, apertar, prender, soltar.
Enquanto um sorria extasiado ao relembrar, os outros sorriam extasiados em imaginar. E eu, muito séria, não sorria, mas ouvia com atenção, como se tudo fosse novidade.
Marcos sorriu para mim.
Carrossel*
* Vanessa Guedes por Débora Costa e Silva, jornalista, "VP da Diretoria AIC" e futura escritora
Foi assim, meio de repente, da noite pro dia, que tudo se transformou. E foi assim, meio de repente também, que ela percebeu que havia algo de muito estranho naquele dia. Demorou pra se tocar, talvez o mau humor tenha dificultado um pouco a audição, a visão, o olfato e o tato. Toda segunda-feira era assim: irritante, neurótica, cara de TPM. Por isso não tinha dado muita importância quando, ao calçar seu scarpin vermelho, as batidas do coração ecoaram pela sala. Achou que fosse a vizinha freqüentadora de raves que tinha aumentado o volume do som. Também não ligou muito quando notou manchas igualmente vermelhas nos azulejos creme do hall de seu prédio, justo nos quadradinhos onde o salto batucava “clec-clec”. Pensou que fossem manchas de vinho derramadas ali ao longo da festa infernal que os adolescentes fizeram na noite anterior.
Foi só quando, ao ajustar o retrovisor de seu carro, se olhou no espelho e se viu vermelha por completo. Não, não era o frio, raiva, vergonha, nem o blush excessivo. Não era cor de maçã, caqui, morango ou melancia: era vermelho sangue – será que estava vivendo o comercial da bebida que faz tudo ficar vermelho, o lance da Red Passion? Mal começou a espernear de pavor, o som do carro ligou sozinho e berrou de volta: “e subo bem alto pra gritar que é amor”. O grave de Ana Carolina fez tremer o Corsa. Remexeu tanto que foi obrigada a agarrar o volante e pisar fundo no freio, para ver se aquilo tudo parava. Não parou.
Para onde ir? Hospital, polícia, trabalho, casa do namorado, amiga, mãe, hospício? Psicóloga, devia estar sonhando, talvez vivendo uma viagem astral das braba. Foi seguindo pela avenida, pois ali dentro da garagem é que não ia ficar – ainda não perdeu o medo infantil de ficar sozinha no escuro, principalmente em casos extremos como este. Depois de meia hora parada no trânsito, já estava se acostumando com a vermelhidão e o som que gritava de repente – não era o tempo todo, eram só certas frases de algumas canções. “Você precisa é de um homem pra chamar de seu, mesmo que esse homem seja eu”. Cansou do abre-fecha do semáforo, de mandar o rádio calar a boca e saiu do carro para fumar e ver o que estava acontecendo.
Foi então que viu o cinza-grafiti do asfalto se colorir de roxo (vai ver que vermelho com cinza dá roxo, não lembra muito bem das misturas de tintas que fazia nas aulas de artes do primário), o motor da Kombi parar de roncar e emitir um “pour-elise” de caminhão de gás, o motoqueiro assobiar “Detalhes”, do Roberto, ao invés de “Créu”, a fumaça insuportável do ônibus ao lado exalar o perfume daquele ex-filho-da-puta que não queria nem lembrar o nome e as modelos dos cartazes grudados nas paredes dos edifícios a tirarem as poucas roupas que vestiam.
- Onde está minha terapeuta?!? Esse sonho tá indo longe demais, já acordei, já era para ter terminado essa palhaçada!
A baderna corria solta. Cada hora surgia alguém diferente, com uma cor de pele mais bizarra que a do outro – alguns tinham até estampas – cantando um rock, frevo, funk, sertanejo, enquanto as pombas que moram em São Paulo se reuniam para uma convenção. Rodopiavam em volta dos prédios, apresentando uma coreografia cuja modalidade era difícil de especificar. Como se não bastasse o mundo esbanjar alegria, continuava como um pimentão e seu carro balançando sozinho.
Chutou o carro de raiva. Ao invés de parar de tremer, como esperava, balançou ainda mais. O chão revidou e tremeu – e tremia sem parar. O motoqueiro jovem-guarda foi lhe acalmar: levou um tapa na cara. Ela começou a chorar. E a mandar todos calarem a boca, à merda, à puta que os pariu. A vertigem daquele mundo mágico, que girava feito um carrossel (até as cores gritantes e bregas eram tais como as do brinquedo), a deixou com vontade de vomitar. Não conseguia. Então cuspiu, cuspiu toda saliva existente em seu corpo, cuspiu na cara do motoboy, do caminhoneiro sem-vergonha, nas pombas, no sapato vermelho, na palma da mão. Era de um alívio tão grande que não parou mais de cuspir.
Foi uma buzina que lhe fez perceber que o semáforo abriu, os carros já tinham ido embora, as pombas voado para longe, o rádio desligado, o asfalto acinzentado...porém, tudo encharcado. O céu se abria como se estivesse a recuperar o brilho depois de uma longa enxurrada. Ela também estava molhada e tudo tinha o gosto de seu hálito. Voltou ao carro, silencioso e imóvel, quem diria, e engatou a primeira. Não foi para a psicóloga, nem ao hospital, polícia, trabalho, casa do namorado, amiga, mãe, hospício. Voltou para casa para tomar um banho e limpar a camada gosmenta de cuspe que lhe vestia, a fim de impelir ralo a baixo toda angústia, raiva, decepção, tristeza que já engoliu na vida e despertou de uma só vez naquela segunda-feira.
Foi assim, meio de repente, da noite pro dia, que tudo se transformou. E foi assim, meio de repente também, que ela percebeu que havia algo de muito estranho naquele dia. Demorou pra se tocar, talvez o mau humor tenha dificultado um pouco a audição, a visão, o olfato e o tato. Toda segunda-feira era assim: irritante, neurótica, cara de TPM. Por isso não tinha dado muita importância quando, ao calçar seu scarpin vermelho, as batidas do coração ecoaram pela sala. Achou que fosse a vizinha freqüentadora de raves que tinha aumentado o volume do som. Também não ligou muito quando notou manchas igualmente vermelhas nos azulejos creme do hall de seu prédio, justo nos quadradinhos onde o salto batucava “clec-clec”. Pensou que fossem manchas de vinho derramadas ali ao longo da festa infernal que os adolescentes fizeram na noite anterior.
Foi só quando, ao ajustar o retrovisor de seu carro, se olhou no espelho e se viu vermelha por completo. Não, não era o frio, raiva, vergonha, nem o blush excessivo. Não era cor de maçã, caqui, morango ou melancia: era vermelho sangue – será que estava vivendo o comercial da bebida que faz tudo ficar vermelho, o lance da Red Passion? Mal começou a espernear de pavor, o som do carro ligou sozinho e berrou de volta: “e subo bem alto pra gritar que é amor”. O grave de Ana Carolina fez tremer o Corsa. Remexeu tanto que foi obrigada a agarrar o volante e pisar fundo no freio, para ver se aquilo tudo parava. Não parou.
Para onde ir? Hospital, polícia, trabalho, casa do namorado, amiga, mãe, hospício? Psicóloga, devia estar sonhando, talvez vivendo uma viagem astral das braba. Foi seguindo pela avenida, pois ali dentro da garagem é que não ia ficar – ainda não perdeu o medo infantil de ficar sozinha no escuro, principalmente em casos extremos como este. Depois de meia hora parada no trânsito, já estava se acostumando com a vermelhidão e o som que gritava de repente – não era o tempo todo, eram só certas frases de algumas canções. “Você precisa é de um homem pra chamar de seu, mesmo que esse homem seja eu”. Cansou do abre-fecha do semáforo, de mandar o rádio calar a boca e saiu do carro para fumar e ver o que estava acontecendo.
Foi então que viu o cinza-grafiti do asfalto se colorir de roxo (vai ver que vermelho com cinza dá roxo, não lembra muito bem das misturas de tintas que fazia nas aulas de artes do primário), o motor da Kombi parar de roncar e emitir um “pour-elise” de caminhão de gás, o motoqueiro assobiar “Detalhes”, do Roberto, ao invés de “Créu”, a fumaça insuportável do ônibus ao lado exalar o perfume daquele ex-filho-da-puta que não queria nem lembrar o nome e as modelos dos cartazes grudados nas paredes dos edifícios a tirarem as poucas roupas que vestiam.
- Onde está minha terapeuta?!? Esse sonho tá indo longe demais, já acordei, já era para ter terminado essa palhaçada!
A baderna corria solta. Cada hora surgia alguém diferente, com uma cor de pele mais bizarra que a do outro – alguns tinham até estampas – cantando um rock, frevo, funk, sertanejo, enquanto as pombas que moram em São Paulo se reuniam para uma convenção. Rodopiavam em volta dos prédios, apresentando uma coreografia cuja modalidade era difícil de especificar. Como se não bastasse o mundo esbanjar alegria, continuava como um pimentão e seu carro balançando sozinho.
Chutou o carro de raiva. Ao invés de parar de tremer, como esperava, balançou ainda mais. O chão revidou e tremeu – e tremia sem parar. O motoqueiro jovem-guarda foi lhe acalmar: levou um tapa na cara. Ela começou a chorar. E a mandar todos calarem a boca, à merda, à puta que os pariu. A vertigem daquele mundo mágico, que girava feito um carrossel (até as cores gritantes e bregas eram tais como as do brinquedo), a deixou com vontade de vomitar. Não conseguia. Então cuspiu, cuspiu toda saliva existente em seu corpo, cuspiu na cara do motoboy, do caminhoneiro sem-vergonha, nas pombas, no sapato vermelho, na palma da mão. Era de um alívio tão grande que não parou mais de cuspir.
Foi uma buzina que lhe fez perceber que o semáforo abriu, os carros já tinham ido embora, as pombas voado para longe, o rádio desligado, o asfalto acinzentado...porém, tudo encharcado. O céu se abria como se estivesse a recuperar o brilho depois de uma longa enxurrada. Ela também estava molhada e tudo tinha o gosto de seu hálito. Voltou ao carro, silencioso e imóvel, quem diria, e engatou a primeira. Não foi para a psicóloga, nem ao hospital, polícia, trabalho, casa do namorado, amiga, mãe, hospício. Voltou para casa para tomar um banho e limpar a camada gosmenta de cuspe que lhe vestia, a fim de impelir ralo a baixo toda angústia, raiva, decepção, tristeza que já engoliu na vida e despertou de uma só vez naquela segunda-feira.
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